⋆ཻུ✧ SEVENTY ONE་༘࿐

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A partida mal tinha passado do primeiro set e eu me encontrava no banheiro, encolhida em cima de um vaso enquanto tentava fazer meus soluços não soassem tão altos naquele instante que parecia difícil ao extremo

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A partida mal tinha passado do primeiro set e eu me encontrava no banheiro, encolhida em cima de um vaso enquanto tentava fazer meus soluços não soassem tão altos naquele instante que parecia difícil ao extremo.

Tinha certeza que me odiava como nunca havia feito em algum outro momento. Péssima, eu era uma péssima provável namorada e com certeza uma pior amiga em níveis que não devem nem ao menos serem descritos. Eu nem menos conseguia ficar na arquibancada para tentar torcer para nenhum dos lados sem pensar no que aquilo resultaria...

A verdade era que eu estava chorando por puro nervosismo, porque sabia o quanto Oikawa e Iwaizumi ficariam destruídos da mesma forma que todos da Karasuno ficariam destruídos por simplesmente não alcançarem seu sonhos de participarem do Nacional pelo menos uma vez.

Encolhi ainda mais ombros, guiando as mãos para meu rosto e acertando minhas bochechas com tapas.

Eu precisava parar com aquilo! Asuna sempre ficava nas partidas até o fim, mesmo que aquilo doesse como o inferno. Um suspiro trêmulo escapou por meus lábios enquanto girava a porcaria do trinco, abrindo a porta da cabine e quando ergui a cabeça, fungando um pouco e com certeza que ainda haviam escorrendo por minhas bochechas, o que encontrei foram olhos azeitona me encarando.

E eu e o garoto ficamos em silêncio por um momento. Ele era alto demais e... Parecia muito aquele moreno sarcástico dos livros, só que com cabelo castanho-oliva e um pouco mais intimidante. Encolhi os ombros, sabendo que com aquela cara se aquele garoto abrir a boca seria muito para me dar um fora que faria com que eu me sentisse muito pior do que já estava.

─ Você não deveria estar aqui.─ Constatou o óbvio, ainda me fitando com seriedade.─ É o banheiro masculino.

Balancei lentamente a cabeça, escondendo minha vontade de voltar a fechar a porta da cabine só por essa vergonha que queima no meu peito e me faz querer mergulhar dentro da privada.

─ E você está chorando.─ Falou o garoto, só se dando conta disso naquele momento e isso não parecia afetá-lo, mesmo que tenha inclinado levemente sua cabeça para o lado como se estivesse só curioso.

─ É, acho que sim.─ Falei com uma voz chorosa demais que me fez fechar os olhos, voltando a encostar minhas costas na privada, balançando minhas pernas com força. Fraca, era isso que eu era. Uma incapaz. No final, todos estavam certos e....

─ Tome.─ Pisquei os olhos, um pouco surpresa com aquele que me estendia um lenço.─ Não acho que vá ser bom sair daqui com o rosto desse jeito.

Sinceridade sem limites me atingiram com força. Era como se eu estivesse na frente de uma versão alternativa do Kita e acho que por causa dessa associação que não hesitei em assoar meu nariz no pequeno pedaço de pano que notei ser perfumado. Pisquei os olhos, erguendo a cabeça para fitar o garoto que agora se focava em molhar as mãos e as guiar para os cabelos, com certeza uma tentativa de dar uma pausa no calor, mesmo que esse seja um dos mês mais frios, talvez ele estivesse assim por ser final de uma partida.

─ Quer falar algo?─ Ele perguntou. Meus olhos se arregalaram ao notar que o garoto me encarava através do espelho. Abri a boca mas tornei a fechá-la, encolhendo os ombros.

─ Desculpe.─ Murmurei, erguendo seu lencinho.─ Acho que estraguei.

Ele não pareceu se importar muito com isso quando deu de ombros.

─ Eu o dei, sabendo que isso aconteceria.─ Falou, simples.

Pisquei os olhos, torcendo o nariz. É, realmente era igual ao Kita e.... Sua jaqueta era roxa e branca iguais às do...

─ Shiratorizawa.

─ O que disse?─ Ele soltou, franzindo levemente quando se virou para mim.

─ Você conhece o...─ Minha pergunta sumiu ao som da porta do banheiro sendo escancarada e aquele garoto ruivo que eu conhecia bem adentrou ali, sorrindo e erguendo os braços de forma animada.

─ Wakatoshi-kun, a partida acabou! Oikawa foi esmagado por uns corvinhos atrevidos!─ Ele exclamou para o amigo.

A alegria momentânea de encontrar alguém que se tornou querido se foi. Oikawa... Eu me lembrava de seus olhos castanhos cheios de lágrimas, inundados com aquela vontade de se provar maior do que aqueles que sempre inutilizaram seu orgulho que o fazia se levantar todas as manhãs, esforçando a cada passo para que... Para que não ficasse atrás daqueles intitulados gênios.

Meu coração se apertou. Um soluço escapou e me senti péssima, a pior das pessoas por, de repente, me dar conta que não joguei na quadra, nem ao menos suportei assistir boa parte do jogo mas possivelmente era quem estava com o peito mais dilacerado no final.

Egoísta. É, acho que estavam certos quando me chamam de egoísta em todas as telas do Japão.

 É, acho que estavam certos quando me chamam de egoísta em todas as telas do Japão

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Havia um casaco em minha cabeça, mas dessa vez era uma branca e roxa. Ainda chorava, sentada nos degraus das escadas mais distantes na companhia de um sincero sem limites e um maluco que parecia estar surtado com cada soluço que balançava meus ombros. Acho que Asuna deveria estar me ligando mas meu celular está com minha tia e eu apenas quero sumir.

Egoísta. Egoísta. Não tinha o direito de me sentir assim, não, jamais irei ter mas continuava ali, pressionando minha testa contra meus joelhos enquanto um choro imparável rasgava minha garganta. Tendou segurava meus ombros sem saber muito o que fazer quando acariciava minhas costas com tanta delicadeza que me trazia a sensação de ser feita de vidro.

Me encolhi ainda mais. Eu não deveria... Não era eu que joguei na quadra, não era eu que perdi a última oportunidade de alcançar meu maior objetivo, não era eu, simplesmente não era. Não tenho que me sentir tão mal assim, não deveria sequer sentir boa parte de todos aqueles sentimentos mas...

Doía, não sei como mas doía saber que Oikawa tem tanto potencial de ser muito maior do que ele é, mas jamais chegou nem um terço de conseguir ser aquilo por conta de uma porcaria de jogos que não deveria definir o talento de alguém.

E eu não conseguia parar de chorar. Não conseguia parar de me sentir uma inútil. Não conseguia parar de pensar que mais uma vez estou fugindo de todo mundo que gostava e considerava família por não saber lidar com tudo isso dentro de mim. Não conseguia parar de pensar que Oikawa precisava de mim mas simplesmente não consigo ser o que ele precisava agora e acho que saber disso doía mais do que tudo.

Fallen Stars • HaikyuuOnde histórias criam vida. Descubra agora