Por mais que evitar o sentimento fosse o que ele mais queria naquele momento, seu cérebro não respondia.
E se ela quisesse que ele tomasse uma atitude?
Ele estava pronto para tentar ir além?
Uma resposta era o que ele mais buscava no fundo de sua mente, mas por Deus, era impossível pensar em algo quando Green era a única coisa que sua mente gritava.
Os dois não haviam se falado após o beijo, sobre o beijo, e Jacob duvidava muito que iriam conseguir.
— Jacob, não vai sair da cama?
— Não enche.
Rachel não deu importância para seu mau-humor e se sentou na beira da cama.
— Espero que não esteja se escondendo da Trish, porque ela está aí fora te esperando.
Jacob arregalou os olhos e saltou da cama.
— Por quê você não falou logo?! — bradou todo embaralhado, enquanto arremessava suas roupas para fora do armário, buscando algo limpo para vestir.
— Porque você estava aí com esse humor de fada. — caçoou Rachel.
— Não começa, Rachel.
Ele passou a camisa desajustadamente pela cabeça, vestindo-a.
— Quando é que você vai pedir, hein? — perguntou Rachel observando-o se vestir.
— Pedir o quê, louca? — inqueiriu Jacob sem dar muita importância à ela.
— Não vem me tirar de idiota, Jacob. — bradou ela, impaciente. — Nós dois sabemos...
— Não sabemos de nada. — ele a interrompeu-a, abrindo a porta e fechando de novo. — Fecha a droga da boca, Rachel, antes que eu feche por você.
Rachel riu e foi até ele, abrindo a porta.
— Você não mete medo nem em uma mosca, Jake. — caçoou ela antes de passar por ele, rindo.
Jacob bufou alto e a seguiu irritado.
🍁🪦🍁
Ela empurrou com os pés o banco de Sam pela milésima vez em minutos, frustada, irritada, impaciente — motivo? Ela não sabia.
Eram tantas coisas passando em sua cabeça naquele instante, o clima tenso e pesado entre ela e Jacob dentro do mesmo carro.
Foi uma imprudência beijá-lo, mas uma imprudência que beija bem.
Sam não parecia prestar atenção em nada ao redor, ficando assim preso em sua própria bolha invisível.
Ela não tinha ideia do que Dilyan tinha deixado para ela em testamento, nem fazia muita questão em descobrir, mas seja lá o que fosse ela estava prestes a descobrir.
As árvores passavam ao redor feito relâmpagos, as casas, os carros, cada vez mais distantes de Forks e mais próximos de Stanford.
— Sam, vou poder mesmo ver as meninas? — perguntou Trish.
— Eu dei minha palavra, não foi? — retrucou Sam, olhando-a pelo retrovisor central.
— Pelo que sabemos sua palavra não é lá essas coisas. — resmungou ela, baixinho.
— Olha a boca, Trish. — rosnou Sam, fazendo-a dar de ombros.
— Não falei nada demais.
— Eu já disse que deixarei você vê-las e assim vai ser. — ponderou Sam, finalizando o assunto.
Stanford era tão iluminada, tão linda. Ela já estava sentindo falta daquele cheiro, daquele clima, daquelas pessoas.
Ela não estava pronta para viver naquela reserva, embora se sentisse iluminadamente e secretamente apaixonada por Jacob.
Ela o espiou de relance, ele não parecia estar se importando com sua presença ali, era como se o beijo não tivesse o afetado também.
A garota estava se corroendo por dentro e o idiota estava lá de peito estufado, se fazendo de insensível.
O sol se punha ao horizonte da cidade, rasgando o céu incrivelmente azul.
Ela não estava afim de encontrar seu pai e para seu talvez "contentamento", o mesmo não compareceria.
Trish parou por segundos enamorando o arranha-céu do edifício diante de seus olhos — flashes de discussões lhe vieram à mente.
Foi ali, naquele mesmo lugar que seu pai traiu sua mãe por anos. Foi naquele mesmo maldito lugar, que não só ela, mas o prédio todo, eram obrigados a presenciar as discussões — ela sentia vergonha em todas as vezes.
Trish se encolheu dentro do abraço próprio, olhou para Jacob na esperança de ele estender-lhe o braço ou a mão para apoiá-la, mas como esperado ele era como os outros.
Sam por sua vez, fez seu papel de tio, estendeu a mão e a trouxe para perto.
Ela evitou olhar. Evitou manter o maior número de contatos visuais que pôde, enquanto avançava para o elevador.
O advogado era um velhote e para sua provável felicidade, nunca a viu na vida.
Ela se sentou entre Sam e Jacob, enquanto o velhote vulgo Mr. Hopkins, começava seu blá-blá-blá.
Um carro.
Era tudo que sua mãe tinha deixado para ela.
Bom, o que mais ela estava esperando sair dali? Um apartamento de luxo à beira mar, como os que Dilyan vendia para os ricaços que tinha a oportunidade de fodê-la?
Não seria para tanto.
Um Honda Civic preto.
Era melhor que nada.
Milhões de vezes, melhor que nada.Todo aquele falatório, cochichos e olhares tortos lhe tiraram do sério, fazendo-na ir esperar por Sam e Jacob no carro.
Não tinha mais nada para ela fazer ali naquela sala minúscula, era como se o edifício inteiro se convertesse em um cubículo.
Ela já tinha assinado as drogas dos papéis e era dona legal do veículo, bastasse ir para casa e esperar que o levassem até lá.
Oxigênio.
Era por tudo que seu cérebro e pulmão clamava.— Trish? — ela ouvia a voz conhecida de seu tio Sam, chamando-a em seu subconsciente, mas se recusava a sair de seu sonho. — Trish? Trish, você me ouviu?
Ela grunhiu mentalmente e abriu os olhos, encontrando dois pares de olhos negros e horripilantes fitando-a.
— O quê foi?
— Eu preciso voltar para Forks. — ela se sentiu ainda desorientada das ideias. — Jacob vai ficar com você esta noite na sua casa.
— O quê? — empertigou-se. — Não. Eu... Ele não...
Sam passou a mão em seus cabelos, afastando-os de seu rosto.
— Vai ficar tudo bem. — garantiu-lhe com um beijo na testa. — Eu tenho mesmo que ir. Aproveite esta noite o máximo que puder com seus amigos.
— Tudo bem.
Sam se afastou por alguns metros, onde Jacob estava, evitando-a a todo custo.
— Jake, cuide bem dela. — pediu Sam.
Jacob apenas frizou o aperto de mão do Uley e assentiu sem qualquer garantia.

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PERPÉTUA - JACOB BLACK
LobisomemQuando o tempo demora a mostrar aquilo que você anseia em ver, a adrenalina toma conta de tudo e faz você ficar desacreditado de que algum dia vá dar certo - se dizem que o tempo cura tudo e mostra tudo, então por quê ele nunca a curou?