Sentei-me na cama e fiquei ali concentrando em não sentir as dores em meu corpo. Meu olho ainda inchado pelos golpes que havia levado durante a luta latejava, o corte em minha boca ardia constantemente e toda a região do meu abdômen estava dolorido.
Eu tive uma overdose de cocaína durante a luta, o que me fez perder antes mesmo do desejado e se não fosse um médico que estava na plateia, eu teria ido parar no hospital. Ele sabia administrar o medicamento correto para conter a overdose, mas eu ainda estava estritamente proibida de sair da cama e de usar qualquer droga, o que estava começando a me estressar.
Foi Tony quem decidiu não me levar para o hospital e apesar de ter sido uma decisão arriscada, eu o entendia. Estávamos fazendo algo ilegal e poderíamos todos ir presos por uma negligência minha.
— Martina? — Chamei a empregada enquanto voltava a me deitar.
Minha cabeça doía constantemente, mesmo assim eu estava inquieta e com vontade de sair da cama. Esperei que Martina aparecesse e quando apareceu, já veio logo me trazendo uma caneca gigantesca com café.
— Você me conhece mesmo, né?
— Bom dia. — Ela me ofereceu um sorriso. — O que vai querer para o café da manhã, hoje?
— Estou sem fome por enquanto, eu te aviso quando estiver.
— Tudo bem. Já tomou seus remédios? Sua água acabou, vou buscar uma fresquinha pra você.
— Obrigada. O Tony passou aqui hoje?
— Passou sim senhora, deixou algumas coisas lá embaixo e logo foi embora, disse que mais tarde ele aparece.
— A sim, obrigada.
Martina estava trabalhando comigo fazia pouco mais de um ano, ela não costumava ir todos os dias porque por eu morar sozinha, a casa não sujava tanto, mas devido ao meu problema atual, pedi a ela que fizesse algumas horas extras.
Ela era legal apesar de eu sentir que ela sempre estivesse com o pé atrás, com medo de fazer algo errado, mesmo eu nunca tendo chamado atenção dela por motivo algum. Eu era uma pessoa mais séria que costumava ser há anos atrás, mas não era uma pessoa ruim. Tratava as pessoas que trabalhavam para mim e comigo com respeito, porque os últimos anos me permitiram viver uma vida completamente diferente. A maioria do dinheiro que recebi, foi sim pelas lutas e pelas apostas, mas não vivi apenas com isso. Eu já não podia mais contar quantas privadas eu tinha lavado para conseguir ajudar nas contas da casa da família de Tony, que havia me acolhido de braços abertos.
— Eu estou bem melhor, você deveria ir embora mais cedo hoje.
— Mas a senhora precisa de ajuda. Preciso preparar a janta.
— Ei, tudo bem, eu posso ligar pra algum restaurante e pedir algo pra comer, tá bom? Você já me ajudou muitos esses dois dias.
— A senhora tem certeza?
— Sim, e tenho certeza também que estou começando a achar estranho você me chamar de senhora, eu não sou tão velha assim.
Martina deu uma risadinha envergonhada. Ela já era uma mulher mais velha, não chegava a ser idosa, mas o tempo não havia sido generoso com ela. Eu sabia que ela era mãe de quatro filhos, entre oito e quinze anos idade, era casada e vivia em uma comunidade longe dali.
— Sabe o que eu queria mesmo?
— O quê?
— Aquele bolo que você costumava fazer, faz um tempo que não traz pra mim.
— Claro! Eu vou trazer pra você amanhã mesmo. Quer com recheio de morando ou pêssego?
— Morango!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Destinos Cruzados | VONDY
FanfictionUnidos ainda crianças pelo casamento dos pais, Dulce Maria e Christopher se veem obrigado a conviver, compartilhando uma vida em família, mas a chegada da nova irmã deixa as coisas ainda mais difíceis. Dulce é afastada da mãe por seu pai egoísta, Ch...