As duas seguiam pela praça, estar ali novamente trazia uma paz reconfortante, mas ao mesmo tempo um vazio incurável.
— Então me diz, Pandinha... — prosseguiu Allexya. — Como estão as coisas com Jake?
Trish sorriu largo, tentando ganhar tempo na busca pela resposta ideal.
Não existia uma resposta exata.
Não existia nada, além de uma amizade saudável.— Estão bem. — respondeu.
— Bem quanto? — insistiu a loira.
— Lexy, não vamos falar sobre isso. — pediu a Uley.
— Tem algo errado?
"Tudo!" — Trish quis responder.
— Nada. — contentou-se ela com essa resposta.
— Não mente pra mim, Pandinha. Sabemos que você sente algo por ele e a forma que ele te olha... Eu só queria que alguém olhasse para mim daquele jeito.
— Até parece, Lexy. — resmungou Trish.
— Não começa com aquela história de que Brandon...
— É a verdade. Ele gosta de você.
— Não estávamos falando disso. — desconversou Allexya.
— Não sei porquê você sempre foge desse assunto.
— Porque não tem razão para falar sobre.
— Tudo bem.
As duas se sentaram em um dos bacos vagos e permaneceram em silêncio por um tempo.
— No que está pensando? — Allexya pincelou o nariz dela com o indicador.
— Em tudo.
— Especificamente?
— No "e agora?".
— Você está com medo? — perguntou Allexya.
Se fosse só medo, talvez ela soubesse como dar um jeito.
— Não é medo, é receio. Não tenho certeza do que quero.
— Independência. Não era isso que queria?
— Sim, era. Mas não nessas condições.
— Trish, eu sei que a morte da sua mãe te afetou bastante, porém você precisa tomar as rédeas da sua vida. E se você precisar de ajuda, estou aqui para isso.
— Sim, eu sei.
De repente Allexya calou-se, enquanto olhava para um ponto fixo a horizonte.
Trish seguiu seu olhar e seu semblante de decepção foi inevitável, seu pai vinha em sua direção.
Ele parecia mais velho, mais abatido, triste, algo ao qual ela desconhecia estava acontecendo a seu pai.
Entretanto, seu orgulho a impedia de correr até aquele homem desconhecido, abraçá-lo e dizer quão sua falta sentia.
-— Vocês precisam conversar. — Allexya sussurrou ao seu lado.
Trish sabia disso, mas não sentia que aquele era o momento certo.
Ela não queria fazer aquilo, não queria ter que falar com ele.
O nó formado em sua garganta a fez desviar o olhar, ela não iria chorar ali.
— Olá, meninas. — o timbre da voz dele também estava irreconhecível.
— Oi, senhor O'Brien. — Trish olhou para a loira do seu lado e mirou seu sorriso, por quê ela não podia oferecer o mesmo sorriso que ela? Era seu pai quem estava ali.
— Oi. — respondeu tão baixo que duvidou se alguém além dela havia ouvido.
— Allexya, você poderia deixar a gente conversar um pouco a sós? — pediu Bruce.
— Cla...
— Lexy, por favor. — Trish segurou seu pulso, impendindo-a de levantar.
A loira sorriu e se inclinou sobre ela, beijando sua cabeça.
— Pandinha, vai ficar tudo bem. — sussurrou. — Ele só quer conversar.
Trish aos poucos a soltou, deixando-a ir.
Bruce se sentou do seu lado, fazendo-a prender a respiração por um instante.
— Eu só queria que tudo fosse diferente, filha.
— Mas não fez nada a respeito. — respondeu ela.
— Eu entendo o seu rancor, porém apesar de você querer me expulsar de sua vida agora, sabe perfeitamente que vou continuar existindo.
Ela não conseguiu conter o riso de escárnio, enquanto encarava as pessoas andar à sua frente.
— Não começa com esse assunto. Vocês nunca se importaram. Por que eu tenho que fazer isso?
— Querida, eu não tive culpa do que...
Trish riu e enxugou a lágrima do canto do olho.
— Bruce, eu não tenho nada para falar com você.
— Me perdoe, filha.
— Perdão?! — inqueiriu, angustiada.
— Eu quero mudar as coisa entre a gente.
— É um pouco tarde, não acha? — retrucou ela.
Bruce suspirou pesadamente e encarou o vazio.
— Talvez tenha sido um erro ter vindo aqui. — disse ela, pronta para se levantar.
— Feliz aniversário! — ele engajou, se levantando.
Trish parou, mas não se virou para olhá-la.
— É sempre bom te ver, filha. Saber que você está bem. Que Sam está...
Ela virou-se para encará-lo.
— Que Sam está fazendo por mim aquilo que você não se importou em fazer?! — bradou ela num rompante, a indignação pulsava em seu peito. — Não abra sua boca para falar de Sam. Você não tem moral algum para falar dele.
Bruce apenas reprimiu o que sentia, franziu os lábios e deixou algo sobre o banco em que sentados estavam.
— Comprei isto para você. — ele disse apontando para a pequena caixa quadrada de veludo, deixada por ele sobre o banco. — Mas talvez não queira.
E assim seu pai lhe deu as costas, como todas as outras vezes e foi embora.
Ela o encarou se afastar e seu coração pedindo-lhe para correr atrás dele e dizer que não tinha nada para perdoar, mas sua razão a impedia.
Trish sentia falta de sentir seu calor, o abrigo protetor de seu abraço, mas era tarde.
"Boa covarde, Trish." — resmungou consigo mesma.
A caixa preta de veludo encantava seus olhos e atiçava sua curiosidade.
Aos poucos ela se aproximou do objeto, sentou-se, passou os dedos por suas extremidades e abriu.
Diante de seus olhos uma gargantilha reluziu.
As lágrimas brotaram em seus olhos e ela não as proibiu de caírem - não aguentava se fingir de forte o tempo todo.
Havia um bilhete manuscrito, ela reconheceu a letra legível e elegante de Bruce.
"Amplie seus horizontes, enfrente seus medos e os desafie. Você tem tudo para conquistar a vida que merece. Perdoe-me por nunca ter lhe dado aquilo que sempre quis, o que era minha obrigação lhe dar. Falhei como pai, falhei como amigo, falhei como qualquer ser humano...simplesmente falhei.
Feliz aniversário, filha."
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PERPÉTUA - JACOB BLACK
WerewolfQuando o tempo demora a mostrar aquilo que você anseia em ver, a adrenalina toma conta de tudo e faz você ficar desacreditado de que algum dia vá dar certo - se dizem que o tempo cura tudo e mostra tudo, então por quê ele nunca a curou?