Capítulo 31

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As lágrimas escorriam em seu rosto enquanto Ellen corria pelo corredor do hotel segurando nas mãos a bolsa e suas sandálias, até que finalmente entrou no quarto, parou, arqueou o corpo e chorou deitada na cama, chorou até que mal conseguia enxergar,seu corpo estremecia cada vez que lembrava como fora ingênua,socou o colchão com raiva e notou naquele momento que algo dentro dela havia morrido,ou despertado.
Ela se afastou de todos aqueles acontecimentos mentalmente se escondendo em algum cantinho nunca hábito antes dentro de si,algo dentro dela lhe dizia que ela precisava se proteger,cuidar de si mesmo,era um sentimento nunca sentido antes.
Uma voz interna soprava em seu ouvido...

Se sentindo desamparada,sem esperança? Levante,assuma o controle!Mostre a ele quem manda. Foi ele quem errou e não você!

Ellen enxugou as lágrimas do rosto e sentou na cama,uma coisa era certa,não iria se entregar ao sofrimento.
Levantou e sentou em frente ao espelho da penteadeira,espalhou no rosto uma grossa camada de creme de limpeza,jamais se deitava sem limpar a pele,um dos conselhos da mãe,se habituara a esse ritual de uma tal forma que não havia cansaço que a impedisse de fazê-lo e muito menos um coração partido.
Depois de tomar um banho relaxante e sair do boxe pisando no banheiro enfumaçado se secou com uma toalha macia e fofa,sentia sua pele arder,havia se esfregado insistentemente deixando a água quente escorrer pelo corpo,mas mesmo assim sentia o toque das mãos de Patrick em sua pele,ainda sentia seu cheiro,escovou os dentes duas vezes e finalizou com o líquido antisséptico bucal e mesmo assim sentia o gosto dele.
Aquele cheiro não estava somente em suas roupas,estava impregnado em sua pele,percorriam sua corrente sanguínea,ela o sentia dentro da mente,fazendo coisas que nas quais ela costumava acreditar,coisas que falava a confundindo com palavras de amor.

Limpou parte do espelho embaçado e se olhou.Olhou de verdade,como uma criança se descobrindo.O mesmo cabelo,os mesmos olhos,o mesmo corpo,nada especial.
Então por que se sentia tão... diferente!
Confusa,frustrada, assustada e despertando algo desconhecido.

- Eu não posso enlouquecer...não posso. - disse a si mesma e suspirou fitando o teto para que mais lágrimas não caíssem.

Vestiu o roupão e abriu a porta do banheiro,quando colocou o primeiro pé no quarto seu celular tocava dentro da bolsa.
Ela ignorou.
O telefone não parava,quando Ellen achava que a pessoa do outro lado da linha tinha desistido o aparelho recomeçava a tocar.

Tendo Patrick ao seu lado ela não tinha percebido o quanto já estavam tão ligados um ao outro,agora sozinha ali ela podia vê-lo sorrindo saindo do banheiro,ou ali deitado fingindo que dormia só para que quando ela deitasse e ele a puxasse para seus braços e fizesse cócegas até ela explodir em gargalhadas,até sentir a barriga doer.
Tudo isso Ellen pensava enquanto ligava a televisão e deitava na cama,mas por outro lado pensava que não deveria mais se entregar aqueles sonhos que para ela naquele momento fora fantasioso.

O celular tocou novamente fazendo ela levantar,quando leu na tela o nome de Patrick deixou tocar contra seu peito até que o som cessasse.
Achando que ele teria desistido depois de cinco minutos sem ligar novamente ela tirou o roupão e se enfiou debaixo do edredom até que adormeceu,mas foi só pegar mesmo no sono profundo até que toda aquela barulheira recomeçasse.
Ela retirou a mão debaixo do edredom e esticou o braço para alcançar o celular no criado mudo.

- Alô?

- Você está bem.Graças a Deus. - Ellen escutou o suspiro de alívio em seu ouvido.

- Quem está falando? - sussurro sonolenta, era quase inaudível.

Só então se lembrou de onde e com quem estava falando,por um momento entrou em transe, se recriminou mentalmente por que esquecera quase tudo o que tinha acontecido.

Top Model,a modelo do magnataOnde histórias criam vida. Descubra agora