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Aquela seria a primeira fogueira depois de tanto tempo, haviam deveras rostos novos ao redor dela, enquanto as chamas bailavam umas com as outras.

O vento cantarolava sobre as copas das árvores em sintonia com os pássaros.

Era possível ouvir os trovões ecoarem pela imensidão escura e densa da floresta rumo à cidade.

O velho Quil Ateara seria quem comandaria as histórias a serem contadas, Billy lhe passou o "cajado" por aquela noite, pois não se sentia bem o suficiente para tanto falatório.

Quil não era tão bom quanto Billy para contar as lendas de uma maneira que os fizessem ficar compenetrados e sentirem o medo arrepiar suas espinhas, mas ainda assim era empolgante ouvi-lo.

Trish observou as mínimas reações que as histórias estava causando em seus amigos, até seus olhos se firmarem em algo convidativamente curioso.

Sentadas à sua frente, do outro lado da fogueira, estava Leah sussurrando algo para Nikki, que a fez sorrir calorosamente.

Elas pareciam bem próximas.

Talvez Nikki havia obtido sucesso em suas investidas, pois Trish nunca havia visto aquele sorriso nos lábios da quileute.

E ela era linda.

Em tão pouco tempo a Uley nunca havia visto tantas palavras saírem dos lábios da Clearwater e tampouco ela parecia se importar.
  
Leah estava bem feliz, e, não era só Trish que havia percebido aquilo.

Sue as olhava de relance, como se nitidamente se sentisse ofendida, a repulsa se contorcia em seu rosto.

Trish nunca entendeu Sue, parecia que a mulher estava o tempo todo torcendo contra a própria felicidade da filha.

Talvez ainda fosse pelo fator Samuel Uley, era nítido que para a senhora Clearwater não havia ninguém a altura dele.

— Pandinha? — Trish se virou para a loira ao seu lado. — Essas histórias são mesmo reais?

— O quê você acha? — intrometeu-se Paul.

A loira fuzilou Paul com os olhos, antes de dar-lhe uma resposta.

— Eu não te perguntei nada. — O quileute sorriu diante de seu rompante.

Ele adorava desafiá-la, sabia o quão desconfortável e nervosa a deixava.

— Mas eu te perguntei. — debateu.

Allexya revirou os olhos.

— Por quê você não fica na tua, cara? — interveio Brandon.

Paul o encarou a tempo de não vira-lhe um soco na cara.

— E por quê você não dá no pé, playba?

Brandon encarou Paul com os olhos e punhos apertados.

Sua vontade era poder quebrar sua cara de cafajeste sem culpa alguma, mas sabia que não tinha a menor chance.

O Lahote tinha dez vezes seu tamanho e isso o tornaria um pedacinho de nada.

  Paul o quebraria em mil pedacinhos.

— Vá se ferrar! — foi tudo que conseguiu responder, antes do maldito nó fechar sua garganta.

Trish não pôde deixar de notar a ausência de Rachel naquela roda, entretanto Rebeca se fazia presente.

Ela não via a hora de tudo aquilo acabar, dane-se se tudo estivesse indo rápido de mais, mas era a única coisa que ainda estava fazendo o menor sentido desde a morte de sua mãe.

  — Está tudo bem, Green? — ela se questionava o porquê das pessoas ainda se aterem àquela pergunta se sabiam perfeitamente sua resposta.

Porém era Jacob quem estava ali lhe perguntando.

E a forma com a qual ele a olhava esperando ansiosamente por uma resposta, a fez repensar.

— Rachel não veio.

Ele soltou o ar e segurou sua mão, acariciando os nós de seus dedos.

— Isso é drama de Rachel, não ligue. Olha só o Paul, até ele não se importa.

Todavia, Paul era uma exceção.

Jacob como irmão deveria se preocupar mais.

E se Rachel estivesse certa? E se fosse um sinal dos deuses que o Black não estivesse vendo?

Ela já havia causado tanto estrago na vida de quem a cercavam, não seria diferente por ser Jacob... seria?

Pensar em tudo aquilo a deixava nostálgica.

  — Quer voltar para casa? — o sussurro de Jacob contra seu pescoço lhe causou um longo calafrio.

Seu suspiro profundo a mostrou que de fato estava cansada e além de um merecido banho, precisava de uma cama.

— Sim, podemos ir. — respondeu.

Os dois se despediram e saíram de mansinho.





PERPÉTUA - JACOB BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora