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Uma hora depois, Jungkook pergunta:
— Está pronto para levantar?—.
— Sei que deveria, mas não quero—, digo, enfiando o rosto no peito dele.
— Não quero apressar você, mas preciso mijar—, ele diz. Dou risada, e saio de cima dele e da cama.
— Ai… —, digo sem conseguir segurar.
— Você está bem?—, Jungkook pergunta pela milésima vez. Ele estende o braço e me ajuda a me estabilizar.
— Sim, só está dolorido.— Eu me retraio quando olho para os lençóis.
Jungkook também olha para eles.
— Vou jogar no lixo. — Ele tira os lençóis da cama.
— Aqui, não, Tae vai ver.—
— Certo. Onde, então?— Ele começa a se mexer. Deve estar com vontade de fazer xixi há algum tempo.
— Não sei… você pode jogar no lixo quando for embora? —
— Quem disse que eu vou embora? Como assim? Você dorme comigo e depois me chuta? —, ele diz, brincando. Jungkook pega a calça jeans e a cueca do chão e veste. Pego a camiseta dele e a entrego.

Dou um tapa em sua bunda.
— Vai fazer xixi e leva os lençóis quando sair, só para garantir. — Não sei por que me importo tanto, mas a última coisa de que preciso é de Tae pedindo informações sobre a perda da minha virgindade.
— Claro. Não vou parecer um maluco nem nada, levando lençóis para o carro à noite.— Faço uma cara feia para ele, que embola os lençóis e caminha em direção à porta.
— Eu te amo —, Jungkook diz antes de sair.

Sozinho no quarto, posso me recompor. Será que estou tão bem quanto me sinto, aquecido e estranhamente em paz? Lembrar-me de Jungkook em cima de mim enquanto me penetrava me dá
um frio na barriga. Agora sei por que as pessoas falam tanto sobre sexo. Eu realmente estava perdendo muita coisa, mas sei que se minha primeira vez não tivesse sido com Jungkook não teria
sido tão incrível. Quando olho no espelho, fico boquiaberto com meu reflexo. Meu rosto está corado, meus lábios estão inchados. Aperto as bochechas e mexo as mãos. Estou diferente, de certo modo.

Foi uma mudança sutil, que não consigo determinar, mas gosto do que vejo.
Reservo um segundo para observar as marcas vermelhas em meu peito. Não me lembro de Jungkook ter aplicado tanta força. Volto a pensar no momento em que fazíamos amor, em seus lábios quentes e molhados contra minha pele. Sou tirado de meus pensamentos pela porta que se abre, e me sobressalto.
— Está se admirando?— Jungkook ri e tranca a porta.
— Não… eu… — Não sei o que dizer, já que estou na frente do espelho totalmente nu, pensando nos lábios dele em minha pele.
— Tudo bem, lindo. Se eu tivesse seu corpo, também ia ficar me admirando na frente do espelho —, ele diz, e eu fico envergonhado.
— Acho que vou tomar um banho —, digo enquanto tento me cobrir com as mãos. Não quero tirar o cheiro dele do meu corpo, mas preciso lavar todo o resto.
— Também vou tomar um—, Jungkook diz. Ergo uma sobrancelha para ele, que levanta as mãos.
— Mas não juntos, eu sei. Se morássemos juntos, poderíamos. —
Algo mudou nele também, dá para perceber.

Seu sorriso parece um pouco mais profundo e seus olhos, mais brilhantes. Acho que ninguém conseguiria ver isso, mas eu o conheço melhor do que qualquer outra pessoa, apesar dos muitos segredos que tenho que descobrir.
— O que foi? — Ele inclina a cabeça para o lado.
— Nada, é só que eu te amo— , digo. Seu rosto fica um pouco vermelho, e ele abre um sorriso como o meu. Nós dois parecemos felizes e inebriados um pelo outro. Adoro isso. Quando pego meu roupão, Jungkook para na minha frente.
— Você pelo menos pensou a respeito de morar comigo? —, ele pergunta.
— Você disse isso ontem. Só consigo tomar uma decisão transformadora por vez. — Dou risada.
Ele esfrega as têmporas.
— Quero assinar a papelada logo, preciso sair daquela maldita república. —
— Você poderia alugar um apartamento sozinho —, sugiro de novo.
— Quero que seja nosso. —
— Por quê? —
— Porque quero passar o máximo de tempo com você. Por que está tão hesitante? É pelo dinheiro? Eu pagaria tudo. —
— Não, não pagaria —, respondo contrariado.
— Se topasse, eu contribuiria… Não preciso que ninguém pague minhas contas. — Não acredito que estamos discutindo isso.
— O que é, então? —
— Não sei… não nos conhecemos há muito tempo. Sempre pensei que não moraria com um cara até casar —, explico.

Não é o único motivo:
minha mãe é um grande motivo, assim como o medo de depender de outra pessoa. Mesmo que seja Jungkook. Foi o que minha mãe fez. Ela dependeu da renda do meu pai até ele ir embora,
então ficou contando com a pequena possibilidade de ele voltar. Minha mãe sempre pensou que ele voltaria, mas não foi o que aconteceu.
— Até casar? Você é muito antiquado a esse respeito, Jimin. — Ele ri e se senta na cadeira.
— O que tem de errado com o casamento?—, pergunto.
— Não entre nós dois, mas em geral?—
Ele dá de ombros.
— Não tem nada de errado, mas não é para mim. —
O assunto mudou e ficou sério. Não quero discutir casamento com Jungkook, mas me incomoda o fato de ter dito que não é para ele. Nunca pensei em casar com ele, é muito cedo para isso. Precisaríamos de anos. Mas gostaria de ter essa opção no futuro, e quero estar casado quando tiver
vinte e cinco anos e ter pelo menos dois filhos.

Tenho meu futuro todo planejado.
Tinha, meu subconsciente lembra. Eu tinha tudo planejado até conhecer Jungkook, e agora meu futuro está sempre mudando.
— Isso incomoda você, certo? —, ele pergunta, interrompendo meus pensamentos.
O fato de Jungkook e eu termos feito amor criou um laço invisível entre nós, unindo nosso corpo e nossa mente. As mudanças de planos são para o bem… certo?
— Não. — Tento esconder a emoção em minha voz, mas ela sai pesada.
— É só que nunca ouvi alguém dizer tão seriamente que não quer se casar.
Achava que era o que todo mundo queria, que fosse o principal objetivo da vida. Não é? —
— Não, acho que as pessoas só querem ser felizes. Pense em Catherine, no que o casamento causou a ela e Heathcliff.—

Adoro ver que falamos a mesma língua.
Ninguém mais falaria desse jeito comigo, como eu entendo melhor.
— Eles não se casaram um com o outro… esse foi o problema —, digo e dou risada. Penso na época em que havia muitos paralelos entre meu relacionamento com Jungkook e o de Catherine com Heathcliff.
— Rochester e Jane?—, ele sugere. O fato de mencionar Jane Eyre me surpreende.
— Você está brincando, não é? Rochester era frio e retraído. E pediu a mão de Jane em casamento sem contar que já era casado com uma mulher maluca que vivia trancada no sótão. Não é uma comparação válida—, digo.
— Eu sei. É que adoro ouvir você falar de personagens da literatura.— Ele afasta os cabelos da testa. Como uma criança, mostro a língua para ele.
— Então, você está dizendo que quer se casar comigo? Juro que não tenho nenhuma mulher trancada no sótão.— Ele dá um passo na minha direção. Não é casado, com certeza, mas algo que
ele esconde me preocupa. Meu coração está batendo forte quando Jungkook
chega perto de mim.

— O quê? Não, claro que não, eu estava falando em termos gerais. Não sobre nós, especificamente.— Estou nu e conversando com Jungkook sobre casamento. O que está acontecendo
com minha vida?
— Então você não quer?—
— Não quero. Bom, não sei… por que estamos falando sobre isso?— Escondo o rosto no peito dele e Jungkook ri.
— Eu estava só imaginando. Mas agora que você me mostrou um argumento válido, posso ter que reconsiderar minha ideia de não casar. Você poderia fazer de mim um homem sério.—
Ele parece estar sendo sincero, mas duvido que esteja. Quando começo a questionar sua sanidade, ele ri e beija minha cabeça.
— Podemos falar sobre outra coisa?—, resmungo. Perder a virgindade e falar sobre casamento no mesmo dia é demais para meu cérebro confuso.
— Claro, mas não vou deixar de lado o assunto do apartamento. Você tem até amanhã para me dar uma resposta. Não vou esperar para sempre—, ele
diz.
— Que meigo.—  Reviro os olhos, e ele se levanta para me abraçar.
— Você sabe que romance é comigo mesmo—, ele diz, depois beija minha testa. — Agora, vamos tomar um banho. Ver você pelada me dá vontade de jogar
seu corpo na cama e te comer de novo.—
Balanço a cabeça negativamente e saio dos braços dele para vestir o roupão.
— Você vem comigo?—, digo e pego minha nécessaire.
— Claro, linda, ainda que preferisse fazer outras coisas com você.— Ele pisca e eu dou um tapa em seu braço enquanto atravessamos o corredor.


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Boa leitura!!!

AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora