2.2 - Filhote de pit bull

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Hã, não. O que foi que me entregou?

Ela acenou com a cabeça na direção dos seus antebraços. — O bíceps. Nenhum aluno de cinema que se preze teria dois pãezinhos assim.

O moreno riu. — Acho que ninguém mais fala "pãozinho", Pepper. -Ela revirou os olhos com o apelido. — E quanto a você? O que faz em uma disciplina de cinema se não é do curso?

— Como você sabe que eu não sou?

— Você me reconheceu. Só um reconhece o outro.

— Bom, você ainda não respondeu a minha pergunta.

— Você não fez uma pergunta exatamente, foi mais como um comentário.

— Ainda assim, o que você faz em uma disciplina de cinema se não é aluno do curso?

— Eu queria tentar algo diferente e pegar uma disciplina com o Holbrook me pareceu ser uma boa ideia. -Disse simplesmente.

— O que você faz?

— Música, último ano... Mas agora, eu estou em desvantagem. -Constata. — E quanto a você? O que faz em uma disciplina de cinema se não é do curso?

— Eu sou apaixonada por cinema e o Holbrook é um dos meus roteiristas favoritos, basta somar um mais um.

— E qual o seu curso?

— Direito.

— Uau, nada a ver com cinema.

— Não é como se música e cinema fossem sinônimos.

— Mas estão bem mais relacionados.

— Verdade.... Mas você não tinha nada de mais interessante para fazer nas férias? Estamos no verão.

Como a ruiva parecia muito entusiasmada com as aulas, Tony não quis dizer que só entrou porque "ter aula" era a única desculpa que seu pai aceitaria para ele não estagiar no escritório dele. E certamente não diria que não queria passar muito tempo com seu pai naquele verão. Então forçou um sorriso. — Era uma oportunidade que não dava para perder.

Ela revirou seus grandes olhos azuis, sem acreditar muito em suas palavras. — Claro. Bom, vou dar uma olhada no site hoje à noite. Vou descobrir o tema mais fácil e te mandar o planejamento por e-mail.

Opa, opa, opa. -Tony levantou a mão, intervindo. — Não posso dar minha opinião? Até onde sei é um trabalho em dupla.

Virginia se inclinou, toda corajosa, assustadora e esquisita. — Você sabe o que fica guardado dentro daquelas sacolas que os operadores de câmera carregam por aí?

— Não entendi o que você quer dizer.

— Essa sacola guarda equipamentos essenciais para a câmera ser montada no set. Você sabe o nome de pelo menos um filme do Hitchcock? Ou o que é um maquinista-chefe?

— Tá, olha, você me pegou. Essa não é a minha praia. Mas tenho notas altas, e gostaria de continuar assim. Como vou saber que você não vai dar uma de louca e entregar nosso roteiro com um pássaro morto em cima?

Já não esperava mais reação dela, mas a ruiva o surpreendeu, soltando uma risadinha que o fez pensar em um arco-íris saindo de uma poça de lama.

— Olha, prometo que não vou estragar tudo, tá? Não quero trabalhar com roteiro, mas sei como funciona e tiro notas boas também. Fora que eu nunca entregaria um trabalho com um pássaro morto em cima.

— Bom saber. -Murmurou.

— Nunca tiro minha coleção de pássaros mortos de debaixo da cama. -Completou.

Merda. Entre todos os parceiros possíveis, fui cair justamente com um filhote de pit bull. -Tony pensou consigo mesmo, tentando reprimir o pensamento de quão sexy ela ficava quando o provocava.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora