37.0 - E como a gente fica agora?

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Eles chegarem em Aspen já beirando a madrugada. A cidade estava imersa na serenidade da noite, com suas ruas silenciosas e cobertas de neve. O ar fresco de inverno os envolveu quando saíram do aeroporto e se dirigiram ao chalé que seria o lar deles durante aquele curto período de tempo.

A acomodação não era nada pequena, e seu exterior era um retrato perfeito de uma casa de montanha. As paredes de madeira maciça, cobertas de neve, emanavam uma sensação acolhedora e rústica. O telhado inclinado estava decorado com luzes de Natal que brilhavam suavemente na escuridão da noite. Grandes janelas panorâmicas revelavam vistas deslumbrantes das montanhas cobertas de neve e das árvores majestosas que cercavam a propriedade.

Ao entrarem no chalé, foram recebidos pelo calor de uma lareira crepitante na sala de estar. Os móveis eram aconchegantes e convidativos, com sofás macios e mantas quentes. A decoração seguia o tema do interior, com detalhes em madeira e acentos em tons de inverno. Era o refúgio perfeito para celebrar o Natal e criar memórias especiais.

As gêmeas estavam tão exaustas da viagem que foram diretamente para o quarto e, após um banho quente, caíram em sono profundo. Tony e Pepper, no entanto, permaneceram na sala de estar. O moreno quebrou o silêncio minutos depois, perguntando a Pepper se ela aceitaria um vinho para relaxar. Ela concordou com um aceno, e Tony se levantou para buscar uma garrafa do líquido tinto e duas taças. Com cuidado, ele serviu o vinho e voltou a se sentar ao lado dela.

A ansiedade pairava no ar enquanto eles se encaravam, o peso das palavras não ditas pendurado entre eles. A chama da lareira dançava suavemente, iluminando o rosto tenso deles. Eles tinham muito a dizer, mas o medo de machucar um ao outro os deixava hesitantes.

Na penumbra da sala, com suas taças de vinho repousando sobre a mesa de centro, finalmente, Pepper decidiu romper o silêncio que pairava sobre eles.

— As músicas que você cantou no show... Elas foram incríveis.

— Gostou?

— Você sabe que sempre gostei das suas músicas, não seria diferente agora.

— Que bom. -Sorriu de forma carinhosa. — E o que você acha que elas significam?

— Eu não sei... Parada lá, eu me senti como... Como se cada palavra fosse direcionada a nós

— É?

— O que é um pouco confuso, porque nesses últimos dias eu podia jurar que você me odiava.

— Eu nunca odiei você.

— Não desse jeito, mas... Não sei. Eu achei que tinha perdido você, então, as suas palavras começaram a emitir sinais contraditórios, e... Eu acho que... Elas significam uma oportunidade para nós. Uma chance de recomeçar, de consertar o que foi quebrado, de reconstruir o que perdemos.

— É o que você quer? Que a gente tente mais uma vez?

— Acho que sempre foi o que eu quis. -Fez uma breve pausa. — Tony, eu.... Eu fui injusta com você, não te dei a chance de se explicar, de contar a sua versão da história. Eu estava tão perdida, magoada, e... Não soube lidar com isso da forma certa. Eu sinto muito.

— Eu já te disse isso dias atrás, não precisa continuar pedindo desculpa, eu já te perdoei. Eu precisava desse tempo porque eu estava magoado, porque eu precisava entender tudo o que estava sentindo. Mas eu sei que estávamos em um momento complicado, que muitas coisas não dependiam de nós. Ambos cometemos erros. Eu também poderia ter sido mais aberto, mais honesto sobre o que estava acontecendo, ter insistido um pouco em ouvir suas queixas. Talvez, se tivéssemos nos dado a oportunidade de conversar, as coisas poderiam ter sido diferentes.

Pepper assentiu, as lágrimas brilhando em seus olhos. — Eu não queria te magoar. Eu nunca quis fazer isso com você... Acho que só estava com medo de encarar a situação de fato e ter que aceitar que as coisas não pudessem ser consertadas

— Pepper, não podemos mudar o que aconteceu no passado, mas podemos aprender com isso. E só Deus sabe o quanto a gente pode aprender com essa história. -Deu um fraco sorriso, vendo-a concordar e assentir.

— Você acha que a gente consegue fazer funcionar dessa vez?

— Eu quero acreditar que sim.

— E como a gente fica agora?

— Não sei... Existe um manual?

— Eu acho que o sensato seria dizer algo como "vamos com calma", mas considerando que estamos 16 anos atrasados, não sei se é bem isso que devemos fazer.

— Então, que tal só irmos?

— Só irmos?

— A gente vai vivendo e vê no que vai dar.

— E quando começamos?

Agora.

Naquele momento, eles estavam parados, mais próximos do que ela havia percebido. As mãos do moreno, que antes seguravam as dela, agora deslizavam para o rosto de Pepper, dedos acariciando o cabelo. Com os olhos fixos nos dela, ele abaixou a cabeça e roçou os lábios contra os da loira, uma vez e novamente, como se temesse que aquele momento fosse fugaz.

Os lábios dele eram firmes, e sua respiração acariciava suavemente os da mulher. O coração dela martelava na garganta, a mente gritando para que ela gravasse cada detalhe daquele momento que tanto sonhara, mas nunca ousara esperar.

Pepper estava se apaixonando por Tony mais uma vez, e ele a beijava de novo. Naquele instante, todo o resto desapareceu. Os lábios dela eram insistentes, as mãos o puxando para mais perto, para ela, enquanto a boca dele se movia contra a dela, abrindo os lábios suavemente, sua língua buscando entrada. Ela cedeu, e os braços dele a envolveram, transformando o beijo em algo mais.

A barba por fazer dele massageava o rosto dela sem arranhá-la. Após alguns preciosos segundos, foram tomados por uma intensa paixão. Suas línguas dançavam em um duelo fervoroso, e ela explorava cada centímetro da boca dele, sentindo-se preenchida e completa.

Era uma sensação nova, arrebatadora. Ele a fazia sentir coisas que ela não queria. A fazia perder a razão. A fazia desejar fugir. Mas também a fazia querer ficar. A fazia desejar ir além. Por um instante, o tempo pareceu congelar, mas quando finalmente se separaram para recuperar o fôlego, ela percebeu que aquilo não passara de uma reação do seu corpo.

— E então, o que você acha, esse é um bom começo? -Tony questionou quando se afastaram para recuperar o fôlego, embora suas testas ainda estivessem coladas.

— Eu acho não temos muito com o que comparar...

— Mesmo?

— Você acha que temos?

— Acho que podemos criar mais materiais, isso não será um problema. -Com um sorriso extremamente clássico, sedutor e diabólico, lhe lançou um olhar que a desestabilizou completamente.

Não demorou nada para que voltasse a beijá-la.

Eles estavam recomeçando. 

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora