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Apesar de ter tentado evitá-lo a semana toda, no fim acabo ficando sozinho no carro com ele.
Jungkook nem me olha quando entro e ponho o cinto de segurança. Puxo a camisa para baixo outra vez, tentando cobrir as coxas. Ficamos em silêncio
por um momento e saímos do estacionamento.
Ainda bem que Yeri não veio também
– preferiria ir a pé a ter que vê-la se jogando em cima dele o tempo todo.

— Qual é a do novo visual?—,
ele enfim pergunta quando entramos na via expressa.

— Hã… bom, Tae queria tentar alguma coisa nova comigo, acho. —
Mantenho os olhos voltados para os edifícios que passam pela janela. A música pesada de sempre está tocando no carro.

— Meio exagerado, não acha? —,
ele pergunta, fazendo-me cerrar os punhos. Então é esse o plano dele para hoje, insultar-me até o campus.

— Você não precisava me levar de volta. —
Encosto a cabeça na janela, tentando criar o máximo de espaço possível entre nós.

— Não precisa ficar na defensiva. Só estou dizendo que a transformação foi um pouco radical demais.—

— Bom, ainda bem que não me preocupo com sua opinião, mas, pela maneira como você falava do
meu visual de sempre, fico surpreso que não tenha gostado mais de mim assim—, retruco, e fecho os olhos. Começo a me sentir exausto. Jungkook está sugando o pouco de energia que havia em mim.
Ele ri baixinho e desliga o som.

— Nunca falei que não gostava do seu visual. Das roupas, sim, mas
acho que até aquelas bermudas longas horrorosas são melhor que isso.—
Ele está tentando se explicar, mas sua resposta não faz o menor sentido. Aparentemente Jungkook gosta da maneira como Yeri se veste, que é bem
mais vulgar, então qual é o problema com as roupas que estou usando?
— Está me ouvindo, Jimin? —,
ele pergunta, e sinto sua mão sobre minha coxa. Afasto seu toque e abro
os olhos.
— Ouvi, mas não tenho nada a dizer. Se não gosta da maneira como estou vestido, é só não olhar pra mim.—
Uma coisa boa de falar com Jungkook é saber que posso dizer exatamente o que passa pela minha cabeça sem medo de magoar seus sentimentos, já que ele não tem nenhum.

— Mas o problema é exatamente esse. Não consigo parar de olhar pra você.—

Quando essas palavras saem de sua boca, sinto vontade de abrir a porta do carro e me atirar no meio da estrada.

— Ah, qual é? —
Dou risada. Sei que ele fala essas coisas mais agradáveis, mas não muito claras, só para me atingir com mais força ao distorcê-las em seguida e me insultar outra vez.
— Que foi? É verdade. Gostei da roupa nova, mas você não precisa de tanta maquiagem. As meninas usam toneladas só para ficar tão bonitas quanto você sem nada no rosto.—

Como é? Ele deve ter esquecido que estamos brigados, que ele tentou arruinar minha vida há menos de uma semana e que nós nos detestamos.

— Você não está esperando que eu agradeça, né? —,
digo com uma risadinha. Ele é tão incompreensível… Em um momento está carrancudo e irritado, e no seguinte me diz que não consegue parar de me olhar.
— Por que não contou a verdade sobre Namjoon e eu? —,
ele pergunta, mudando de assunto.

— Porque está na cara que você não quer que eles saibam. —
— Então Por que você guardaria segredo?—
— Porque é seu, não meu —
Ele me encara com os olhos semicerrados e um leve sorriso.
— Entenderia se você contasse,
considerando o que fiz com Noah. —
— Pois é, mas não sou você. —
— Não é mesmo —,
ele responde, com um tom de voz baixo. Depois disso permanece em silêncio pelo restante do trajeto, e eu também.
Não tenho nada a dizer.

Quando enfim chegamos ao campus, Jungkook estaciona na vaga mais distante possível do meu quarto. Claro. Abro a porta, e sua mão toca mais uma vez minha coxa.
— Você não vai me agradecer?—
Ele sorri, e eu balanço a cabeça.

— Obrigada pela carona —,
digo com um tom sarcástico.

— Agora vá logo, Yeri está esperando—,
acrescento enquanto desço. Espero que não tenha ouvido. Não sei nem por que disse isso.

— Pois é… É melhor eu ir mesmo, ela fica bem divertida quando bebe —,
ele diz com um sorrisinho.

Tentando não demonstrar que essa frase me atingiu como um soco no estômago, me agacho para olhar pela janela do passageiro, e Jungkook baixa o vidro para mim.

— É, deve ficar mesmo. Enfim,Jongin está vindo —,
minto, e ele estreita os olhos.

— É mesmo? —
Jungkook começa a mexer nas unhas – um tique nervoso, presumo.

— É, sim. A gente se vê.—
Sorrio e saio andando. Jungkook desce do carro e fecha a porta.

— Espera! —,
ele diz, e eu me viro.

— É que… Esquece, pensei que você, hã, tinha derrubado alguma coisa, mas não foi nada. —
Ele fica vermelho.

Está claramente mentindo, e quero saber o que ia dizer, mas preciso manter distância, então é isso que eu faço.
— Tchau, Jungkook. —
Essas palavras significam muito mais para mim do que deixo transparecer.

Não olho para trás para ver se está me seguindo porque sei que não está.
Tiro os sapatos antes de chegar ao
quarto e vou andando descalço pelo campus até lá. Assim que entro no quarto, ponho meu pijama e ligo para Jongin. Ele atende no segundo toque.

— Oi —, digo com um gritinho exageradamente agudo. É só Jongin, por que estou tão nervoso?

— Oi, Jimin, como foi seu dia? —,
ele pergunta em um tom ameno. Nem parece o Jongin frio e distante da última semana. Solto um suspiro de alívio.

— Foi legal. Vou ficar aqui no meu quarto mesmo hoje à noite. E você, o que está fazendo?— 
Faço questão de não mencionar o jantar com Tae e o pessoal, principalmente Jungkook. Isso não ia ajudar em nada minha campanha pelo perdão.

— Acabei de sair do treino. Acho que vou aproveitar a noite para estudar, porque amanhã vou ajudar os novos vizinhos a cortar uma árvore no
quintal. —
Ele está sempre ajudando todo mundo. Jongin é bom demais para mim.

— Também vou estudar hoje à noite.—
— Queria que pudéssemos estudar juntos —,
ele diz, e eu abro um sorriso enquanto tiro as bolinhas das minhas meias felpudas.
— É mesmo? —
— Claro que sim, Jimin. Ainda amo você e estou com saudade. Mas preciso ter certeza de que esse tipo de coisa nunca mais vai acontecer. Estou disposto a relevar tudo, mas você tem que me
prometer que vai ficar longe dele —, Jongin exige, recusando-se a dizer o nome de Jungkook.
— Claro que vou, eu juro… Eu te amo!— Uma parte de mim sabe muito bem que só estou fazendo isso por desespero, para conseguir o perdão de Jongin
– e também para não ficar totalmente sozinho e ainda mais vulnerável a Jungkook –, mas ignoro.

Depois de dizermos que nos amamos mais algumas vezes, Jongin aceita me acompanhar na fogueira do próximo fim de semana, e nós desligamos o telefone. Procuro na internet a loja
de carros mais próxima do campus, e para minha sorte parece haver uma boa oferta de revendedoras de veículos usados para arrancar dinheiro dos estudantes.

Depois de pegar o endereço de algumas, remexo no estojo de maquiagem de Tae  e encontro os produtos para tirar toda aquela pintura do rosto. Leva um bom tempo, e esse processo irritante é mais um lembrete para nunca usar maquiagem de novo, por mais que fique bom.

                   
                        ∞︎︎                           

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Boa leitura!!

AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora