Qual a sua dificuldade em encontrar um vestido, garota? — bradou Allexya para Nikki.
Já estavam há aproximadamente duas horas naquela loja, desde que entraram Nikki se trancou no provador com dezenas de vestidos.
Sua decisão de escolha estava mais que passada dos limites e fazendo com que Allexya soltasse fogo pelas ventas.
— O problema é que não consigo me decidir estando sob pressão. Todos eles me deixaram gostosa.
— Então escolhe a porra de um deles!
Allexya havia perdido a paciência desde os primeiros minutos de dúvidas da outra.
— Rosa está tão ultrapassado, o violeta não... — Nikki resmungava consigo mesma.
A loira bufou e se levantou, aproximando-se da porta do provador.
— Nikki, eu vou contar até três, se você não tiver saído desse provador eu mesma vou aí te arrancar. — ameaçou.
— Você está muito alterada, Lexy. — a outra respondeu. — Está com fome?
— Por um acaso estou sim.
— Foi você mesma quem inventou de sairmos às seis da manhã para vir provar vestidos, não venha me apressar agora.
— Tá, mas já fazem duas horas que você está nessa lenga-lenga.
Trish vendo que aquela briga não ia dar em nada, muito pelo contrário, que Nikki iria continuar na sua dúvida cruel, resolveu solucionar o problema de Allexya.
— Lexy?
— Hum?
— Que tal irmos na frente procurar uma lanchonete ou algum lugar pra você comer?
— Ah, eu adoraria. — o semblante da loira voltou a iluminar-se.
— Vão mesmo me deixar aqui? — chiou Nikki. — Eu posso ser sequestrada, contrabandeada, extraviada, violentad..
Allexya cortou sua fala.
— Ninguém te suporta mais que a gente, fique tranquila. — disse Allexya, cortando sua fala. — Aposto que eles sequer pediriam algum resgate, te deixariam na primeira esquina quando você abrisse essa matraca.
— Ei! Mais respeito com a minha pessoa.
— Tchau, Nikki. — disse Trish já saindo de lá.
— Tchauzinho. — despediu-se delas com um breve aceno. — Ei, vendedora, traga o vermelho de volta...
Allexya e Trish sorriram e de lá saíram.
— Qual foi a reação do Jake? — Perguntou a loira enquanto andavam pela calçada a caminho de onde haviam estacionado.
— Melhor do que imaginava que seria. — Trish confessou. — Jacob está pronto para ser pai.
— E você não?
Trish não queria dizer, mas naquele instante estava se perguntando a mesma coisa.
— Existe uma diferença entre mim e Jacob... — murmurou, entrando no carro. — Ele não lida com traumas do passado.
Allexya bufou e a encarou.
— Vai se ater a isso agora? Você tem que superar.
— É difícil pra mim.
— É você quem está dificultando.
Assim que ela deu partida, as duas se silenciaram e o único som passou a ser o do rádio.
Sim.
Talvez fosse sua culpa, que a responsabilidade fosse dela, mas ela não sabia lidar com nada numa boa.
Trish nunca teve a quem recorrer quando as coisas apertavam para o seu lado.
Ela tinha um irmão, certo, mas de que ele servia a não ser de dar sermão em quando ela estava errada.
Seus avós, esses nunca foram tão presentes quanto ela gostaria que fossem, talvez para seu irmão, mas para ela nem tanto.
Havia também seus amigos, esses sim estavam sempre ali a postos para lhe darem assistência emocional, psicológica, não importava as circunstâncias.
Mas até quando?
Até quando essa sua incapacidade de depender de si mesma viria em primeiro lugar em sua vida?
Até quando ela seria seu próprio atraso?
— Você vai aprender a se virar, Pandinha. — o sussurro de Allexya a trouxe de volta a realidade, fazendo-a suspirar.
🍁🪦🍁
Jacob lutou contra a insegurança de entrar naquele restaurante, por sua vez não por ser chique ou pelo fato de ele não se encaixar em seus padrões, mas por quem o estava esperando lá dentro.
Bruce O'Brien.
O fator principal de tê-lo feito convidar o quileute para um almoço não o assustava — pois seria apenas algo referente a ficarem próximos e uma maneira de chegar até Trish — quanto a novidade que Trish lhe deu na madrugada.
Ele seria pai.
Pela primeira vez na vida, Jacob Black experimentaria estar em um papel tão importante, a ponto de sacrificar-se se preciso fosse.
Havia muito, muito a ser dito, muito a ser ouvido.
Ele estava pronto para ouvir e falar quando chegasse o momento.
Sua mente já não estava tão embaraçada quanto estava pela manhã, afinal, não se era todo dia que se descobria estar a ponto de ser pai.
Tomando para si o controle dos movimentos de seu corpo, de sua respiração e de todo seu ser, o quileute adentrou naquele estabelecimento.
Ele nunca agradeceu tanto por entrar em um lugar sem ser notado, sem volta e meia ter oito ou dez pescoços virados em sua direção.
Era arrefecedor poder andar sem a pressão de olhares curiosos a ponto de fazê-lo tropeçar nas próprias pernas.
— Jacob. — olhando daquele ângulo para Bruce, ele não parecia tão aterrorizante assim, não parecia ser o tipo de homem que seu passado descrevia. — Fico feliz que tenha aceito meu convite.
Jacob aceitou seu aperto de mão com um sorriso sincero e um breve aceno de cabeça, pouco antes de se sentar.
— Espero que não se incomode por tê-lo chamado aqui. — disse Bruce ao perceber sua dificuldade em relaxar na cadeira.
— Não que eu esteja acostumado a frequentar esses lugares.
— Nem queira, filho.
Filho. Novamente aquela palavra o perseguia.
Seu significado era um pouco quanto assustador e ao mesmo tempo tocante demais para não ser levado a sério.
Um filho...
Jacob se perdeu na imensidão que sua mente criara, deixando Bruce falar sozinho.
— Você ouviu o que eu disse, Jacob?

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PERPÉTUA - JACOB BLACK
LobisomemQuando o tempo demora a mostrar aquilo que você anseia em ver, a adrenalina toma conta de tudo e faz você ficar desacreditado de que algum dia vá dar certo - se dizem que o tempo cura tudo e mostra tudo, então por quê ele nunca a curou?