3.0 - Eu vou me casar

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17 anos atrás

— Eu vou me casar.

Essa foi a primeira coisa que Tony escutou ao se sentar de frente ao seu pai em um dos seus restaurantes favoritos. Ele piscou os olhos, diversas vezes, sem entender. O mais velho só podia estar brincando ou, em último caso, isso fazia parte de uma alucinação.

— O quê?

Ele se remexeu na cadeira, como se houvesse espinhos pinicando a sua bunda, e cruzou os braços sobre a mesa. No seu dedo anelar, não havia nenhuma aliança, mas Tony sabia que era somente uma questão de tempo. Se o que ele lhe disse fosse verdade, não iria demorar para que um aro dourado repousasse, orgulhosamente, ali.

— Decidi pedir a Dianna em casamento e ela aceitou. Nós já tínhamos planos, então aconteceu naturalmente. -Howard falou em um tom tranquilo, nem um pouco consciente da reação do filho. — Devemos nos casar daqui a alguns meses. Vai ser uma cerimônia simples. Não queremos chamar a atenção.

Eis uma verdade: Howard Stark era viciado em se casar. Sua maior conquista, além da empresa multimilionária, era poder contar para a mídia o quanto ele era um homem de sorte por encontrar o amor várias vezes. Alguns achavam romântico, um filme meloso reproduzido na vida real. Já no ponto de vista de Tony, tudo era uma tremenda mentira de enrugar o nariz. Se seu pai fosse um ótimo marido, como ele gosta de se gabar por aí, ele não estaria se encaminhando para o seu quinto casamento. Eram tantos divórcios no seu currículo que o moreno se surpreendia que as mulheres não saíssem correndo assim que descobrissem sobre suas ex-esposas. Isso sem contar os casos extraconjugais que ele conseguiu esconder embaixo do tapete.

— Legal. -Tony murmurou, a língua ficando pesada. — Parabéns, pai. Você e Dianna combinam.

Ele concordou com um sorriso que deixou seus dentes à mostra e levantou o braço, chamando o garçom.

Ele rapidamente chegou até mesa dos Starks. E, como em todas as outras vezes, Howard não lhe deixou fazer escolha nenhuma. Iriam comer o que ele decidisse, mesmo que o mais novo detestasse a culinária mediterrânea.

— Estamos pensando em convidar a sua mãe. Você acha que ela vai ficar chateada? -Esticou as pernas embaixo da mesa, o rosto de Maria surgindo na mente.

Tony podia vê-la revirando os olhos diante da frase do seu pai. Desde que eles se divorciaram, ele a convidava para todos os casamentos, como se quisesse se certificar do que ela perdeu anos atrás. Mal sabia ele que ela via a separação como um livramento divino.

— Ela vai levar na boa. Talvez essa seja a primeira vez que uma noiva sua vai conseguir aturar a presença de Maria Newman.

A expressão de Howard se tornou carrancuda. Era assim toda vez que defendia a sua mãe. A costumeira ruga se acentuou no centro da testa, enquanto os lábios se tencionaram em uma linha reta. Falar sobre casamentos anteriores, por mais irônico que fosse, não era o assunto favorito do seu pai. Subir no altar, entretanto, era o seu passatempo número um.

— E como Maria está? -Perguntou. — Ainda descontando suas mágoas nos clientes?

Tony suspirou de alívio quando o garçom retornou com as suas bebidas. Uma taça de vinho seco para o meu pai, enquanto, para ele, uma água com gás. Bebeu um generoso gole, desejando que aquilo fosse capaz de impedir suas perguntas.

E ainda nem haviam chegado na pior parte da conversa.

— Muito bem... -Respondeu ao pousar a taça na mesa, dispensando sua alfinetada. — Ela conseguiu vencer um caso difícil na semana passada. Da última vez que nos falamos, ela tinha saído para comemorar com as amigas.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora