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𝕃𝕖𝕒𝕙

Acordei e percebi que Javon não estava mais aqui em casa. Eu estava com o cobertor por cima de mim, e estava em um sono bem pesado.

Me levantei, ainda meio sonolenta e desci as escadas.

- O Javon já foi? -Perguntei.
- Ele saiu faz umas horas... Você estava com sono, hein. Ele avisou que você ficou dormindo. Pediu para eu te avisar que depois vocês se falam mais, para decidir sobre... Enfim. É para você se acalmar primeiro. -Brian disse.

Eu odeio o fato de não saber lidar com essas coisas.
O nervosismo me domina, e isso as vezes me faz ser um peso para as pessoas.
Ao menos, é o que eu penso.

Me deitei no sofá, enquanto Brian estava sentado na ponta, assistindo televisão.

- E a mamãe? O papai?
- Já foram dormir. Eu comi sanduíche... Fiz um para você, também. Quer comer agora?
- Quero... -Assenti.

Ele pegou o sanduíche empacotado por folhas de guardanapos e me entregou.
- Valeu. -Agradeci, mordendo um pedaço.

Eu sentia meus olhos pesados e cansados. Estavam ardendo um pouco... Deviam estar inchados. Isso é consequência do choro.
E eu realmente odeio ficar assim.

Eu me odeio dessa forma. O jeito que meus olhos ficam depois de chorar... Ficam vermelhos e pequenos.
Isso me faz me sentir feia, horrível.

Mordi mais um pedaço, suspirando.

- Eu acho um milagre você não ter tido ciúmes, ainda. -Comentei.
- Eu tive ciúmes. Mas você está mal, e vocês estão ocupados e preocupados com a situação. Eu não preciso piorar ou ser sem noção.

Ao menos ele sabe disso, e realmente é verdade.
Ele não precisa piorar.

E uma coisa era um fato: meu pai e minha mãe já sabiam. Também viram as fotos.

E eu estou muito envergonhada com isso.
Afinal, é um beijo.
Era algo para ser privado, entre uma pessoa e outra. No caso, eu e Javon.
E não milhões de pessoas verem.

Eu só quería poder ficar perto da pessoa que eu gosto, sem polêmicas.
Isso é algo tão normal, por quê estão causando tanto?

Dei uma olhada no meu celular, a DM do instagram estava lotada de pedidos para enviar mensagens. E adivinhem? Me perguntando sobre isso, é claro.

(...)

Cerca de três dias depois, eu estava um pouco perdida.
As polêmicas ainda estavam de pé, mas eu estava falando pouco com Javon durante o dia.
Até porque ambos temos várias coisas para fazer, só temos bastante tempo para conversar durante a noite.

Mas tudo o que eu quería era resolver tudo isso de uma vez.

Minhas aulas presenciais já haviam voltado, eu estava no meu quarto dia de aula.

Claro que as pessoas da minha sala sabiam da polêmica.
Mas, aparentemente, para a minha sorte... Decidiram não perguntar sobre isso.

Claro que algumas pessoas ficam olhando e observando de canto. Isso é normal.

No meio da aula de matemática, Javon entrou pela porta.

O quê ele está fazendo aqui?
Isso só pode ser brincadeira.

As pessoas viram ele entrando pela porta e parando ao lado da professora, e logo dirigiram seus olhares para mim.

Javon sorriu de leve para mim, e eu sorri de volta, mas abaixei a cabeça.

Agora sim, vão começar a comentar sobre isso.

Ele se sentou em uma mesa que estava sobrando, depois de a professora o apresentar.
E assim prosseguimos a aula.

(...)

Durante o intervalo, assim que saímos da sala, eu estava andando com Carol e ele se aproximou e nos cumprimentou.

- Posso ficar aqui com vocês? -Ele perguntou- Não conheço o resto das pessoas... E estão me olhando. Eu não sei o que eu faço. -Ele estava visivelmente constrangido.

- Pode. -Assentimos.

Eu também estava com vergonha.

- Eu vou lanchar, estou com fome. -Carol disse, indo para o refeitório- Vejo vocês depois.

Eu ainda te mato, Carol.

Estava óbvio que ela saiu só para nos deixar sozinhos.

- Você 'ta melhor? -Perguntou.
- Estou.
- Tem certeza?
- Uhum.

Na verdade, não. Eu ainda estava ansiosa com tudo isso, mas... De qualquer forma, está acontecendo.
Eu apenas aceitei que estou em uma polêmica.

- Eu acho que já podemos nos pronunciar. -Falei- Estamos demorando muito... Eu quero resolver tudo isso, logo.

- Tudo bem, então. Vamos afirmar que estamos ficando?
- Eu não sei, ainda. Ainda estou com medo das reações... Já estão ruins.

- Olha só... Eu ainda quero continuar ficando com você. Não me importo de dizer isso ao público. Mas preciso saber se você também quer. -Ele disse.
- Eu quero. -Assenti- Mas vamos ter que... Deixar claro que isso é uma escolha nossa. E pronto. Eu não aguento mais as pessoas reclamando de mim, eu não fiz nada.

Ele assentiu.
- Desculpa por isso...
- Para de pedir desculpas, Javon. A culpa não é sua.

Por que ele insiste em dizer isso?

- Você não fez nada. As pessoas que passam dos limites... A gente só precisa deixar claro o quanto isso nos incomoda. Elas vão entender. E as que não entenderem... A gente vai ter que aprender a lidar com isso, uma hora ou outra.

- Vamos falar sobre isso hoje? -Ele perguntou.
- Por mim, pode ser.
- Então vamos resolver isso hoje. Pode ser na minha casa? Eu vou ter que treinar com meu pai, e sería melhor 'pra mim.
- Pode ser, não tem problema. -Dei de ombros- Depois nós nos falamos e decidimos o horário. Daqui a pouco o sinal já vai bater e... -O sinal me interrompeu- Vamos ter que voltar para a aula de matemática... Ah, que saco.

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Publicando aqui pq na outra fic vocês comentaram e interagiram bastante!!




𝑨𝒃𝒐𝒖𝒕 𝒀𝒐𝒖 // ᴊᴀᴠᴏɴ ᴡᴀʟᴛᴏɴOnde histórias criam vida. Descubra agora