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  ∞︎︎


Ele não é boa companhia, e ficar o tempo todo me estranhando com alguém é cansativo.
Finalmente chega a segunda-feira, meu
p

rimeiro dia de aula, e não poderia estar mais preparado. Acordo bem cedo para poder tomar banho sem pressa e sem garotos por perto.

Minha camisa branca e minha bermuda bege estão impecavelmente passadas e prontas para usar. Eu me visto, prendo os cabelos e ponho a mochila nas
costas.
Já estou quase saindo - uns quinze
minutos antes da hora, para não chegar atrasado - quando o despertador de Taehyung toca. Ele aperta o botão de soneca, e fico pensando se não é
melhor acordá-lo.

Mas suas aulas podem começar mais tarde que as minhas, ou ele pode estar
planejando não ir. A ideia de faltar no primeiro dia de aula me deixa apavorado, mas ele está no segundo ano, deve saber o que está fazendo.

Depois de uma última espiada no espelho, vou para minha primeira aula. Estudar o mapa do campus se revela uma boa ideia, e encontro o primeiro prédio ao qual devo ir em menos de vinte minutos. Quando entro na sala da aula de história, a classe está vazia, a não ser por uma única pessoa.

Como se trata de alguém que também se
preocupa em ser pontual, me sento ao seu lado. Ele pode se tornar meu primeiro amigo por aqui.

— Onde está todo mundo? —, pergunto, e ele sorri, de uma forma que me deixa imediatamente à vontade.

— Provavelmente correndo pelo campus para conseguir chegar aqui em cima da hora —, ele brinca, e nossa conexão é imediata. Era exatamente isso que eu estava pensando.

— Meu nome é Park Jimin —, digo, abrindo um sorriso simpático.

— Kim Namjoon —, ele se apresenta, abrindo um sorriso adorável. Passamos o restante do tempo antes do início da aula conversando.
Ele quer se formar em inglês, assim como eu, e tem um namorado chamado Seokjin. Não tira sarro de mim nem altera seus modos quando conto que Jongin é mais novo que eu.

Quando a sala começa a se encher, Namjoon e eu fazemos questão de nos
apresentar para o professor. À medida que o dia passa, começo a me
arrepender de ter escolhido cursar cinco matérias em vez de quatro. Tenho que correr para chegar à aula de literatura coreana, optativa, quase chego atrasado e dou graças a Deus por ser a última do dia.

Fico aliviado quando vejo Namjoon sentado na primeira fila, e um lugar vazio ao seu lado.

— Oi de novo —, ele diz com um sorriso quando me sento. O professor dá início à aula distribuindo a programação do semestre e falando um pouco sobre ele, sobre o que o levou a começar a dar
aulas e sobre seu amor pela literatura.

Fico feliz com o fato de a faculdade ser diferente do ensino médio e de os professores não obrigarem os alunos a se apresentar diante da sala ou fazer coisas embaraçosas e desnecessárias.

No meio da explicação sobre nossa lista de leituras, a porta se abre, e eu me pego soltando um resmungo ao ver Jungkook entrando na sala.

— Que beleza —, digo baixinho para mim mesmo, em tom sarcástico.

— Você conhece Jungkook? —, Namjoon pergunta. Ele deve ser bem famoso no campus para que alguém como Namjoon saiba quem ele é.

— Mais ou menos. Meu colega de quarto é amigo dele. Mas não sou muito fã do cara, não — , cochicho.

Nesse momento, os olhos de Jungkook voltam para mim, e fico com medo de que tenha ouvido. Mas e daí se tiver? Sinceramente, não faz diferença - a essa altura já ficou claro que não gostamos um do outro.

Fico curioso para saber o que Namjoon tem a dizer sobre ele, e não consigo deixar de perguntar:

— Vocês se conhecem? —.
— Sim... ele é... — Namjoon para de falar e dá uma olhadinha para trás. Levanto a cabeça e vejo Jungkook
se acomodar na carteira ao meu lado. Namjoon fica em silêncio o restante da aula, sem tirar os olhos do professor.

— Por hoje é só. Vejo vocês na quarta —, diz o professor Hill, dispensando a classe.

— Acho que essa vai ser minha aula favorita — digo para Namjoon quando saímos, e ele concorda. Mas sua expressão muda totalmente quando
percebemos que Jungkook está caminhando ao nosso lado.

— O que você quer, Jungkook? —, pergunto, dando a ele um gostinho do próprio veneno. Mas pelo jeito não funciona, não sou enfático o suficiente, porque ele parece se divertir com minha reação.

— Nada. Nada. Só estou contente porque vamos fazer uma matéria juntos —, ele ironiza, passando as mãos pelos cabelos e os afastando da testa. Percebo
a existência de um símbolo do infinito com um desenho um pouco incomum na altura de seu pulso, e ele baixa a mão no momento em que tento observar as tatuagens ao redor.

— A gente se fala, Jimin —, diz Namjoon, afastando-se.
— Você conseguiu fazer amizade com o maior otário da classe —, comenta Jungkook quando ele vai embora.

— Até parece! Ele é um cara legal, ao contrário de você. — Fico chocado com minhas próprias palavras.
Jungkook tem mesmo a capacidade de despertar o que existe de pior em mim.
Jungkook vira a cabeça para o outro lado.

— E você está ficando mais intratável a cada conversa que temos, Park. —

— Se me chamar de Park mais uma vez... — ameaço, e ele dá risada. Tento imaginar como ele seria sem as tatuagens e os piercings. Mesmo com
tudo aquilo em cima do corpo, é muito bonito, mas sua personalidade desagradável estraga tudo

Começamos a caminhar juntos na direção do meu alojamento, mas depois de uns vinte passos ele grita de repente: — Para de me olhar desse jeito! —,
dá meia-volta e desaparece por outro caminho antes que eu possa pensar em uma resposta.

 
                                  ∞︎︎

➪Tatuagem do infinito do pulso do Jungkook.

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AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora