60| movie

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Aisha Collins

A uma semana do Natal, nossa casa reluzia com luzes pisca pisca, cada canto adornado com decorações que brilhavam, trazendo uma sensação de conforto. E sim, estávamos atrasados e pelo Nicholas, nem iríamos comemorar nada.

— Já sabe quem vai chamar para o Natal? — perguntei para Nicholas ao me deitar do seu lado para dormir.

— Todos meus amigos você já vai chamar. — respondeu com os olhos fixos em um filme de terror que ele assistia.

— É faz sentido.— desviei o olhar dele para a televisão por alguns segundos.

Um dos programas favoritos de Nicholas, sem envolver tortura, mortes ou qualquer coisa que fere outra pessoa, era assistir filmes de terror. Eu os odiava, mas quase sempre era obrigada a assistir com ele quando o mesmo zombava de mim dizendo que eu era medrosa, e isso me incentivava a assistir só para provar que ele estava errado.

Mas ele estava certo.

— Não quero esse filme. — me deitei ao seu lado e ele me ignorou.

Uma careta distorceu meu rosto ao testemunhar a carnificina na tela, e o som agudo de gritos ecoou me causando um quase desconforto, enquanto Nicholas demonstrava não sentir nada ao assistir.

— Mas eu sei um filme legal que podemos assistir. — abri um sorriso sugestivo.

— Seus filmes são sem graça. — abri a boca indignada.

— E os seus que sempre são as mesmas coisas. — ele me encarou arqueando uma sobrancelha. — Sempre tem um assassino que corre atrás de um monte de adolescente burro e apenas um sobrevive.

Cruzei meus braços e ele suspirou em desistência.

— Coloque seu filme então. — me entregou o controle e eu abri um sorriso largo.

— Você vai amar esse e vai entrar ainda mais no clima de natal. — eu tirei do que estava passando e pesquisei "natal" o que fez vários filmes dessa temática aparecer.

— Eu não estou no clima de natal. — reclamou ranzinza.

— Por isso mesmo você precisa desse filme. — disse como se fosse óbvio.

Coloquei a comédia romântica e assisti com atenção.

Decidi escolher um que eu não havia assistido para ter mais graça e aparentemente Nicholas gostou, pois seus olhos estavam fixos na televisão. Mas ao perceber meu foco nele, seus olhos, antes presos à tela, se desviaram para mim e uma intensidade silenciosa cresceu entre nossos olhares.

Retornei a encarar a tela da televisão enquanto ainda podia sentir o calor do olhar dele sobre mim, como se cada olhar fosse uma carícia no silêncio do quarto.

Já estávamos quase no fim do filme e as vezes algumas risadas sinceras me escapava.

— Fala se esse filme não é bom? — perguntei rindo de uma cena específica e o encarei, percebendo que já me olhava.

— Sim. — meu sorriso foi diminuindo aos poucos e o barulho do filme ficou gradualmente mais baixo enquanto o observava me encarar tão profundamente.

Um suspiro sutil e controlado escapou de meus lábios, preenchendo o ar com antecipação ao sentir ele se aproximar devagar. Como se houvesse um ímã em seu corpo me puxando para perto dele, me aproximei também.

Ao encarar seu rosto atentamente, gravando cada detalhe perfeito dele em minha mente, meus olhos se ficaram em seus lábios que agora parecia ser mil vezes mais interessante do que o filme que passava na televisão.

Dark SoulmateOnde histórias criam vida. Descubra agora