CAPÍTULO SESSENTA E UM

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Confusa, observava todas aquelas pessoas à minha frente, enchendo-me de perguntas que eu não conseguia ouvir direito porque suas vozes estavam baixas demais e o poco que eu escutava, era apenas de um ouvido.

A claridade me incomodava, era como se eu estivesse há muito tempo no escuro e aquilo fazia minha cabeça doer. Voltei a fechar meus olhos tentando ignorar o ambiente à minha volta, aquelas pessoas não paravam de falar.

— Você consegue nos ouvir? — Perguntou um homem mais próximo de mim, o tom de sua voz parecia ter aumentado.

Voltei a abrir meu olho e o observei melhor. Ele estava vestido todo de branco, também tinha em mãos um objeto engraçado.

— Eu sou o doutor Gonzales, você consegue me ouvir? — Eu assenti, embora tivesse dificuldades de entendê-lo. — Consegue falar?

— On... — Minha garganta doeu, coçou e eu tossi algumas vezes afastando aquela sensação ruim. — onde eu estou?

Ele deu um sorriso, pareceu aliviado por me ouvir falar. — O seu noivo já está a caminho, tá bom? Logo ele estará aqui.

Noivo? Eu tinha um noivo? Por um instante eu parei para pensar em quem poderia ser, mas quando eu tentava voltar atrás nas minhas memórias, tudo que eu via eram páginas em branco de um livro que não parecia ter fim.

Ele continuou falando, eu comecei a entrar em pânico, não conseguia prestar atenção em suas palavras, aquilo tudo estava me assustando. Perceberam que eu estava alterada, aquilo fez com que todos saíssem e me deixassem sozinha apenas com o médico que estava me examinando fisicamente. Ele parou quando um homem bateu na porta, ele era bonito, tinha o cabelo curto e de cor castanho médio, também tinha uma barba curta que o deixava bem sexy.

— Amor?

Sua voz saiu falha, ele se aproximou e pude ver seus olhos úmidos, porém pareciam felizes. — Você é o meu noivo?

— Sim, eu te pedi em casamento, lembra? — Ele me ofereceu um sorriso, mas eu neguei e virei o rosto quando ele tentou me beijar.

— Moço, desculpa, mas eu não sei quem você é.

Ele deu um passo para trás, vi o pavor tomar conta de seus olhos e então ele se virou para o médico. — Doutor?

— Você sabe o seu nome? — Perguntou o médico tentando manter a calma.

Eu neguei, eu não conseguia me lembrar e me forçar a isso, doía ainda mais a minha cabeça. Eu não sabia quem eu era, quem aquele homem era e muito menos como tinha ido parar ali.

— Você se lembra de alguma coisa? Do que fez você vir parar aqui no hospital?

— Não, mas eu não estou escutando desse ouvido. — Apontei, tinha uma textura estranha ali, como se fosse alguma cicatriz. — O que aconteceu? Por que... por que eu não me lembro de nada?

Eu tentei me sentar, aquilo estava me apavorando, me deixando aflita. Será que era algo temporário? Eu me lembraria de tudo o que tinha acontecido? Eu arregalei meus olhos quando finalmente vi o tamanho da minha barriga, que diabos estava acontecendo?

— O... como... — Apontei a barriga sentindo um pouco de medo.

— Você está grávida, sua barriga cresceu muito nas últimas semanas.

— Gra... grávida? Semanas? Há quando tempo eu estou aqui?

— Amor, calma, tá bom?

— Não me chama assim, eu já disse que não te conheço! — Alterei a voz, como podiam me pedir calma? Eu acordei numa cama de hospital, sem lembrar quem eu era e eu estava grávida?

Destinos Cruzados | VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora