23.0 - Até que ponto isso me envolve?

281 22 40
                                    

Dias atuais

Segundas-feiras eram dias que Venus, deusa da mitologia romana, acreditava que deveria começar com motivação e meditação. Ela achava que aquele primeiro dia da semana anunciava como seria os seus próximos sete dias, portanto fazia o possível para que ele acontecesse da melhor forma.

A maior parte das vezes aquilo acontecia e Venus tinha um bom resto de semana, tendo em mente que o acontecimento tinha a ver com a grande manifestação de boas energias que fazia. Podia não ter tido uma semana anterior muito pacífica, porém sempre se iniciava um novo ciclo e tudo ficaria bem. A vida seguiria como deveria.

Pepper tentava levar suas manhãs de segunda feira dessa mesma maneira. Livrando-se do costumeiro mal humor de início de semana. Entretanto, a mensagem de texto que recebeu de William O'Connor, seu amigo e advogado, logo que saiu do banho era como um prenúncio que aquele dia não teria um curso positivo. Pelo menos, não do jeito que ela imaginava.

Era segunda-feira, fim de expediente, um dia cansativo, daqueles que o corpo pede trégua e a mente só quer repouso. Como se não bastasse os problemas de família e da empresa, a loira ainda tinha de encarar Tony e seu sorriso de canto de lábios ao chegar em seu apartamento.

— Boa noite para você também! -Disse debochado, quando a loira abriu a porta e permitiu que ele entrasse, sem dizer nada.

O moreno passou por ela em direção ao centro da sala, olhando pelas escadas para o andar de cima, como se quisesse assegurar que as meninas não estariam os escutando e se sentou em uma das poltronas.

Pepper trancou e porta e passou diante dele, sem encará-lo. Se sentou à uma distância consideravelmente segura e só então levantou o olhar. — Sem gracinhas hoje, não estou de bom humor. -Avisou, para deixá-lo ciente.

— Ótimo, também não estou com espírito para enrolação.

— Então vai direto ao assunto.

— Eu ouvi uma conversa entre as garotas sobre o testamento e as condições que seu avô impôs. -Como ela pediu, o moreno não pegou atalhos. — Foi totalmente acidental, mas eu preciso saber, até que ponto isso me envolve?

Virginia arregalou os olhos e tomou todo o fôlego que pôde para encher seus pulmões. Levou as mãos, de forma nervosa, aos cabelos e passou algumas mechas para trás da orelha.

A estranheza que sentia naquele momento, sobre ela mesma, era desconcertante. Parecia que seu corpo estava dormente e sua cabeça vagava por aí, em busca de alguma resposta que pudesse lhe proteger de qualquer atitude que Tony pudesse vir a tomar no futuro.

— E então, não vai dizer nada? -Ele quebrou o silêncio, se esforçava muito para não deixar transparecer sua irritação. Prometeu a Maria que ao menos a deixaria se explicar, não foi?

— Bom, se o que ouviu foi que para herdar tudo o que meu avô nos deixou eu preciso casar, então, sim. É verdade.

— Então você ainda admite que tudo não passou de um jogo?

— O quê? -Estava confusa, não conseguia compreender até onde ele queria chegar.

— Até que ponto isso me envolve? -Perguntou mais uma vez.

Pepper riu e revirou os olhos. Ele só podia estar louco. — Você está falando sério? Você realmente acha que isso te afeta de alguma forma?

— Não sei, Virginia. É o que estou tentando entender aqui. -Manter a calma estava sendo uma tarefa bem complicada.

— Bom, Anthony, sinto muito te informar, mas o mundo não gira ao seu redor.

— Então me explica essa droga de condições e que o fato de as meninas terem vindo me procurar justo depois da morte do seu avô é apenas uma coincidência.

— Espera, você está achando que eu as mandei até aqui para te fazer se casar comigo? Realmente acha que sou desesperada a esse ponto? -Tony não respondeu. — Você não tem nada a ver com esse testamento, Anthony. Ele não afeta você de forma nenhuma. -Foi bem clara. —Eu sequer sabia o que as meninas estavam tramando até ser tarde demais. E digo tarde demais porque eu não queria que elas encontrassem você, eu não queria que elas te achassem, eu não queria que vocês mantivessem contato. -Suspirou. — Olha, eu estou cansada, então acredite no quiser, só vamos terminar logo esse assunto.

— Tudo bem, eu acredito em você. -Por fim, disse o moreno.

No final das contas, não importava o quão ressentido com a ex ele estivesse, a conhecia bem demais para saber quando a loira estava mentindo ou não e, naquele momento, conseguia sentir a sinceridade exalando por entre seus poros.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora