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∞︎︎

O vazio que sinto depois de deixar Jungkook em casa é estranho, e faz com que eu me sinta meio ridículo. Depois do trajeto curto de volta ao dormitório, sinto como se o tivesse deixado há horas. Tae não está no quarto quando chego, mas fico contente. Preciso estudar e me preparar para meu primeiro dia na editora. Tenho que decidir o que vestir, o que levar, o que vou dizer.

Pego minha agenda, planejo minha semana toda e então começo a pensar nas roupas. No primeiro dia na editora vou usar minha bermuda preta nova, uma blusa vermelha e sapatos pretos. A roupa é muito profissional, mas ainda bonita. Distraído, penso se Jungkook vai
gostar.
Para não pensar nele, termino todos os
trabalhos da semana e mais alguns. Quando acabo o sol já desapareceu e estou faminto, mas a lanchonete do campus está fechada. Jungkook ainda
não enviou uma mensagem, então acho que não vamos jantar.

Pego a bolsa e saio para comer alguma coisa. Eu me lembro de ter visto um restaurante chinês perto da pequena biblioteca, mas quando chego o
lugar está fechado. Pesquiso os restaurantes mais próximos e encontro um lugar chamado Ice House. Quando chego lá, é pequeno e parece feito
de alumínio, mas estou com fome, e pensar em encontrar outro lugar para comer faz meu estômago roncar ainda mais.

Saio e percebo que é um tipo de bar que serve comida. Está bem cheio, mas, para minha surpresa, encontro uma mesa
pequena no fundo. Ignoro os olhares das pessoas ali, que devem estar se perguntando por que estou sozinho. Estou acostumado com isso. Não sou do tipo que precisa sempre de companhia. Saio para fazer compras sozinho, como sozinho, fui ao cinema sozinho algumas vezes, quando Jongin não podia ir comigo.
Nunca tinha me importado em ficar sozinho… até agora, para ser sincero. Sinto falta de Jungkook mais do que deveria, e me preocupa o fato de ele não ter se dado ao trabalho de enviar uma mensagem.

Faço o pedido e, enquanto espero a comida, a garçonete traz um drinque cor-de-rosa com um guarda-chuvinha amarelo.
— Eu não pedi isso —, digo, mas ela coloca o copo na minha frente mesmo assim.
— Ele pediu. — A garçonete sorri e inclina a cabeça em direção ao bar. No mesmo instante, torço para que seja Jungkook e viro a cabeça para olhar. Mas não é. Taemin acena e abre um sorriso lindo do outro lado do salão. Choi se aproxima e se senta no banco vazio ao lado dele, e também sorri para mim.
— Ah, obrigado —, digo a ela. Parece que todos os lugares perto desse campus permitem que menores de idade bebam, ou talvez esses caras só frequentem lugares onde possam beber. Ela diz
que meu pedido vai chegar daqui a pouco e se afasta.

Alguns momentos depois, Taemin e Choi se aproximam, puxam uma cadeira cada um e se sentam. Espero que Taemin não esteja bravo comigo pelo que aconteceu na sexta-feira.
— Você é a última pessoa que esperaria ver aqui, ainda mais num domingo—, Choi diz.
— Foi por acaso. Eu ia ao restaurante chinês, mas estava fechado —, digo.
— Você viu Jungkook por aí? —, Taemin pergunta com um sorriso antes de olhar para Choi, que olha para ele de modo misterioso e então se vira para mim.
— Não. E vocês? —, pergunto a eles. Está claro, na minha voz, que estou irritado.
— Vimos faz algumas horas, mas ele deve chegar logo —, Choi responde.
— Aqui? —, pergunto. Minha comida chega, mas perdi o apetite. E se Yeri estiver com ele? Não vou aguentar, não depois do fim de semana que acabamos de ter juntos.
— Sim, a gente vem sempre aqui. Posso telefonar para ele para saber quando vai chegar —, Taemin sugere, mas eu recuso.
— Não, tudo bem. Na verdade, já estou indo embora. — Olho ao redor procurando a garçonete para pedir a conta.
— Não gostou da bebida? —, Taemin pergunta.
— Na verdade, não provei. Obrigado por ter pedido para mim, mas preciso ir. —
— Vocês andaram brigando de novo? —, ele pergunta. Choi faz menção de dizer algo, mas Taemin lança a ele um olhar do outro lado da mesa. O que está acontecendo? Taemin toma um gole da bebida e olha para Choi de novo.
— Ele disse alguma coisa? —, pergunto.
— Nada, só que vocês estão se entendendo
melhor agora—, Taemin diz. O bar, que já é pequeno, parece ainda menor agora, e estou desesperado para ir embora.
— Ah, ali estão eles! —, Choi diz.

Olho para a porta e vejo Jungkook, Jackson, Hoseok, Tae e Yeri… Eu tinha certeza. Sei que são amigos, e não quero parecer controlador nem nada assim, mas não suporto ver Jungkook perto daquela garota.
Quando Jungkook me vê, parece surpreso e quase temeroso. De novo, não. A garçonete se aproxima enquanto caminham em direção à nossa mesa.
— Pode embrulhar para viagem e trazer a conta, por favor? —, peço a ela, que parece surpresa, então olha para todos que acabaram de chegar e concorda, voltando com meu prato para a cozinha.
— Você já vai? —, Tae pergunta. Os cinco se sentam à mesa ao lado da nossa. Eu me recuso a olhar para Jungkook. Odeio ver como fica diferente quando está com os amigos. Por que não pode ser o mesmo Jungkook com quem passei o fim de semana?
— Eu… tenho que estudar —, minto.
Ele sorri.
— Você deveria ficar… Já estuda demais! —

A pouca esperança que tinha de que Jungkook me abraçasse e me dissesse que sentiu minha falta desaparece. A garçonete chega com minha comida,
e eu entrego a ela uma nota de vinte e me levanto para sair.
— Bom, tchau para vocês —, digo. Olho para Jungkook e de novo para o chão.
— Espera —, Jungkook diz. Eu me viro e olho para ele. Por favor, que não faça um comentário grosseiro nem beije Yeri de novo.

— Você não vai me dar um beijo de boa-noite? — Ele sorri. Olho em volta e todos os amigos dele parecem um pouco surpresos e confusos.
— O-o quê? —, pergunto, gaguejando. Endireito os ombros e olho para ele de novo.
— Não vai me dar um beijo antes de sair?— Ele se levanta e caminha na minha direção. Eu queria isso, mas agora me sinto desconfortável com todo mundo olhando.
— Hum…— Não sei o que dizer.
— Por que daria?— Yeri ri. Meu Deus, não suporto essa menina.
— Porque eles estão juntos, claro —, Tae diz a ela.
— O quê? —, diz Yeri.
— Cala a boca, Yeri —, Taemin diz, e sinto vontade de agradecer, mas alguma coisa em sua voz me faz achar estranhas as palavras que escolheu. Isso é mais do que desconfortável.
— Tchau, pessoal —, digo de novo e caminho em direção à porta.
Jungkook me segue e segura meu braço para me impedir.

— Por que você vai embora? E por que está aqui, para começo de conversa? —
— Bom, eu estava com fome e vim aqui para comer. Agora estou saindo porque você estava me ignorando e eu…
— Eu não estava ignorando você, só não soube o que dizer ou fazer. Não pensei que veria você aqui, fui pego de surpresa—, ele explica.
— Sim, com certeza. Você não me enviou nenhuma mensagem o dia todo e agora está aqui com Yeril. — Minha voz sai mais estridente do que eu pretendia.
— E Jackson, Hoseok e Tae. Não só com Yeri —, ele diz.
— Eu sei… mas vocês têm um passado e isso me incomoda. — Certamente quebrei o recorde de crise de ciúme mais rápida.
— É o que você disse: passado. Não foi nada como isto… como nós —, ele diz.
Suspiro.
— Eu sei, mas não consigo me controlar. —
— Eu sei. Como acha que me senti quando entrei e vi você sentada com Taemin? —
— Não é a mesma coisa. Você e Yeri dormiram juntos. — Só dizer isso já dói.
— Ji… —
— Eu sei, é loucura, mas não consigo controlar. —
Desvio o olhar.
— Não é loucura. Eu entendo. Só não sei o que fazer em relação a isso. Yeri faz parte do grupo e provavelmente sempre vai fazer. —
Não sei o que esperava que ele dissesse, mas esse “foi mal” não serve. “Certo.” Eu deveria estar feliz por ele ter contado a todo mundo que estamos juntos, mas a coisa toda é esquisita.
— Vou nessa —, digo a ele.
— Então vou com você. —
— Tem certeza de que quer deixar seus amigos? —
Ele revira os olhos e me acompanha até o carro. Tento esconder meu sorriso quando entramos.Pelo menos sei que prefere ficar comigo a ficar com Yeri.

— Você chegou faz tempo? —, Jungkook pergunta quando saio do estacionamento.
— Uns vinte minutos. —
— Ah. Você não marcou com Taemin lá, né? —
— Não. Foi o único lugar aberto que encontrei. Não fazia ideia de que ele estava ali, ou de que você ia aparecer. Afinal, você não me escreveu. —
— Ah —, Jungkook diz e faz uma pausa. Ele olha para mim de novo e diz:
— Sobre o que vocês conversaram? —.
— Nada. Ele ficou cinco minutos na minha mesa e logo vocês chegaram. Por quê?—
— Só curiosidade. — Ele tamborila os dedos no joelho.
— Senti saudade hoje. —
— Eu também —, digo quando entramos no campus.
— Estudei bastante e preparei tudo para
meu primeiro dia na editora. —
— Você quer que eu leve você até lá amanhã? —
— Não, foi para isso que comprei o carro
lembra?— Dou risada.
— Mesmo assim, eu poderia levar você —, ele oferece quando chegamos no quarto e entramos.
— Não, tudo bem. Vou dirigindo. Mas obrigado mesmo assim. —
Quando estou prestes a perguntar o que ele fez o dia todo, e por que não enviou uma mensagem se sentiu tanto minha falta, paro de respirar porque o pânico me domina.

Minha mãe está de pé na frente da minha porta, com os braços cruzados e parecendo furiosa.


∞︎︎

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AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora