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∞︎︎


Em uma clara tentativa de mudar de assunto, Jungkook pergunta:
— Agora que temos nossa própria
casa, acho que você não vai querer dormir lá no meu pai, né?—.
Faço força para esquecer o episódio com Taemin.
— Achou certo.— Abro um sorriso.
— A não ser que Eunji convide. Você sabe que não consigo dizer não.—

Tenho medo de como vou reagir ao ver Donghae depois do que Jungkook me contou ontem à noite.
Estou tentando deixar isso de lado, mas é bem mais difícil do que eu imaginava.
— Ah, quase ia esquecendo —, ele diz, ligando o rádio.
Olho para Jungkook, que ergue o indicador, pedindo-me para esperar.
— Decidi dar mais uma chance para o Fray—, ele comunica.
— Sério? E quando foi que você decidiu isso?— questiono.
— Bom, logo depois do nosso encontro no riacho, mas só ouvi o álbum na semana passada —, ele confessa.
— Aquilo não foi um encontro —, provoco, e ele dá uma risadinha.
— Você me deixou enfiar o dedo no meio das suas pernas. Eu diria que foi, sim. —
Jungkook segura e beija minha mão quando tento dar mais um tapa nele. Dou uma risadinha e envolvo seus dedos nos meus. Imagens minhas vestindo uma camiseta molhada enquanto ele me proporciona meu primeiro orgasmo invadem minha mente.

— Foi divertido, né? —, Jungkook se gaba, e eu dou risada.
— Enfim, me diga qual é sua nova opinião sobre o Fray—, peço.
— Bom, na verdade eles não são tão ruins. Tem uma música que até é legal.—
Agora estou mais curioso do que nunca.
— Sério? —
—É… —, ele diz, voltando a olhar para a pista antes de apertar o botão do rádio. A música preenche o espaço confinado em instantes, e eu abro um sorriso.
— Chama ‘Never Say Never’—, Jungkook anuncia, como se fosse uma novidade para mim, e não uma das minhas músicas favoritas. Ficamos ouvindo em silêncio, e não consigo tirar o sorrisinho do rosto. Sei que ele está meio envergonhado de tocar essa música para mim, então não falo nada, simplesmente curto esse momento gostoso.

Durante o restante do caminho, Jungkook continua tocando as outras faixas do disco, dando sua opinião sobre cada uma delas. Esse pequeno gesto significa muito mais para mim do que ele pode imaginar. Adoro quando me revela um novo lado seu. E esse é um dos meus favoritos.
Quando chegamos à casa do pai dele, a rua está repleta de carros. Ao descer, sinto o vento me atingir com força, e fico todo arrepiada.
— Não me obrigue a levar você de volta para o carro para dar uma rapidinha bem safada—, ele fala, e solto um ruído entre um riso e um suspiro de susto, o que ele acha muito divertido.
— Você acha que tem lugar nessa sua… coisa… para meu celular?—, Jungkook pergunta.
— É uma bolsinha, e tem, sim. — Abro um sorriso e estendo a mão. Ele me entrega o telefone e, enquanto o guardo, vejo que seu papel de parede não é mais só um fundo cinza. Na pequena tela, está a foto que tirou de mim quando estávamos no quarto. Meus lábios estão entreabertos e meus olhos, cheios de vida. Meu rosto inteiro brilha, e é estranho me ver desse jeito. É isso o que ele faz comigo – faz com que eu ganhe vida.
— Eu te amo —, digo, fechando a bolsa sem fazer nenhum comentário embaraçoso sobre seu novo papel de parede.
A espaçosa casa de Dongahe e Eunji está cheia de gente, e Jungkook segura minha mão com força depois de pegar de volta seu paletó e vesti-lo.
— Vamos procurar Namjoon —, sugiro.
Jungkook balança a cabeça e abre o caminho. Nós o encontramos na sala, perto da cristaleira que substituiu aquela que Jungkook quebrou na primeira vez em que vim aqui. Parece ter sido há tanto tempo… Namjoon está cercado por um grupo de homens que parecem ter no mínimo sessenta anos, e um deles está com a mão em seu ombro.
Um sorriso aparece em seu rosto quando nos vê e ele pede licença para sair da conversa. Está muito bonito, com um terno bem parecido com o de Jungkook.
— Uau, pensei que não ia viver para te ver de terno e gravata—, brinca Namjoon.
— Se continuar com as gracinhas, não vai viver para ver—, Jungkook ameaça, mas o tom bem-humorado de sua voz é claro, e ele sorri. Dá para dizer que está começando a gostar de Namjoon, e isso me deixa contente. Namjoon é um de meus melhores amigos, e gosto muito dele.
— Minha mãe vai ficar felicíssima. Jimin, você está lindo —, ele diz enquanto me dá um abraço.
Jungkook não larga minha mão, e tenho que me virar para retribuir o gesto de Namjoon usando apenas um dos braços.
— Quem são essas pessoas?—, pergunto. Sei que Donghae e Eunji só moram aqui há pouco mais de um ano, e fico surpresa de ver quase duzentas pessoas na casa.
— A maioria é lá da universidade, e o restante são amigos e pessoas da família. Só conheço metade desse pessoal. — Ele dá risada.
— Querem beber alguma coisa? Vamos lá para fora daqui a uns dez minutos. —
— De quem foi a ideia brilhante de fazer um casamento ao ar livre em dezembro? —, Jungkook reclama.
— Da minha mãe —, conta Namjoon.
— Mas as tendas têm aquecedor.— Ele olha para os convidados ao redor, depois para Jungkook.
— Você devia avisar seu pai que já está aqui. Ele está lá em cima, e a minha mãe está escondida em algum lugar com minha tia. —

AFTER - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora