12.3 - Você me amava

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Tony não deu tempo para que a ruiva assimilasse o que estava acontecendo, empurrou a porta e passou por ela com uma facilidade gigantesca.

Sua raiva e cede por resposta era tanta que não se permitiu se perder nas pernas a mostra, nos cabelos loiros, ainda ondulados, emoldurando o rosto pálido ou nos olhos azuis que tanto sentiu falta naqueles anos afastados.

Ela estava linda. Linda para caralho. Era injusto que alguém pudesse ser tão linda daquele jeito.

Pepper havia acabado de acordar e ainda assim se parecia com um vislumbre do paraíso.

Aquela mulher era seu fim. Sempre foi.

O moreno estava ciente de que bastava um sorriso para todas suas barreiras se desfazerem.

Ele nunca conseguiu resistir aos seus cantos, mas sabia que precisava. Escolheu começar naquele instante, se aproveitando do choque da mulher e da sua incapacidade de formular uma palavra ao estarem tão perto um do outro depois de tantos anos.

— Você teve uma filha comigo e nunca me contou? -Questionou. — Uma não, duas. -A voz de Tony saiu falhando, mas em alto e bom som. — Você é um monstro! -Pronunciou com toda rispidez e amargura que conseguiu, o que era muita.

A ruiva se permitiu olhar em seus olhos pela primeira vez. Poderia se perder em cada traço dele facilmente, se ainda não estivesse tomada pelo choque da aparição repentina.

— O quê? -Foi tudo o que conseguiu dizer.

— Eu quero uma explicação. Aquelas garotas... A Violet e a Olivia, elas são minhas? Elas são as minhas filhas? -Ele continuou as perguntas de forma seca, exigente. Não deixaria que ela escapasse. Ele precisava de respostas e estava disposto a consegui-las de qualquer forma.

— Do que você está falando? -Pepper o olhou com atenção. Não sabia dizer o que estava acontecendo bem à sua frente, se havia escutado certo.

— Elas me procuraram, me apresentaram dados, datas, me contaram toda uma história. Eu preciso saber se temos duas filhas juntos. -Gritou.

— Por favor, fala baixo, elas...

— Elas o quê? -A interrompeu. — Elas não podem nos ouvir? Elas não podem saber que eu existo? Tarde demais. Talvez você devesse até chama-las aqui, parece que precisamos ter uma conversa em família. -Desdenhou.

Pepper engoliu em seco. Não conseguia acreditar que haviam chegado naquela situação. 16 anos haviam se passado sem qualquer incidente, então, em menos de 24h, sua vida estava virando de cabeça para baixo.

— Me diz que você não fez isso. -Tony pediu.

— Tony, vai embora. Por favor.

— Eu não sabia que você era mãe... -Ele ignorou o pedido dela.

— E desde quando isso é da sua conta? Estamos falando da minha vida e eu não te devo explicações.

— Muito maduro da sua parte fugir assim.

— Você quer mesmo falar de maturidade? Logo você? Faça-me o favor, Anthony.

— Nós temos que conversar. Você sabe disso.

— Exatamente como tínhamos anos atrás e você fugiu? Você não tem o direito de exigir nada de mim, Anthony.

— E você me escondeu algo importante? -Ele revidou. — Elas falaram a verdade, não é? Elas tinham tanta certeza...

— A única pessoa que tem certeza aqui sou eu, e eu não sei como elas te encontram, porque foram atrás de você, mas elas não são suas. Elas são minhas filhas. Apenas minhas. Elas são produção independente. -Esbravejou enquanto cuspia cada palavra.

— Mas eu conheço você bem o bastante para saber que quando se sente encurralada solta a primeira coisa que vem à cabeça. Se você tem mentido para mim há 16 anos mais uma mentirinha não vai fazer diferença nenhuma.

— Eu já disse, elas não são suas filhas.

— E de quem é então?

— De alguém. -Suspirou, abrindo os braços. Pepper não estava pronta para enfrentar aquela situação. Ela estava nervosa. Tony sempre fazia com que agisse por impulso.

— Pela idade que elas têm elas são minhas filhas... Elas nasceram logo depois que a gente namorou.

— E quem disse que você foi meu único namorado naquela época? -Sua voz era fraca, demonstrando o cansaço com a situação.

— Se você tivesse outro eu saberia. Você me amava, eu tenho certeza disso.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora