Inesperado - POV Dulce

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A cada movimento do ponteiro do relógio ficava mais difícil me manter acordada. Enquanto a professora de história palestrava sobre a importância da história do nosso povo, tudo que eu conseguia pensar era em sair do colégio e ir o mais rápido para a farmácia mais próxima.

Já fazia dias que eu não conseguia comer direito, principalmente no período da manhã e depois de uma aula de biologia no primeiro tempo sobre reprodução humana, eu entrei em êxtase. A probabilidade de estar gerando um bebê, era grande, uma vez que, desde que transei com Christopher, não tive mais o meu período menstrual. Eu estava apavorada com essa possibilidade e precisava confirmar isso.

Quando o sinal para o final da aula tocou, juntei minhas coisas na minha mochila com pressa e antes mesmo que Annie conseguisse pensar em falar comigo eu já tinha desaparecido corredor a fora. De cara, do lado de fora, o motorista aguardava por Christopher e eu, mas como sempre, não foi difícil fugir sem que ele me visse.

Em passos largos segui pela calçada enquanto o sol aquecia minha pele. O verão tinha chegado ao fim e a chegada do outono era algo estranho. De dia fazia calor, mas de noite ou mesmo na sombra, era frio demais.

Olhei em volta antes de entrar na farmácia para garantir não ter nenhuma surpresa e então fui para dentro do estabelecimento, torcendo para que ninguém me questionasse.

— Boa tarde, senhorita, em que posso ajudá-la?

Olhei o farmacêutico que me encarou aguardando eu fazer meu pedido. — Boa... boa tarde eu... minha t... minha mãe! Minha mãe pediu para eu comprar um teste de gravidez.

— Sua mãe?

— Sim. Ela quer fazer uma surpresa pro meu pai, sabe?

— Tá bom...

O tom de sua voz era de quem não tinha comprado minha desculpa, mas ao mesmo tempo, não estava a fim de se meter. Enquanto ele procurava pelo meu pedido eu não conseguia deixar de me preocupar que qualquer pessoa que eu conhecesse pudesse entrar ali.

Naquele dia, eu não fui pra casa, não estava com cabeça para encarar Christopher e contar a ele a possibilidade de estar esperando um filho dele. Filho esse, que caso existisse, não estava pensando em ter.

Peguei o primeiro ônibus que passou e me vi, quase uma hora depois, na casa de Tony, esperando na sala que ele chegasse. Ele estava sendo um bom amigo e eu me sentia acolhida em sua casa, principalmente por sua mãe, Verônica. Além do mais, ele sabia de Christopher e eu, embora nunca o tivesse visto.

— O seu pai não sabe que está aqui né? — Perguntou a mulher, trazendo-me uma xícara de chá.

Sua família não era rica, mas também não passavam fome. Segundo Tony, seu pai conseguia tirar um bom dinheiro com o que trabalhava, o problema, era que ele nunca me contou exatamente o que o pai dele fazia.

— Não, ele não sabe e não acho que ele se preocupe.

Peguei a caneca e até tentei dar um cole, mas o cheiro estava horrível. Tão ruim que não consegui evitar fazer cara de nojo.

— Não está tão ruim, assim.

— Desculpa, eu não estou me adaptando muito bem com o cheiro de nada essas últimas semanas, tudo me deixa enjoada.

— Enjoada? Já foi ao médico?

— Não, eu vou ficar bem. — Coloquei a caneca na mesa de centro e comecei a mexer nas unhas. — Dona Verônica, posso fazer uma pergunta hipotética pra senhora?

— Claro, meu bem. — Confirmou ela, sentando-se ao meu lado.

— Se sua filha engravidasse e não quisesse ter um filho, o que a senhora fazia?

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