63| communication

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Nicholas Hall

Inspiro profundamente enquanto escuto Aisha falar mal de mim, na minha frente, para a psicóloga. Meus olhos rolam por conta própria.

Pensei que ela já havia tirado essa ideia estúpida da cabeça, mas ontem a noite ela veio toda manhosa me dizer que tinha marcado uma consulta para nós.

Eu não iria aceitar, mas a culpa por ter mentido para ela veio rápido em minha mente, então fiz isso para recompensar minha mentira.

— Ele é muito ciumento. — escuto ela dizer e a psicóloga me encara.

— E você não é? — pergunto irônico.

— Não! — nega rapidamente. — E mesmo se eu fosse, pessoas não correriam perigo.

Solto uma risada.

— Pessoas correm perigo comigo de qualquer forma, com ou sem ciúmes. Me irritam muito fácil. — digo com tédio na voz e a psicóloga anota algo rapidamente em seu bloquinho. — Inclusive, ela está me irritando.

Aponto para a doutora, fazendo a mesma arregalar os olhos e Aisha suspira, deslizando os dedos por sua testa em um gesto de exasperação.

— Está vendo, doutora? Ele é louco. — Aisha exclama, quase num tom desesperado.

— Você é tão louca quanto eu. Caso o contrário não estaria apaixonada por mim. — meu tom sarcástico faz ela arquear a sobrancelha e cruzar os braços.

Percebo a psicóloga nos observar por alguns segundos, nos analisando.

— Parece que há muita tensão aqui. Vamos tentar entender as razões por trás desses sentimentos. — ela diz anotando mais algumas coisas e me encara. —  Nicholas, o que faz você se sentir tão irritado?

— Primeiro: eu não gosto de ser analisado. — respondo com raiva dessa situação. — Segundo: Aisha sempre me provoca, me levando ao meu limite. E ela deveria aceitar que minha natureza demoníaca é ser desse jeito. Eu não vou mudar.

Sinto uma sensação estranha ao contar isso, quase como um alívio, mas a pequena irritação ainda estava presente em mim.

Ela me observa com calma e balança a cabeça em concordância, como se me entendesse.

— Eu sei que ter as suas emoções sendo analisadas podem ser desconfortáveis. — ela diz enquanto eu me encosto no sofá, ficando mais confortável e a encaro sério.

A psicóloga desloca seu olhar de mim para focar em Aisha, que está ao meu lado.

— E você, Aisha, como se sente em relação às reações de Nicholas? —

Ela hesita por um momento, respirando fundo e responde:

— Tá, eu admito. As vezes o provoco e as vezes eu faço porque eu quero. — da de ombros e eu reviro meus olhos. — Mas ele deveria se controlar.

— Muito bom, reconhecer o que fazemos é bom. — a voz da doutora saí calma. — Nicholas, como você se sentiria em tentar controlar suas ações? Poderíamos trabalhar para encontrar uma maneira que beneficiaria os dois no relacionamento.

Cruzo os braços e pondero o que ela diz. Pendo minha cabeça para o lado e respondo.

— Eu poderia tentar lidar de forma diferente com algumas situações se isso for evitar brigas ou qualquer merda do tipo em nosso relacionamento. — digo é sinto o olhar de Aisha em mim e vejo um pequeno sorriso nascer em seus lábios. — Mas Aisha também deve entender que nem tudo está sob meu controle.

A psicóloga assente com a cabeça me encarando.

— Isso é um passo positivo, Nicholas. Comunicar nossos limites é muito importante. — seus olhos vão para minha mulher ao meu lado antes dela perguntar: — E como você se sente escutando isso, Aisha? É possível encontrar um meio termo que seja bom para ambos?

Aisha me encara com um olhar mais suave.

— Fico feliz em ouvir isso, Nicholas. É bom saber que você está disposto a tentar. — responde sorrindo, nitidamente contente. — Acho que podemos encontrar juntos um equilíbrio para manter nosso relacionamento saudável.

Sorrio para ela é pego em sua mão.

Parece que não foi tão ruim quanto imaginei, e sairemos daqui melhor do que entramos. Não que nossa relação estivesse ruim, mas sinto que agora estava melhor.

A psicóloga observa nosso momento de conexão e sorri.

— É ótimo ver que estão dispostos a trabalhar juntos. A comunicação é o essencial para construir um relacionamento saudável. — ela se levanta e nós a acompanhamos. — Se precisarem de mais orientações, estarei aqui.

Ela nos leva até a porta e saímos da sua sala.

Do lado de fora da clínica estava meu carro estacionado e faço questão de abrir a porta para Aisha entrar, fazendo um sorriso enorme aparecer em seus lábios.

Logo estava dirigindo para nossa casa.

— Foi tão ruim assim? — a ouço perguntar.

— É, até que não. — respondo indiferente.

Sinto sua mão atingir um tapa em meu braço, me fazendo rir. Sinceramente seus tapas não doíam.

— Esnobe. Na próxima consulta falarei disso. — arqueiro uma sobrancelha desviando o olhar para ela.

— Quem disse que vai ter próxima? —

— Eu. — aponta para si mesma. — Mas agora falando sério, fico feliz que a gente esteja evoluindo. Nosso relacionamento agora tem tudo para ser saudável se nós tivermos essa comunicação e não omitir coisas um do outro.

Automaticamente lembro do que escondo dela, o que com certeza ocasionaria uma grande briga entre nós.

— Tem razão. — sorrio colocando minha mão em seu joelho descoberto.

O caminho foi feito em silêncio, mas era um silêncio confortável, até que meu celular começa a tocar.

— Atende para mim. — peço e Aisha concorda, pegando meu celular e o colocando perto da orelha.

— Alô? —

Esse é o número do Nicholas, não é? — escuto uma voz feminina do outro lado do telefone, fazendo Aisha franzir o cenho.

— Sim, ele não pode falar agora. Quem está falando? — ela me encara séria.

Depois ela alega não ter ciúmes.

Jennifer Hall. —





































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Dark SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora