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∞︎︎

Deixo de lado o livro e vejo as horas no
telefone. É pouco mais de meia-noite, então acho melhor dormir. Jungkook tentou me atrair para a cama um pouco mais cedo, dizendo que não conseguia dormir sem mim, mas me mantive
firme e o ignorei até ele desistir.

Estou quase pegando no sono quando o ouço gritar:
— Não! —. Pulo do sofá sem pensar duas vezes e vou correndo para o quarto. Ele está se debatendo sob o cobertor pesado, todo suado.
— Jungkook, acorda —, digo baixinho, e o sacudo pelo ombro, afastando com a outra mão uma mecha de cabelo que o suor fez grudar em sua testa.
Ele abre os olhos cheios de terror.
— Está tudo bem… shh… foi só um pesadelo. —
Faço o melhor que posso para acalmá-lo. Meus dedos passam por seus cabelos e depois pelo seu rosto. Jungkook está tremendo quando subo na cama e o abraço por trás. Sinto que relaxa quando encosto meu rosto em sua pele suada.
— Por favor, fica comigo —, ele implora. Solto um suspiro e fico em silêncio, abraçando-o com mais força.
— Obrigado —, sussurra, e em questão de minutos já está dormindo de novo.
A água quente não é suficiente para relaxar a tensão dos meus músculos, por mais que fique debaixo do chuveiro. Estou exausta por causa da noite maldormida e da frustração com Jungkook. Ele estava dormindo quando entrei no banho, e rezo para que continue assim até eu sair para ir à editora.

Infelizmente, minhas preces não são atendidas, e ele está de pé ao lado do balcão da cozinha quando saio do banheiro.
— Você está lindo hoje —, Jungkook diz com a maior tranquilidade.
Reviro os olhos e passo direto por ele para
tomar uma xícara de café antes de sair.
— Não vai falar comigo? —
— Agora não. Preciso ir trabalhar, e não estou a fim de papo —, esbravejo.
— Mas você… dormiu comigo —, ele argumenta.
— É, mas só porque você estava gritando e tremendo. Isso não significa que está tudo perdoado. Preciso de uma explicação para isso tudo, os segredos, as brigas, e até os pesadelos, ou então chega. — Fico surpreso comigo mesmo ao dizer isso.
Jungkook solta um grunhido e passa as mãos pelos cabelos.
— Jimin… não é tão simples assim.—
— Na verdade é. Confiei em você o suficiente para cortar relações com minha mãe e vir morar com você depois de pouquíssimo tempo de namoro. Você deveria confiar o suficiente em mim
para contar o que está acontecendo.—
— Você não vai entender. Sei que não—, ele diz.
— Tenta.—
—Eu… e-eu não consigo —, ele gagueja.
— Então não posso mais ficar com você. Sinto muito, mas você teve inúmeras chances, e mesmo assim…—, começo a dizer.
—Não diz isso. Nem pensa em me abandonar. —
Seu tom de voz é raivoso, mas em seus olhos só vejo dor.
— Então me dá uma resposta. O que acha que eu não vou entender? É sobre seus pesadelos? —, pergunto.

— Diz que não vai me abandonar—, ele pede. Manter uma postura firme com Jungkook está se revelando muito mais difícil do que eu imaginava, principalmente quando fica assim tão abalado.
— Preciso ir. Já estou atrasado—, digo antes de ir para o quarto me trocar com a maior pressa que consigo. Parte de mim fica contente por ele não ter me seguido, mas a outra parte gostaria que ele tivesse.
Jungkook ainda está parado de pé na cozinha, sem camisa, segurando a caneca de café na mão, quando saio.
Fico pensando no que ele me disse hoje de manhã. O que acha que sou incapaz de entender?
Jamais o julgaria por nada que pudesse lhe causar pesadelos. Espero que seja sobre isso que estava falando, porque não consigo ignorar o fato de que estou deixando passar alguma coisa bem óbvia nessa história toda.

Fico me sentindo culpado e tenso quase toda a manhã, mas então Yuna me manda um e-mail com links para vídeos engraçadíssimos no YouTube, e meu humor muda. Na hora do almoço, já quase me esqueci dos problemas de casa.

Jungkookie♡

|Desculpa por tudo.
Por favor, volta
depois do trabalho.

AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora