CAPÍTULO VINTE E SETE - CHRISTOPHER

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Encontrei Alexia na cozinha quando desci, ela estava pronta para o colégio e cantarolava alguma canção enquanto preparava seu próprio café da manhã. Parei na porta, cruzei meus braços e fiquei ali, observando-a agir como se ela não tivesse cometido um erro enorme, até que por fim ela me viu.

— Que susto!

— Por que você fez aquilo?

— Ah, não foi nada. Ela vai ficar guardando aquilo pra sempre é? Ela já matou meu sobrinho.

Soltei um suspiro, eu estava há um fio de perder a paciência com ela. — Alexia, quando você chegou nessa casa, foram ditadas regras pra você e você conseguiu ultrapassar todas elas.

— Nem todas, eu ainda não fui lá no porão. O que ela esconde lá.

— Você não vai.

— Você não sabe brincar.

— Hoje mesmo você vai embora daqui.

— Aleluia!!!

— Vai ficar na casa da Annie.

— Da Annie? — Ela fez uma careta. Assim como Dulce, Annie nunca foi com a cara de Alexia, mas quando contei a ela, na noite anterior o que Alexia tinha feito, ela ofereceu a casa, não por Alexia, mas para poupar Dulce de cometer um delito grave.

— Até a gente achar algum lugar melhor, e agradeça de eu ainda ter pena e não te jogar na rua, porque sinceramente, é o que você está merecendo.

— Dos males, o menor. — Ela sacudiu os ombros.

— Eu mesmo vou garantir que suas coisas cheguem lá e eu não quero ter que ouvir uma reclamação se quer vindo deles, tá me ouvindo? Ou eu jogo você num internato.

— Quem vê até pensa que a gente tem dinheiro.

— Acredite, a Dulce ficaria muito feliz em gastar o dinheiro dela se livrando de você e com certeza, eu estaria do lado dela.

— Então é isso? Ela some da nossa vida por anos pra você vir defendê-la? Depois do que ela fez com o seu filho?

— Isso não é assunto seu, tá me ouvindo? Se apresse que vai chegar tarde, espero que saiba qual ônibus tomar para a casa da Annie depois do colégio. Seus dias de mordomia acabaram.

— Oi? Eu não vou ficar pegando ônibus.

— Você escolhe, ainda estou sendo gentil. Vai querer ir assim ou ir a pé? Porque se for a pé, vai perder o primeiro horário.

— Eu odeio você, sabia?

Ela deixou o que tinha preparado na bancada e saiu irritada sem sequer comer. Eu não me sentia bem em fazer isso com minha própria irmã, mas ela tinha ultrapassado limites que ficaram claríssimos que ela não deveria ultrapassar e eu sabia que Annie não iria dar moleza a ela, porque apesar de dócil, ela sabia bem educar alguém e eu dei consentimento a ela para fazer o que fosse necessário.

Depois que garanti que ela saísse de casa fui me arrumar para ir ao hospital e quando cheguei lá, Tony e Annie estavam conversando na recepção.

— Bom dia, tá tudo bem?

— Sim. Consegui convencê-la de tomar os remédios.

— Conseguiu? — Annie assentiu e eu dei um abraço nela. — Meu Deus, você não sabe como fez o meu dia.

— Já descobriu como vai contar a ela?

— Contar o quê? — Perguntou Tony.

— O que a filha da puta da Alexia fez. — A repulsa na voz de Anahí era explícita. Alexia teria uma boa estadia na casa dela, ironicamente falando.

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