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Ela encarou a escuridão pavorosa, instantes antes de enfrentá-la.

Assim, com passos decididos e encorajadores, Trish caminhou na direção da borda da floresta, deixando a casa de Jacob.
 
Ela só queria dar uma volta e espairecer, talvez voltasse ou simplesmente fosse embora para a casa de Sam — tudo dependeria de para onde aquela trilha a levaria.

Nem o cantar sombrio de um pássaro, o farfalhar das folhas no alto da copa das árvores ou até mesmo o vento frio que soprava lhe amedrontavam naquele momento.

A densidade e umidade  da floresta cada vez mais impregnando em seu corpo.

O som do riacho logo adiante aguçou sua curiosidade e ela seguiu aquele ruído.

Após ficar alguns minutos enamorando aquela pequena nascente que notoriamente parecia dividir duas terras, Trish voltou a caminhar, embranhando-se cada vez mais naquela floresta.

O que de ruim poderia acontecer? Ela encontrar um urso?

Seu namorado, seu tio e seus amigos eram lobos e a encontrariam caso se perdessem.

Tudo bem que eles eram lobos e não rastreadores.

Mas não tinha nada naquelas terras para temer, caso contrário ela já saberia.

Ou não.

Ela continuou até que ouviu galhos quebrando atrás de si, virando-se bruscamente ela viu um par de olhos reluzirem em meio aos arbustos.

Seu corpo se inebriu num arrepio desproporcional ao medo que sentia.

Trish olhou em volta, procurando a melhor direção para escapar.

Nenhuma parecia satisfatória.

Gritar por ajuda talvez chamasse atenção da matilha e eles viessem salvá-la, não estava tão longe assim da casa deles.

Vendo o pavor estampado no rosto da garota, o animal selvagem resolveu sair do esconderijo de folhas lentamente, provavelmente para não assustá-la mais do que já estava ou teoricamente atacá-la em um bote certeiro.

Com passos lentos ele avançou para fora do arbusto, fazendo Trish reprimir seu grito bem no fundo de sua garganta e recuar alguns passos de olhos esbugalhados.

Monstro!

Sua mente gritou em alerta.

Maior que um cavalo.

Lobisomem.

Se era uma brincadeira sem graça de Paul e dos outros, eles íam ver só.

— Se queriam me assustar, parabéns! — disse ela com sarcasmo. — Conseguiram!

Ela desdenhou alto e em bom som, torcendo para os garotos estarem assistindo a tudo em seus esconderijos secretos.

O lobo pareceu ser atingido pela fala da garota, pois levantou uma das patas do chão, inclinou as orelhas para trás e abaixou o focinho, como um cachorro faria ao levar uma bronca e estivesse em busca de carinho.

Trish olhou tudo aquilo sem entender, permanecendo imóvel a uma distância segura.

— Então... — ela balbuciou dando passos pequenos e cautelosos na direção do animal.

— Ei, gatinha!

Um berro.

Foi o que ela deu, assustada.

Seu coração errou duas batidas e acelerou a galope.

— Quer me matar, demônio! — ela bradou, arfando.

PERPÉTUA - JACOB BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora