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Ela vestiu sua blusa de caveira, seu shorts jeans curto e desfiado sobre a meia arrastão e calçou seu coturno, amarrou os cabelos em coque e saiu do quarto.

— Bom dia, Trish. O café está pronto.

— Ah, valeu. — ela pegou um dos bolinhos de Emily e mordeu um generoso pedaço, ainda de pé. — Sam, onde eu posso encontrar um carro?

— Para quê quer um carro? — ele a questionou, confuso.

— Ué, quero dar uma volta por aí. — mentiu. — Vou até Port Angeles.

A expressão seguinte de Sam era acusadora.

— E pretende fazer isso sozinha? — questionou-a.

— E qual seria o problema? — retrucou ela, abocanhando uma fatia de bolo. — Eu fazia isso sempre em Stanford.

— Não fale de boca cheia. — Sam a repreendeu. — Não se esqueça que veio para cá justamente para conter esses seus costumes.

A garota revirou os olhos, engoliu o restante do bolo com o auxílio do suco e o encarou.

— Vai começar as lições?

— Estou falando para o seu bem. — respondeu Sam.

Trish bufou.

— É o que vocês sempre falam, mas não sabem o que significa o bem de alguém. — recriminou ela, entediada.

— Eu não posso deixar você sair por aí sozinha.

Sam e todos os outros a tratavam como uma inútil, como uma criança catarrenta de quatro anos de idade.

Antes a tivessem enfiado em um reformatório.

— Eu sei me defender, tá legal? — insistiu ela.

— Da sua forma, convenhamos.

— Eu já entendi, Sam. Não vai deixar eu ir, perfeito. — ironizou, ignorando a outra fatia de bolo em seu prato e se esparramando na cadeira. — Eu fico aqui. O dia todo. — mediou ela, cruzando os braços. — Sem a droga de nada para fazer.

— Muito pelo contrário, você pode ajudar a Emily. Pode fazer companhia a ela.

Seria "grandes coisas", ficar fazendo companhia a uma pessoa que não fazia nada de empolgante — a não ser aqueles bolinhos gostosos.

— Duvido muito que ela se alegre de minha companhia. — resmungou a garota.

— Só pega leve, Trish. — pediu Sam. — Não está mais na sua cidade.

— Eu já entendi, papai. — balbuciou irônica.

— Eu vou sair em patrulha com os garotos, volto à noite. — avisou ele, se levantando.

— Vai pela sombra, titio.

— Sem piadinhas ridículas. — reclamou Sam, saindo.

Green se levantou em busca da esposa de Sam, encontrando-a do lado externo da casa, regando suas poucas plantas.

Ela não entendia e tampouco conhecia de plantas, mas sabia que aquelas se tratavam de tulipas e orquídeas.

Emily à olhou com seu sorriso de sempre, fazendo-a questionar-se se foi por aquele gesto omisso e pouco gracioso que Sam trocou Leah.

A cicatriz no rosto da mulher era horrível vista de tão perto, fazia Trish sentir um arrepio na espinha.

— Está tudo bem? — perguntou Emily.

— Como você aguenta o marrento do Sam?

— Da mesma forma que seus pais te aguentavam. — respondeu Emily, com um sorriso que para Trish era provocativo.

PERPÉTUA - JACOB BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora