23| intuition

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Nicholas Hall

— Não acho que você deveria beber tanto assim. — escutei a voz irritante da Victoria ao meu lado.

— Fodase o que você acha, eu não te perguntei. — eu disse virando todo o líquido em minha boca, sentindo descer rasgando em minha garganta.

— Que merda, Nicholas. — escutei ela chiar. — O que aconteceu?

— Porque invés de me perturbar, você não vai atrás do Ethan e encher o saco dele? — perguntei me virando pra ela. — Ou encher sua boca com o saco dele.

O rosto dela se contraiu de irritação, enquanto suas bochechas ganhavam cor.

— Você é um maldito babaca. — ela disse se levantando do banco que estava sentada. — Eu estou tentando te ajudar, ser sua amiga e você fica me tratando que nem lixo.

— Eu não estou te pedindo merda nenhuma. — eu disse pegando a garrafa de whisky e enchendo meu copo novamente.

— Um dia você vai se arrepender de tratar quem gosta de você assim. — ela disse se aproximando de mim e apontando sua enorme unha na minha direção.

— Eu vou? — perguntei com ironia e bebendo mais um gole.

— Tomara que você entre em um coma alcoólico e morra. — ela disse com raiva e eu arqueei uma sobrancelha.

— Você sabe que isso nunca vai acontecer.

— Fodase. — ela disse bufando e saindo de perto de mim.

Finalmente.

As vezes eu quase me sinto mal em tratar algumas pessoas mal, mas elas sabem como eu sou e continuam por perto porque querem.

Sinceramente, eu não gosto quando sentem algo bom por mim, porque eu sei que vou magoar essa pessoa e eu não vou me importar quando fizer. Não o suficiente para pedir desculpas ou parar de fazer.

O único sentimento que eu gosto que tenham por mim, é o ódio, assim não preciso me preocupar se vou fazer uma merda que vai magoar a pessoa, porque ela já me odeia.

Diferente de quando gostam de mim, o que eu acho questionável, não sei porque alguém iria gostar de mim ou esperar algo bom de mim, eu nunca dei qualquer sinal de que sou ou seria um ser humano decente.

Por isso a culpa não é minha se as pessoas se magoam, porque elas se iludem sozinhas.

Bebi outro gole da bebida, percebendo que estou quase bebendo como se fosse água e quase no estado que eu mais gosto: o momento em que eu esqueço as coisas.

Mas ela ainda estava nitidamente em minha cabeça. A Aisha estava fodendo com a porra da minha cabeça.

Eu realmente pensei que iríamos ficar bem, iríamos nos entender e parar com as brigas, mas ela foi atrás de saber do meu passado e eu surtei.

Era até engraçado eu ameaçar ela, quando eu sinto que não seria capaz de machucar tanto ela. Pelo menos não como antes.

Ela me deixa confuso. Já senti meu coração acelerar perto dela, já senti vontade de pedir desculpas por tudo e já senti muita vontade de socar a cabeça dela na parede.

Mas a certeza que eu tenho, é que eu não posso sentir nada por ela. Nunca.

No momento em que eu começar a sentir 1% de qualquer sentimento bom por ela, acabou para nós dois.

Na real, eu nem sei se é verdade esse negócio da ligação, eu não tenho certeza de que se ela morrer eu morro, mas eu nunca iria testar pra descobrir.

Dark SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora