09| he will kill me

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Aisha Collins

Não tive coragem o suficiente ontem para chamar Nicholas para tentar matar ele. Se eu não conseguir ele me mata. Agora eu estou no meu trabalho, tentando me concentrar no que eu faço, mas só em duas horas de serviço já errei cinco pedidos.

— Aquele cara está te olhando desde que ele chegou. — disse Alana, me tirando dos meus pensamentos e eu percebi que ela apontava discretamente para algo atrás de mim.

Me virei um pouco, vendo Enzo ali, me olhando.

— Vou atender ele. — eu disse pegando meu bloquinho onde anoto os pedidos.

— Aproveita e pede o número dele. Ele é bonito. — ela disse piscando um olho pra mim e eu balancei minha cabeça.

Comecei a andar até onde ele estava sentado, que era no final da cafeteria. Quando parei em sua frente, me encarava como as três últimas vezes que o vi: de maneira estranha.

Ele é estranho.

— Você não o matou. — afirmou e eu neguei com a cabeça, mesmo sabendo que não foi uma pergunta.

— Não tive coragem. — admiti.

— Me escuta, Aisha. — disse se inclinando sobre a mesa. — Eu conheço Nicholas a muito tempo, e eu sei que se não o matar, ele vai acabar com sua vida sem nem precisar te matar pra isso.

— Por que está tentando me ajudar? — perguntei me exaltando um pouco, mas me acalmei ao perceber que falei um pouco alto e isso atraiu olhares para mim. — Por que você mesmo não mata ele? — disse dessa vez em um tom mais baixo, agradecendo mentalmente quando as pessoas pararam de me olhar.

— Eu não quero te matar, Aisha. — ele disse e eu só conseguia desconfiar.

— Por que não? Você nem me conhece.

— Eu já fiz muita coisa errada, mas eu estou tentando me redimir, e matar alguém inocente não está nos meus planos. — ele disse respirando fundo quando terminou de falar.

— E desejar a morte de alguém certamente é algo que alguém que procura rendição deve fazer. — eu disse não segurando que a frase sarcástica saia.

— Esse alguém que eu quero que morra, é alguém horrível. — ele disse e vi que estava começando a se irritar. — Um monstro que me transformou em um monstro.

Fiquei parada o olhando por um tempo sem dizer nada, do mesmo modo que ele, até que ele diz algo:

— Eu só preciso saber se vai tentar o matar.

Suspirei, desviando o olhar por um tempo, até voltar a olhar pra Enzo.

— Vou. Vou matar ele hoje. — eu disse decidida, vendo ele abrir um pequeno sorriso.

...

Respirei fundo, segurando a adaga enrolada no pano em minhas mãos, enquanto estava no meu quarto. Acabei de chegar em casa, minha mãe saiu para o seu trabalho e eu estou sozinha, o que significa que é o melhor momento para mim tentar matar Nicholas.

Por algum motivo, eu me sinto mal em tentar fazer isso. Ele salvou minha vida.

"Mas ele matou o Carl, sua burra..." Escutei a voz da minha cabeça.

Balancei minha cabeça, respirando fundo mais uma vez. Abri o pano e tirei a adaga, colocando ela com cuidado no bolso da minha blusa de moletom e depois joguei o pano em cima da escrivaninha do meu quarto. A cortina da janela estava aberta, me fazendo ter novamente aquela sensação de estar sendo observada.

Dark SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora