O pombo branco - POV Dulce

392 53 41
                                    

Os anos estavam passando lentamente e eu não via o momento de me formar no colegial. Completar a maioridade para mim significaria muita coisa, eu não precisaria mais voltar na casa do meu pai para ser maltratada por Alexandra que fazia questão de me humilhar, poderia ficar apenas com minha mãe, e o melhor, não precisaria passar os finais de semana vendo Christopher com Belinda.

A chegada dela na cidade mudou tudo. Ele se afastou de mim e em pouco mais de um ano assumiu o namoro. Os pais dela permitiram que eles namorassem desde que não ficassem sozinhos juntos, coisa que não acontecia quando ele estava na casa do meu pai.

Belinda era bonita, chamava a atenção de todos, mas conseguiu tragar Christopher de uma forma que eu não conseguia entender. Eles estavam sempre juntos e acreditem ou não, Alexandra a amava, talvez porque ela se dava bem com Alexia e porque provavelmente ela viu que a presença de Belinda me incomodava.

Eu estava ficando mais velha, meu corpo estava tomando forma, meus seios estavam crescendo muito mais que os das minhas amigas, minha menstruação já tinha descido e apesar de ter vários pretendentes, eu não queria ficar com ninguém. Todas as minhas amigas já tinham dado seu primeiro beijo e às vezes falavam sobre sexo, mas eu tinha apenas quatorze anos, aquilo para mim, não era aceitável na nossa idade.

Aquela sexta fira a noite eu não queria ir para a casa do meu pai, não estava com humor e além do mais, estava com cólica. Aguentar Belinda, Alexia e Alexandra não estava nos meus planos. Preferiria ficar ali com minha mãe me paparicando.

— Dulce, filha, o motorista do seu pai está te esperando.

— Não vou. — Respondi encolhendo-me em minha cama.

— Com cólica de novo?

— Sim. Mãe, diz pro papai que não quero ri, ou sei lá, inventa uma desculpa.

— Você sabe que não posso fazer isso. Você já está grande demais para poder dizer isso a ele, Dul.

— Ele não me escuta. — Sentei-me na cama com os olhos úmidos. — Eu não quero ter que ficar indo lá.

— Porquê?

— Porque aquela bruxa da Alexandra me odeia, eu já te disse isso.

— Filha...

— E tem aquela pestinha, ela só me faz ficar de castigo. O papai só acredita nela, nunca acredita em mim.

— Eu vou ver o que posso fazer.

A vi sair do quarto e quanto voltou, tinha os olhos úmidos. Ela tinha demorado um bom tempo no andar debaixo e soube que ela havia discutido com meu pai, seus olhos denunciavam isso. Não sei se ela algum dia poderia superar, ela amava demais meu pai para aceitar que ele estava vivendo bem sem ela.

— O que foi? O que ele disse?

— Nada. Só dorme um pouco, logo sua dor passa.

— Isso significa que não preciso ir?

— Hurrum.

Ela veio até mim e me deu um beijo na minha cabeça. Depois de tantos anos, eu começava a ver uma melhora na minha mãe, mas o assunto com meu pai, eu sabia que não teria fim. O médico estava finalmente começando a suspender seus remédios e eu estava me sentindo bem com isso.

— Eu amo você, filha. Não importa o que aconteça, eu sempre vou amar você.

Eu dormi cedo naquele dia e quando acordei na manhã seguinte, foi com uma gritaria no andar debaixo. Custei entender o que estava acontecendo até meu pai invadir meu quarto e junto dele, um policial.

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora