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Sendo a pessoa asquerosa que é, Jungkook ainda está no meu quarto quando volto, sentado na minha cama. Imagens minhas pegando um abajur e
quebrando na cabeça dele surgem na minha mente, mas no momento não tenho energia suficiente para brigar.
— Não vou pedir desculpas —, Jungkook avisa quando passo por ele a caminho da cama de Tae. Recuso-me a sentar na minha cama com ele lá.
— Eu sei —, digo antes de me deitar.
Não vou me deixar levar para outra briga, nem quero que ele se desculpe. Eu o conheço bem demais para isso. Mas, pensando bem, não sei nada
sobre ele. Ontem à noite Jungkook era só um menino revoltado por ter sido abandonado pelo pai e usava esse ressentimento como escudo para manter as pessoas à distância.

Hoje de manhã, eu o vejo como uma pessoa terrível e odiosa. Não existe nada de bom em Jungkook. Se em algum momento acreditei que existia, foi só porque me deixei enganar por ele.
— Ele precisava saber —, afirma Jungkook.

Mordo meu lábio para segurar o choro. Fico em silêncio até ouvir Jungkook se levantar e vir na minha direção.
— Vá embora, Jungkook —, peço, mas quando olho o vejo de pé ao meu lado. Quando ele se senta na cama, eu me levanto em um pulo.
— Ele precisava saber —, Jungkook repete, e a raiva borbulha dentro de mim. Sei que só está querendo me provocar.
— Por quê, Jungkook? Por que ele precisava saber? Me diz o que isso trouxe de bom além de magoar Jongin. Para você não faz diferença se ele sabia ou não… você podia continuar sua vida normalmente se tivesse mantido a boca fechada. Não tinha o direito de fazer isso com ele, nem comigo. —

Sinto as lágrimas brotarem outra vez e não consigo segurá-las.
— Se eu fosse ele, ia querer saber —, Jungkook diz com um tom de voz frio e impassível.
— Mas você não é ele e nunca vai ser. Fui burro de pensar que você poderia ser como ele. Aliás, desde quando se preocupa com o que é certo ou
errado? —
— Nem tente me comparar com ele —, Jungkook esbraveja, deixando-me ainda mais irritado por não responder à minha pergunta e ainda distorcer o que estou dizendo. Ele se levanta e tenta se
aproximar de mim, mas eu me encolho do outro lado da cama.
— Não existe comparação. Ainda não deu para entender? Você é um babaca cruel e asqueroso que não está nem aí para ninguém além de si mesmo. E
ele… ele me ama. Está tentando me perdoar pelos meus erros. —
Olho bem em seus olhos.
— Meus erros terríveis —, acrescento.
Jungkook da um passo para trás como se eu o tivesse empurrado.
— Perdoar você? —
— É, ele vai me perdoar por isso. Sei que vai. Porque ele me ama, então seu plano patético de tentar fazer eu terminar na sua frente, enquanto você fica dando risada, não funcionou. Agora sai do
meu quarto. —
— Não foi isso que… eu… —, ele começa,mas o interrompo. Já perdi tempo demais com Jungkook.
— Fora daqui! Sei que você já deve estar
tramando seu próximo golpe contra mim, mas adivinha só, Jungkook? Não vai mais funcionar. Agora dá o fora do meu quarto, porra! —
Fico surpreso com a aspereza das minhas próprias palavras, mas não
me sinto mal em usá-las.
— Não é nada disso, Ji. Depois de ontem à noite, pensei que… Sei lá, pensei que você e eu… —
Ele parece estar tropeçando nas próprias palavras, o que para mim é inédito. Parte de mim, uma parte nada pequena, está ansioso para ouvir o que Jungkook  vai dizer, mas foi assim que comecei a me envolver.

AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora