Liberdade

395 66 7
                                    

Eu literalmente explodi, meu psicológico tinha chegado ao a cota máxima de humilhação que podia receber, realmente não aguentava ficar ali e cheguei a pensar se valia mesmo a pena terminar essa faculdade sofrendo tanto,eu me esforçava tanto pra conseguir me formar mas me tratavam como um animal só porque me aproximei do Jeon.  E percebi  que a partir do momento que me apaixonei por ele, se eu quiser ficar ao lado do Jungkook tenho que me desfazer desse meu jeito antisocial e começar a lutar pelo o que quero, ser exatamente ao contrário do que sou agora, e é isso que vou fazer.

- Vai pagar por tudo que tá fazendo comigo! - ela me encarou, eu ainda a segurando pelos cabelos, sua mão tentava segurar a minha na tentativa falha de se soltar, o que acabou me arranhando.

- Correção, você que vai pagar por tudo que fez comigo, fica tranquila porque o que é seu tá guardando - com a minha outra mão livre, passei na mesa com tinta que tinham despejado sobre o lugar onde eu sentava e em seguida esfreguei em seu rosto todo

- Paraaa!!

- Agora que é a Carrie a estranha é você bebê  - sorri com o ar mais cínico que consegui, com a mão esfreguei a tinta onde pude, manchando sua roupa de grife, na base da raiva.

- Seu louco!!!! Isso é abuso sexual!!!!

- Como se eu fosse querer isso. Piranha!!!

A sala inteira me olhava incrédulos, muita gente filmava e ria escondido mas ninguém se atreveu a me interromper, estava fazendo o que muita gente queria fazer há séculos. Larguei a mesma e ela começou a chorar, se foi cena dela ou não, não me importava. Cuspi no chão o sangue que se acumulou  na minha boca, a unha da puta tinha entrado no canto do meu lábio o cortando, ardia mas não liguei, peguei as minhas coisas e sai dali andando de cabeça erguida. Quantas noites passei acordado fazendo trabalhos que foram arruinados, quantas vezes passei de cabeça baixa com medo dos olhares alheios, quantas vezes eu chorei no banheiro porque não aguentava mais, esses abusos já aconteciam comigo há anos mas intensificaram com a aproximação do Jungkook, mas se não fosse ele, acredito que eu teria feito algo pior comigo mesmo, estava psicologicamente fraco e tentava aliviar esse sentimento interagindo com as pessoas na Internet, amizades virtuais,  fazendo videos etc.
Peguei o celular ligando pro Tae a medida que ia andando pelo corredor indo pro banheiro pra lavar a mão, e ele atendeu até que rápido.

- Tae?  - Falei andando pelo corredor recebendo alguns olhares, talvez o rumor já estaria se espalhando aos poucos.

- Oi Jimin!!! - animado como sempre.

- Tá onde?

- Na quadra, porque?

- Pode entrar em contato com o Jungkook por mim? É urgente. 

- O que houve? Posso ajudar?... espera Jimin, não to conseguindo ouvir tem muita gente aqui, acho que aconteceu alguma coisa com a filha do vice diretor.  - nessa hora senti um frio na barriga mas soltei um sorriso, porque nunca me senti tão vivo em toda minha vida.

- Então, é por isso que to ligando. 

- Como assim?

- É uma longa história, pede pra ele me ligar, já que não atende minhas ligações. Diz que é urgente. 

- Eu não to gostando disso mas okay. Quer que eu vá até você? Onde você tá? Jeon disse pra cuidar de você, lembra?

- Não precisa. To indo pra casa agora. Vou desligar ta bom... ah obrigada Tae.

- Tudo bem, tchau e se cuida!

Assim que desliguei o celular, cheguei no lugar onde tudo começou, na passagem que Jungkook tinha me apresentado, onde se usava pra matar aula, não tinha condições de continuar naquele lugar então, sim, eu matei aula sozinho pela primeira vez. Ao contrário do medo e receio que achei que iria sentir, foi a liberdade que fez meus pulmões encherem de ar e respirar fundo sentindo que minha vida iria mudar, e pra melhor. Andava pelas ruas, sem a máscara e sem o boné que me acompanhavam por anos, senti o vento gelado bater no meu rosto e meus cabelos negros voarem com a mesma sintonia que poucas folhas se desprendiam das árvores e voavam por ai. Algumas pessoas me encaravam mas ignorei totalmente os olhares alheios, não sei se  no meu rosto estava estampado "ômega" ou estavam me reconhecendo da internet.

All my first timesOnde histórias criam vida. Descubra agora