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— Trish, eu quero que mantenha a mente aberta para tudo que dissermos. — orientou Sam.

— Isso vai depender de vocês. — ela intercalou o olhar entre os dois quileutes à sua frente.

Jacob parecia preocupado, tenso, agitado, como se não quisesse estar presente.

Sam deu uma última olhada no Black, assegurando-se de que ele estivesse prestando atenção.

— Jacob teve um imprinting por você.

Trish franziu a testa, intrigada.
Que léguas era essa coisa?

— Teve um o quê? — perguntou. — Eu vou querer saber o que é isso?

Jacob bufou e começou a andar em círculos atrás de Sam, aquilo estava começando a deixá-la estressada.

— Quando um lobo se transforma ele tem sua alma gêmea, que definimos como imprinting. — esclareceu Sam. — Acontece tudo à primeira vista.

O olhar dela decaiu sobre Jacob que logo abriria um buraco naquele chão.

— Ou seja, uma paixão platônica? — inqueiriu, voltando o olhar a Sam, que assentiu.

— Pode chamar assim, se quiser.

Trish riu de incredulidade.

— Bizarro.

Jacob parou de dar voltas como se fosse um débil mental e se aproximou deles.

— Eu posso falar com ela agora, Sam?

Sam assentiu.

— Estarei por aqui, caso precisem.

Os dois subiram a escada, indo para o quarto dela.

— Tá, fala. — ditou Trish, se sentando na cama.

Jacob fechou a porta e andou até a janela, observando os pingos de chuva deslizando no vidro.

— Ter um imprinting com alguém é tipo quando você a vê e tudo muda... — ele começou, distraindo-a. — De repente não é mais a gravidade que te prende ao planeta, é ela. Nada mais importa. Você faria qualquer coisa, seria qualquer coisa que ela precisasse... um amigo... um irmão... um protetor...

— Um amor? — constatou.

— Tudo. — respondeu Jacob, olhando-a.

Trish gargalhou alto.

— Essa foi a coisa mais estúpida que eu já ouvi na vida. Se apaixonar por uma desconhecida, sem mais nem menos, deixá-la decidir sobre você mesmo, deixá-la decidir sobre os tipos de sentimentos que você deve suprir em relação à ela. Ah, pelo amor! O quê? Tipo o lance de amor à primeira vista?! Isso é baboseira! Ninguém é escravo de ninguém não. — exalou, aborrecida. — Você está livre disso, Black.

— Não é tão simples assim, Green. Você não dá as costas e diz que está tudo acabado.

Como não?

Ela não era obrigada a ficar com ele e nem ele com ela, só por causa de uma crença chula.

— Você é obrigado a amar alguém por uma magia idiota. — Trish não conseguia esconder sua repugnância. — Black, você está disposto a ficar preso a uma pessoa por um sentimento de merda desses?

— Que escolha eu tenho?

Ela abanou as mãos, resignada.

— Isso é demais pra mim. Eu não consigo lidar com essa coisa, eu tenho que sair desse lugar, tenho que voltar para minha casa, para minha vida.

Enquanto falava ela jogava suas roupas todas sobre a cama.

— Não vê que minha vida está em suas mãos?

— Ah! — exclamou, alterada. — E eu te devolveria sem problemas, mas já que disse que essa porcaria impede isso... Eu vou me mandar dessa merda de lugar! — bradou, enfiando de qualquer jeito suas roupas dentro da mala.

— Eu nem te diria, mas você descobriu tudo. O Sam viu você nos meus pensamentos e achou melhor contar tudo.

Ela não estava ligando para a merda que Sam tinha visto nos pensamentos dele, para ela já tinha dado onde tinha que dar, ela não fazia parte daquele lugar, sempre viveu otimamente com a sua vidinha com pais miseráveis e era para essa vidinha que ela estava voltando.

— Por isso Sam me perguntou o que eu achava de você, ele estava me sondando para ver se eu sentia o mesmo. — resmungou, enquanto fazia o caminho ida e volta do banheiro com produtos nas mãos.

-— E você não sente.

— Eu sinto muitas coisas, Black. — queixou-se, estarrecida. — E uma delas continua sendo que você é diferente. E só agora eu entendo que essa diferença que eu vejo em você é do imprinting, ele causa esse efeito, não é?

Ela o olhou quando não ouviu a resposta e ele assentiu.

— Olha, a gente pode deixar tudo como estava antes, eu não ligo. — disse.

Trish bufou, negando.

— Da mesma forma que não ligou quando Bella escolheu o outro. — soltou sem pensar, mas já era tarde para pedir desculpas.

— Ela fez a escolha dela, eu estou tentando fazer a minha.

Já era a terceira vez que ela voltava do banheiro de mãos abanando, sendo que trouxe tudo que tinha lá na primeira ida.

— Eu tomei uma decisão. — ela parou e o encarou. — Eu cheguei a conclusão de que não quero que você seja meu irmão, meu amigo, muito menos meu protetor.

— Não faz isso, Green. Por favor, fica.

— Eu não deveria ter aceito vir parar aqui, Black. Eu deveria ter dado chilique como fazia sempre que meus pais tomavam uma atitude drástica.

Ela grunhiu quando não conseguiu fechar a mala e se sentou no chão, escondendo o rosto entre as mãos.

— Eu não queria que as coisas fossem assim, eu também odeio tudo isso. — sussurrou Jacob, se sentando no chão na frente dela. — Eu nunca senti isso por outra pessoa, com a Bella foi tudo muito estranho, eu não tive capacidade e nem ganância em querer lutar por ela, mas com você... eu sinto que sou capaz de fazer tudo isso.

— Eu não sirvo para você, Black. — murmurou.

— Assim como eu não sirvo para você. — comparou o quileute. — Mas já é um pouco tarde, porque eu gosto de você, Green. Gosto de estar perto só para ouvir o som da sua risada, gosto do jeito que você sorri quando revira os olhos, gosto até desse teu jeito marrento... Mas se mesmo assim você quiser ir, saiba que estarei sempre aqui te esperando.

Trish soltou um suspiro e se atirou sobre ele, abraçando-o.

— É impossível não gostar de você, Black. — resmungou.

Ela o soltou, fungando.

- Eu posso ser seu amigo, se quiser. - Jacob estava disposto a abrir mão de seus sentimentos só para não deixá-la ir, aos poucos ele a conquistaria. - Eu posso pintar suas unhas, possos até fazer aquelas tranças estranhas no seu cabelo, posso até te trazer as roupas da Rachel que estão lá em casa.

Trish riu.

— Um amigo? — ela perguntou, pensando na possibilidade e ele assentiu solene. — Só se você prometer que vai fazer mimos quando eu estiver naqueles dias, promete?

— Prometo que darei um jeitinho de trazer as trufas da mãe da Allexya para você e maratonar Supernatural, quantas vezes quiser.

— Promete que jura? — Jacob encarou o dedinho dela estendido em sua direção e sorriu antes de entrelaçá-lo com o seu.

— Juro que prometo. — brincou, antes de soltarem os dedos.

Trish riu e o abraçou novamente.

— Quero que seja o meu Castiel, Black.

— Eu serei. — sussurrou.









PERPÉTUA - JACOB BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora