48 | Mudanças.

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Gabigol

Coloco a última caixa da mudança da Ayla, em cima da cama dela.

Era muito bom ver a minha menina toda felizinha. O apartamento tinha o tamanho ideal pra ela, e dava pra ver o quanto ela estava animada pra morar sozinha.

Abraço ela por trás, que estava na varanda olhando pra vista.

- É linda né? - se refere a vista do apê, que dava pra ver a praia da barra.

Beijo seu ombro, e afasto o cabelo dela pra frente.

- Sim, só não é mais que você. - não precisei olhar pra ela, pra saber que seu rosto estava vermelho de vergonha, a risada tímida já entregava.

A virei de frente pra mim, pela cintura, encostando suas costas na sacada de vidro.

- Você tá feliz? - perguntei mesmo já sabendo a resposta.

- Sim, muito. - sorriu e me abraçou, colocando a cabeça no meu pescoço. - Muita coisa tá dando certo, isso é bom né? - virou o rosto pra me olhar. Eu entendi bem o que ela quis dizer.

No começo da minha carreira eu pensava muito sobre isso, tanta coisa dando certo, é pra mim ficar feliz ou desconfiar? Será que não é só um conforto pra algo ruim?

- Claro que é. - tentei passar segurança, e ela assentiu, colocando o braço em volta do meu pescoço. - Tenho que ir pro treino.

- Eu até iria com você, mas tenho muita coisa pra arrumar aqui. - se afastou um pouco, olhando pro interior do apartamento.

- Chama alguém pra te ajudar amor, é muita coisa pra você fazer sozinha. - falei sobre o tanto de coisas que ela teria que organizar, sem contar a limpeza que ela iria fazer.

Ayla sorriu abertamente, e só aí eu percebi que chamei ela de "amor". Aos poucos eu vou me acostumando a demonstrar afeto por ela.

As vezes eu fico mal por ouvir ela falar que me ama, e não conseguir dizer o mesmo. Eu amo estar com ela, pode se dizer que eu amo ela, mas ainda não consigo assumir.

- Minha mãe vai vim aqui, relaxa. - me deu um selinho. - Que foi? - perguntou ao ver minha cara fechada.

- Me beija direito, porra. - a peguei pelo queixo, trazendo seu rosto pra perto do meu. Fui me aproximando lentamente e a boca dela estava entre-aberta, pensei em deixá-la só na vontade, mas ela foi mais rápida e me beijou, colocando as mãos na minha nuca.

- Não tenta me provocar. - sussurrou no meu ouvido e saiu andando pra dentro da sala. Fui atrás e ouvi a campainha tocar. Ela abriu a porta, dando passagem pra mãe dela entrar.

Dona Ellen era uma mulher elegante, e bem cuidada, mas o que tinha de bonita, tinha de soberba. Não sei o que ela tem contra mim.

- O que ele tá fazendo aqui? - perguntou pra Ayla, que suspirou olhando pra mim e depois pra ela. - Não me diga que vocês estão juntos?

- Sim, estamos. - respondeu impondo postura, e eu adorei isso.

- Não é possível, Ayla você perdeu o juizo? Era por isso que queria vir morar sozinha, pra poder se encontrar com esse jogadorzinho? - seu semblante fechou e vi minha namorada respirar fundo.

Opa, jogadorzinho não!!

- Não começa, mãe. - pediu, buscando paciência.

- Seu pai sabe disso? - colocou a mão na cintura.

- Ele sabe. - Ellen arregalou os olhos. Senti que eu deveria sair.

- É melhor eu ir. - me pronunciei, antes que me estressasse com essa mulher.

Meu camisa 9 - Gabigol Onde histórias criam vida. Descubra agora