32.1 - Quietude da madrugada

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Eu já deveria estar domindo, mas sou completamente vendida... Não aguentei e resolvi escrever a sequência.

Lembrando que hoje ás 18h tem one-shot nova, espero que vocês gostem!

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Horas se passaram e o ateliê, que anteriormente estava cheio de tensão e emoções à flor da pele, agora estava imerso na calma da madrugada. Pepper acordou lentamente, seu corpo ainda pesado pela exaustão emocional. Ela se virou na cama e, através das sombras que preenchiam o quarto, percebeu a figura de Tony sentada na poltrona em um canto, o olhar fixo nela.

Seus olhos se encontraram por um momento e, mesmo na escuridão, ela pôde sentir o cuidado e a preocupação no olhar dele. O moreno se aproximou da cama ao notar a movimentação dela, a expressão da loira suavizando quando ele estendeu um comprimido e um copo de água para ela, previamente repousados sob a mesinha ao lado da cama.

— Você deve estar com dor de cabeça terrível depois de tudo isso. -Ele disse gentilmente. — Toma, vai ajudar te um pouco. -Pelo menos no aspecto físico, ele pensou.

A mulher aceitou o comprimido e o copo de água, agradecendo com um aceno de cabeça. Ela olhou para o copo por um momento, sentindo a umidade fresca em suas mãos trêmulas. A dor física parecia secundária naquele momento, em comparação com a tempestade emocional que a consumira.

Depois de um momento de silêncio, a loira finalmente encontrou a voz para falar novamente. — Tony... Você leu a carta? -Havia tanto dentro daquela pequena frase.

Ele balançou a cabeça devagar. — Não. Seja lá o que estava escrito ali, eu quero ouvir de você. Quero entender o que está acontecendo, mas só se você estiver pronta para compartilhar.

As palavras do moreno eram um lembrete de que ele estava lá para ela, que estava disposto a ouvir e apoiá-la, não importasse o que estivesse escrito naquelas páginas. Pepper sentiu uma onda de gratidão misturada com mais uma onda de emoção, e ela abaixou o olhar para o copo em suas mãos, lutando contra as lágrimas que ameaçavam retornar. Ele sempre havia sido esse cara, ele sempre havia estado lá por ela. Ele nunca havia lhe dado motivos para duvidar que seria diferente, mas ela fez. Independente da armação ou não, nunca lhe passou pela cabeça o dar o benefício da dúvida.

— É que... É uma confusão, Tony. Tudo o que eu pensava que sabia... Tudo virou de cabeça para baixo. Tudo era tão certo e agora tudo é tão incerto. Eu... Eu não sei o que pensar, nunca me senti assim antes, tão sem rumo. -Suspirou.

Tony se sentou na beira da cama, próximo o suficiente para alcançar a mão dela. Ele a segurou com gentileza, oferecendo conforto silencioso, traçando movimentos circulares sobre a palma com o dedo indicador.

— Pep, quando você estiver pronta para compartilhar, estarei aqui. Não importa o que aconteça, você não está sozinha nisso.

Ela sentiu um nó se formando em sua garganta, e lutou para manter a compostura. — Eu... Eu não sei o que fazer. Eu sinto que estou afundando, que tudo que eu achei que sabia... Tudo desmoronou.

Ele apertou suavemente a mão dela, já desconfiava do que se tratava, as suspeitas nublavam sua mente desde sempre. — Nós vamos lidar com essa história depois, okay? Não importa o quão difícil seja, enfrentaremos isso lado a lado. Mas por enquanto, tente descansar um pouco mais, você precisa relaxar.

Pepper assentiu, sentindo-se um pouco mais reconfortada pela presença e o apoio dele. Ela se deitou novamente, ainda segurando sua mão. No meio da escuridão do quarto, ela finalmente permitiu que as lágrimas escorressem novamente, sentindo um misto de tristeza, raiva e um lampejo de esperança de que, com Tony ao seu lado, ela eventualmente encontraria uma maneira de lidar com a tormenta de emoções que a consumia.

Após um momento em silêncio, um lampejo de racionalidade pareceu passar pela mente da mulher. Ela olhou para Tony com olhos cansados e perguntou: — Que horas são?

Após um breve olhar para o relógio ao lado da cama, respondeu: — São 03:27.

— Como eu cheguei até aqui? Não me lembro... -Ela parecia surpresa e perplexa.

Tony sorriu suavemente, não tinha dúvidas de que ela não conseguiria pensar em muita coisa pelo estado em que a encontrou. — Você apagou nos meus braços depois de chorar por um tempo. Eu achei melhor você descansar um pouco.

Pepper sentiu um misto de gratidão e vulnerabilidade por ter sido cuidada daquela forma, era inegável o quanto ele se importava. — Eu preciso pedir desculpas para a Natasha, eu fui um pouco rude demais. Eu passei dos limites com ela.

— Não precisa se preocupar com isso, a Nat está bem. Ela foi para casa há algumas horas e levou as meninas com ela. Ela queria que a gente tivesse um momento de paz para lidar com tudo isso. -Fez uma breve pausa. — Ela disse que se você quisesse, podia voltar a qualquer momento.

A loira assentiu, um pouco mais aliviada. A ideia de ter um tempo para processar tudo sem se sentir culpada por ter afetado os outros era reconfortante. E o fato de a amiga ter levado suas filhas, querendo os deixar sozinhos, dizia muito da situação. Eles realmente precisavam conversar.

Percebendo como a ex divagava em pensamentos, resolveu intervir. Ele próprio sabia que precisavam conversar, mas aquele não era o momento. — Pep, eu sei que há muitas coisas para conversarmos e resolvermos, mas agora é tarde e estamos todos exaustos emocionalmente. Vamos deixar tudo para amanhã. Por agora, precisamos descansar. Vamos só esquecer essa confusão por algumas horas, tudo bem?

Ela concordou, sentindo a exaustão pesar em seus ombros. — Você está certo...

— Exatamente. -Ele sorriu gentilmente. — Agora, volta a dormir, eu ainda vou estar aqui quando acordar.

— Obrigada... -Agradeceu enquanto voltava a se aconchegar no conforto das cobertas. — Tony, será que você poderia dormir aqui hoje, por favor?

A pergunta o pegou de surpresa, mas ele jamais seria capaz de lhe negar um pedido como aquele.

Lentamente, com cuidado, se deitou ao lado dela na cama, mantendo uma distância respeitosa que foi rapidamente ignorada por ela.

Se acomodando ainda mais contra ele, deitando a cabeça em seu peito, sentiu Tony acariciando seus fios hidratados, os dedos massageando o couro cabeludo com delicadeza, eliminando qualquer resquício de insegurança que pudesse habitar seu corpo.

— Boa noite, Pepper. -Tony disse suavemente, vendo a respiração dela se tornar ainda mais tranquila, um sinal claro de que estava adormecendo.

— Boa noite, Tony. -A loira respondeu, fechando novamente os olhos e permitindo que o cansaço a levasse para o sono, ainda sentindo a mão dele quente e reconfortante sobre ela.

Assim, na quietude da madrugada, eles encontram um refúgio temporário um no outro, enfrentando o desconhecido com a promessa de um novo dia para começar a desvendar as respostas que tanto buscavam.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora