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Trish ainda estava sentindo uma leve pontada de mal-estar, porém não queria dizer nada para não preocupar ninguém, além do quê não queria ninguém grudado nela o tempo todo.

Quando abriu os olhos ainda sonolenta, percebeu que Jacob já havia partido para suas rondas — Ela odiava essas patrulhas, pois acabavam com todos os garotos, entretanto, eles não pareciam fisicamente abalados quando chegavam, apenas famintos feito leões.

Embora não fosse isso que a estivesse preocupando.

O sonho havia voltado na noite passada, arremetendo-a a ter sentimentos estranhos, tais como: Talvez aquele sonho fosse nada mais e nada menos que uma vaga lembrança de algo que estivesse arrefecido dentro dentro dela.

Ela não tinha tantas lembranças lúcidas de uma infância feliz, como mostrada em sonho, embora procurasse se lembrar.

Em sua casa em Stanford, sim, haviam fotos, mas se parasse para observar e tirar conclusões através delas, veria que aquilo não passava de mentiras.

Ela queria muito se lembrar.

Queria muito deixar o orgulho de lado e ligar para seu pai e dizer o quão sentia sua falta, mas não conseguia.

Apenas sentou-se à beira da cama, olhou a tela de seu celular checando as horas, mal se passavam das quatro da manhã.

Havia uma Trish feliz ali naquela tela de bloqueio, sorridente ao lado de um garoto que estava modificando sua vida diariamente — Jacob Black.

Decidida em abrir sua galeria e passar o tempo ali checando fotografias uma por uma, ela se deparou com uma que amoleceu seu coração.

Uma foto sua com seu pai, seus sorrisos eram tão parecidos.

Sem que percebesse uma lágrima caiu sobre a tela de seu celular e ele desligou, dados os segundos de inatividade.

Ele não havia lhe feito nada, por quê tanto rancor? Tanto ódio preso em seu peito.

Ela não entendia.

Talvez as coisas que sua mãe lhe dissera antes de partir, tivesse um pontada de culpa.

Ela tinha que voltar para casa e resolver as coisas, seu pai não tinha culpa alguma, se tinha alguém que sofrera com tudo além dela foi ele.

Trish abandonou o celular de lado e se deitou novamente, encarando o teto, até que seus olhos pesaram e novamente ela adormeceu.

                       🍁🪦🍁

Em um ato avulso, Bruce se sentou na cama, ofegante estava.

Sua até então companheira — Leila — acordou-se a prol de seu rompante, deveras assustada e preocupada com sua expressão de pânico.

— Bruce? — ela passou a mão por seu rosto encharcado de suor e beijou seu ombro. — O quê houve, querido?

O homem parecia ter entrado em transe, olhando para um ponto fixo no chão.

Sua respiração ainda estava desenfreada, parecia ter desperto de um pesadelo.

— Fale comigo, amor. — ela insistiu.

Bruce moveu seu rosto em direção à ela, mas sequer a via.

Um suspiro profundo e cortante ressonou do fundo de sua garganta.

Leila o abraçou, permanecendo os dois em silêncio.

  — Estou aqui, querido. — ela sussurrou, beijando sua omoplata.

— Ela precisa de mim, Leila. — o murmúrio de Bruce era doloroso.

— Quem precisa de você, querido?

— Minha filha. — novamente o aperto em seu peito, recordou-o. — Eu sinto que ela precisa de mim.

— Querido, ela se afastou por esco...

— Você não entende, Leila. — disse, interrompendo-a. — É algo muito além, eu posso sentir minha filha me chamando. Ela estava chorando por minha causa.

A mulher achando tudo aquilo muito esquisito e duvidando da sanidade mental de seu companheiro, apenas arfou, desinteressada.

— Que seja. Mas o que pretende fazer?

— Eu preciso vê-la. — ele respondeu. — Tenho que falar com ela.

A cara de espanto e repreensão de Leila não o faria desistir de sua ideia já tomada.

— Você não está pensando em ir até aquele fim de mundo, está?

— Se trata da minha filha, Leila. Achei que você fosse capaz de entender isso.

— Eu entendo, querido. — um falso sorriso prendeu-se aos lábios dela. — Mas foi ela mesma quem expulsou você da vida dela, não faz sentido você ir até lá e ser humilhado outra vez.

— Nada vai me convencer do contrário.

— Tudo bem. Faça o que quiser. Eu não vou sair daqui.

— Eu não pedi para vir comigo. — sem a intenção de discutir, Bruce levantou-se da cama, ouvindo o bufar irritado da mulher.

Ele abriu as portas que ligavam seu quarto à sacada e evadiu para ela.

Eram cinco da manhã, o vento cortante se chocando contra seu rosto.

Da sacada ele podia avistar a sinuosa Stanford recém acordada com o sol progredindo a horizonte.

A primeira coisa a ser feita por ele, seria ir até Forks, ele veria Green, nem que isso fosse a última coisa que fizesse em vida.

Se as coisas ocorressem como Leila então disse, não teria problemas, ao menos ele a veria novamente.

Green era tudo que ele tinha em vida, além de Gordon, claro. Entretanto, seu filho estava quase sempre no mesmo lugar que ele.

Seu coração estava inquieto há dias, desde a última vez em que a viu, desde a última discussão e ele não queria que continuassem desta forma.

Bruce olhou para trás, em sua cama dormia sua companheira. Ele sabia que Green não aceitava esta relação, se sua filha o abordasse lhe dando uma opção de escolha entre ambas, ele não hesitaria.

Leila o proporcionava bons momentos, mas abriria mão dela se preciso fosse.

Ele não sabia qual seria a reação de sua filha desta vez, entretanto, algo o encorajava a ir em busca dela — não desistiria até ter de volta seu perdão.

Seus pensamentos se concentraram em Green, pedindo aos céus para ela lhe recebesse e desse a ele uma nova chance.
 
Bruce retornou ao quarto e se trancou no banheiro, em busca de um banho rápido.

— Você ainda não desistiu dessa ideia maluca? — a pergunta de Leila não precisava de resposta ou explicação.

Ele apenas se debruçou sobre ela, lhe deixando um beijo casto em sua testa.


PERPÉTUA - JACOB BLACKOnde histórias criam vida. Descubra agora