31| hallucination

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Aisha Collins

Nunca estive com tanto ódio do Nicholas como estou agora. Ainda não entendia a necessidade de matar o pobre animalzinho indefeso, e isso só mostra o quão ruim ele é por dentro.

Eu não conseguia entender como alguém tinha coragem de matar assim tão friamente.

E ele não tem o menor direito de me ameaçar para eu não poder aceitar o acordo. Eu sei que não é algo muito inteligente, mas eu ainda me sinto tão culpada, se eu pudesse fazer algo para mudar eu faria.

E eu posso fazer, mas o desgraçado não permite.

Era engraçado como a boa relação entre nós dois durou apenas algumas horas. Ainda me lembrava de seus toques e eu com certeza prefiria que estivéssemos bem, porque quando ele não está irritado, Nicholas é suportável.

Mas manter a paz com ele é praticamente impossível.

Se invés de acabar com vidas, ele soubesse conversar, não estaríamos do jeito que estamos.

Por que ele tinha que estragar tudo? Por que ele apenas não me deixou cuidar do passarinho?

Eu ainda pensava no filhote e eu estava com tanta dó dele ter morrido, que simplesmente não conseguia dormir. O quarto estava escuro e eu rolava de um lado para o outro tentando adormecer, mas simplesmente não conseguia.

Quando estava finalmente pegando no sono, um grito me fez abrir meus olhos. Era Nicholas, ele parecia estar gritando com alguém.

Franzi meu cenho e me levantei da cama. Sua voz vinha da cozinha no andar debaixo, então em passos lentos e silenciosos, descia as escadas e me aproximei do cômodo de onde eu o escutava.

Ele parecia brigar com alguém e eu estava começando a ficar assustada com quem ele poderia estar brigando. Mas fiquei surpresa ao entrar na cozinha e me deparar com ele de costas para mim falando com ninguém.

— Nicholas? — chamei ele, mas ele não se virou para mim.

Sua voz cessou e ele ficou parado, enquanto eu me aproximava lentamente.

— Nicholas? — o chamei novamente tocando em seu ombro e ele se virou rapidamente, agarrando meu pulso e afastando minha mão dele.

Tomei um susto ao perceber seus olhos totalmente pretos e fiquei assustada ao ver que em sua mão direita ele segurava uma faca.

Nicholas me empurrou contra a bancada e apontou a faca para meu pescoço, me fazendo arregalar meus olhos.

— Você não pode mais me machucar. — ele disse e eu engoli em seco.

— O que? — perguntei assustada com meu coração acelerado.

— Por que você voltou? Vadia, sai da minha cabeça. — gritou me deixando cada vez mais confusa e assustada.

Tentei o empurrar, mas não conseguia e já estava sentindo a ponta da faca machucando minha pele. Segurei por cima da sua mão na tentativa de o fazer soltar a faca.

— Eu te odeio, Taylor. — ele disse e o vi fraquejar, enquanto caia uma lágrima de seus olhos negros.

Não sei o que estava me assustando mais no momento, ele me apontando uma faca, sua alucinação ou o ver chorar.

— Sou eu, a Aisha. — eu disse tirando minhas mãos de cima da sua e segurando seu rosto.

Minhas mãos estavam trêmulas e eu estava assustada até a merda, mas eu precisava o tirar dessa alucinação que ele estava.

— Ela não está aqui. — sequei suas lágrimas e ele olhou no fundo dos meus olhos.

Ele franziu o cenho e vi seus olhos voltarem a coloração normal, enquanto ele se afastava de mim parecendo tão assustado quanto eu. Continuei encostada na bancada da cozinha, tentando normalizar as batidas do meu coração.

Dark SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora