Meu camisa 9 - Gabigol

05 | Escolhas.

Ayla

Todos os planejamentos para minha loja já estão prontos, a cada dia que passa eu fico mais ansiosa.

A maioria das roupas já chegaram, junto com copos do flamengo, bonés e várias outras coisas relacionadas ao time, faltam só mais algumas encomendas chegarem e terminar a reforma da loja, aí eu posso inaugurar.

— O pedreiro falou que só falta a parede de gesso que você pediu, e o cara da marcenaria disse que falta pouco para terminar de instalar os armários. — minha mãe explica, se sentando ao meu lado no sofá.

— eu tô tão ansiosa, nem consegui dormir essa noite direito. — confesso com um misto de sentimentos.

A inauguração estava prevista para quinta e hoje era terça. Eu também havia separado um quarto aqui em casa para deixar os estoques da loja, e o mais importante, a loja ficava praticamente do lado do Maracanã.

— Você já tirou da cabeça aquela ideia maluca de ir morar sozinha? — pergunta me fazendo suspirar.

Eu sempre gostei de ter minha independência, quando eu tinha 14 anos comecei a fazer um curso de maquiagem, e com 16 eu comecei a trabalhar como maquiadora.

Minha mãe ficou muito brava, ela disse que não tinha necessidade de eu trabalhar, porque nós éramos ricos e ela e meu pai tinham dinheiro o suficiente pra me bancar.

Mas eu gostava de comprar minhas coisas sozinha, com o dinheiro do MEU esforço, e parando pra pensar, o dinheiro investido na loja não é meu, e sim dos meus pais.

Por isso eu disse pra eles que quando a loja tivesse me dando lucro suficiente, eu iria comprar um apartamento aqui na Barra da Tijuca mesmo, e ir morar sozinha.

Meu pai super apoiou a ideia, já minha mãe não gostou muito, disse que era muito cedo pra mim sair de casa, e que eu havia acabado de fazer 18 anos.

Acontece que meu pai sempre me apoiou na maioria das coisas, já minha mãe, se não é do agrado dela, ela faz mó show.

E a explicação para isso é que minha mãe nasceu em berço de ouro, assim como eu, a diferença é que eu não ligo se me dão coisas simples ou caras demais, já ela cresceu com um pouco de soberba.

A história dos meus pais é algo clichê, bem coisa de fanfic. Meu pai morava na favela, e minha mãe no asfalto.

Meu pai estudou muito pra conseguir uma bolsa de estudos e depois ir estudar lá fora, já minha mãe sempre foi rica. Quando ele voltou pro Brasil, já com bastante dinheiro e vivendo uma vida financeira muito boa.

Os dois se conheceram e se apaixonaram, depois me tiveram e estão juntos até hoje.

— Não, eu não tirei da minha cabeça essa ideia. E nem vou tirar mãe, qual é o problema em eu ir morar sozinha? — protestei já cansada de discutir sobre esse assunto.

— Ayla, você não sabe se virar direito. — fala como se fosse a mais pura verdade, me deixando incrédula.

Eu sempre me virei sozinha, já que eles sempre viveram trabalhando.

— Como não? Eu vivo sozinha em casa, eu cozinho pra mim mesma, porque você e o papai vivem trabalhando. — joguei na cara sem intenção mesmo.

— Está jogando na minha cara? — perguntou incrédula.

— É claro que não, mãe.

— Ok Ayla, faça o que quiser. — falou se levantando e indo pro andar de cima.

Era estressante esse assunto, e pra não me estressar mais ainda, eu resolvi ir dar uma volta.

Fui até a praia, a pé mesmo, não era muito longe da minha casa. Me sentei na areia bem perto do mar, e senti aquele ventinho batendo no meu rosto.