20.1 - Mas pode ser

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— Ele estava em turnê, você ocupada com a faculdade, os horários passaram a se desencontrarem e foi inevitável não se afastar.

— Nat...

— Mas vocês não tentaram, vocês não conversaram sobre isso, você escolheu se afastar.

— Você sabe que não foi isso, você sabe que tem mais.

— Ele nunca soube o que houve. Para ele, foi exatamente como você acreditou que ele tinha feito todos esses anos.

— Não, não foi. -Virginia gritou. — Ele causou isso, ele quem me traiu. Tudo que aconteceu depois foi culpa dele.

— Você sabe que eu nunca acreditei nisso, o Tony te amava. Você não sente dúvidas mesmo depois de saber sobre essas cartas?

— Porque eu sentiria dúvidas? Eu vi. Ninguém me disse, eu vi.

— Não, você não viu. Você só viu uma imagem.

— Que estava seminua, na cama e com ele.

— Aquela foto pode ter sido adulterada.

— Nós duas sabemos que não foi...

— Mas não significa que não possa ter sido uma armação.

— Eu os vi Nat, ela estava praticamente pendurada nele. Não tinha como...

— Gin, não é só as meninas que deveriam conversar com ele, você também deveria. E só porque eu sei que você vai se fingir de sonsa e dizer que não sabe ao que me refiro, estou falando sobre conversarem sobre vocês. Sobre o que vocês tiveram, sobre tudo o que aconteceu, sobre o que não aconteceu e o mais importante: sobre tudo que pode vir a acontecer.

— Porque você continua insistindo nesse assunto? Porque só não esquece? -Com lágrimas nos olhos, a loira se permitiu demonstrar vulnerável. A verdade é que ela estava cansada. Estava cansada do destino brincando com ela.

— Porque eu amo você e como sua melhor amiga, não existe nada que eu queira além da sua felicidade.

— Eu sou feliz. Eu sou muito feliz.

— Você é feliz no seu trabalho, você é feliz com as suas filhas, você é feliz com seus amigos. Mas vamos ser sinceras? Você não é totalmente feliz há muito tempo. Você merece mais do que apenas momentos de felicidades.

— Nós tentamos...

— Eu sei.

— E não deu certo.

— Eu sei disso também.

— E agora ele voltou...

— Não deve ser fácil.

— Está sendo mais difícil do que eu imaginei que seria.

— Acho que dá para imaginar.

— Eu o amava, Nat.

— Eu sei disso, assim como eu sei que ele também te amava. -Lembrou-a.

Pepper riu sem humor. — Uau... E olha como terminou.

— Ainda não terminou... Esse é o ponto, não é? -Observando a amiga por alguns instantes, esperou que ela secasse as lágrimas e confirmasse com a cabeça. — Você tem medo de como essa história pode terminar. Apesar de tudo, vocês nunca tiveram um ponto final, então você teme o que pode acontecer. De certa forma, você ainda tinha com o que se apegar.

— Eu estou tão confusa.

— Eu sei que está com medo, mas você precisa conversar com o Tony. Vocês precisam disso.

— Para o quê?

— Você está falando sério? Cara, não é possível que você seja tão burra mesmo estando perto dos 40.

— Ei!

— O quê? É a verdade. Eu entendo nós termos tido essa conversa mais de 15 aos trás. Ele era um cara novo na sua vida, você tinha perdido sua mãe há pouco tempo, estava se sentindo sozinha e sem direção. Mas agora? Não tem explicação.

— Você é péssima dando conselhos.

— Não, eu sou ótima, tanto que continuo aqui te ouvindo e te alertando.

— Você só tem insistido para que eu corra atrás dele e o leve para cama.

— Eu falei apenas sobre conversarem a respeito do que sentem um pelo outro, mas claro que transarem continua sendo uma opção. Eu vi umas fotos, ele está mais gostoso do que eu lembro.

— Credo.

— O quê? Você não acha? -Riu. — Eu sou casada, mas não estou cega.

— Então vai você atrás dele.

— Não precisa ter ciúmes, ele é seu e só seu.

— Ele não é meu.

— Mas pode ser.

— Eu só queria que as coisas fossem mais fáceis.

— Fáceis ou não, o resultado é único.

— Claro.

— Cara, isso aqui está sendo um déjà-vu tão grande. -A ruiva riu.

— Isso, continua levando meus problemas na brincadeira.

— A parte de ser madrinha dos filhos você já cumpriu, agora só falta a parte de ser madrinha do casamento.

— Vai se foder, eu odeio você.

— Se for o mesmo ódio que sente pelo Anthony, eu aceito de bom grado. 

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora