45.0 - Encerrando capítulos

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Para hoje, um pov especial da Pepper, porque eu estava no meu pior dia e precisava encontrar uma forma de me sentir "eu" de novo. (In)felizmente, a ruivinha - nesse caso a loirinha - acaba sendo sempre meu ponto de fulga, em inúmeros momentos ela acaba sendo a porta voz dos meus sentimentos... Sendo assim, desculpem essa melancolia inicial de uma estudante de letras. Prometo que melhora :)

Ah, esse é o penúltimo capítulo da história...

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Dias Atuais

PEPPER

William Ernest escreveu: Dentro da noite que me cobre, negra como as profundezas, de um pólo ao outro, agradeço aos deuses, se é que existem, pela minha alma indômita. Nas garras ferozes das circunstâncias não me encolhi, nem fiz alarde do meu pranto. Golpeado pelo acaso, minha cabeça sangra, mas não se curva. Longe deste lugar de ira e lágrimas só assoma o horror da sombra, ainda assim, a ameaça dos anos me encontra, e me encontrará sempre, destemido. Não importa quão estreita seja a porta, quão profusa em punições seja a lista, sou o mestre do meu destino. Sou o capitão da minha alma.

Particularmente, nunca fui a maior fã da literatura Inglesa - e sim, eu reconheço a ironia disso sendo britânica -, mas quando lemos esse poema em uma aula de escrita criativa, ainda nos primeiros dias de aula da faculdade, confesso que algo em mim mudou. Ele me marcou tal qual uma tatuagem, e talvez por isso, quase 20 anos depois, ainda me pegue refletindo sobre o que o grandioso Ernest escreveu.

Se eu fosse parafraseá-lo, tentar decifrar o que ele quis dizer, diria que no silêncio imortal da noite, onde as estrelas sussurram segredos ancestrais, a jornada do eu interior se desenrola como um épico divino. Nas entranhas da escuridão, onde somente a alma indômita ousa aventurar-se, erguem-se os pilares do destino. As divindades, sejam elas mitológicas ou metafóricas, contemplam com aprovação a coragem que desafia as sombras e se recusa a sucumbir perante as adversidades.

Em um mundo onde as circunstâncias agem como feras vorazes, é na força interior que encontramos a resistência necessária para enfrentar as investidas do desconhecido. Como Prometeu desafiando os deuses, o ser humano ousa desafiar as amarras do destino, agradecendo aos seus próprios deuses interiores pela chama indomável que arde no peito.

Ao longo da jornada, a cabeça ferida pelo acaso se torna um altar de aprendizado, onde as cicatrizes contam histórias de superação e resiliência. As lágrimas derramadas não são lamentos vãos, mas poesias líquidas que regam o jardim da autodescoberta. O capitão da alma navega os mares tumultuados da existência, guiado não apenas pelas estrelas no céu, mas pela bússola interna que aponta para a verdade essencial.

No panteão das experiências, a sombra do horror apenas destaca a luz que emana do âmago do ser. A ameaça dos anos, como os titãs do tempo, é inevitável, mas a coragem permanece inabalável. Assim como Ulisses enfrentou os desafios da Odisseia, o destino é moldado pelas escolhas audaciosas do capitão intrépido, que se recusa a ser aprisionado pelos grilhões do conformismo.

Não importa quão estreita seja a porta que se apresenta, pois a verdadeira medida do ser humano transcende as limitações impostas pelo mundo. O domínio sobre o próprio destino é uma epopeia eterna, onde cada passo é uma estrofe escrita com a tinta da vontade inquebrantável. Como Orfeu encantando os deuses com sua música, a harmonia da autodeterminação ressoa através dos tempos, ecoando a mensagem de que somos os arquitetos de nossas próprias mitologias.

De uma forma menos complicada, o que eu acho que o William Ernest quis dizer é que nas encruzilhadas do destino, onde cada escolha é um ponto de bifurcação, o capitão da alma se depara com a responsabilidade de moldar sua própria narrativa. Como Teseu diante do labirinto, somos chamados a enfrentar os desafios que se apresentam diante de nós. Cada vereda é uma tela em branco, esperando ser pintada com as pinceladas ousadas de nossas decisões.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora