15.2 - Abertas e sem qualquer palavra dele

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Dias Atuais

Pelos dias seguintes, o clima ficou no mínimo estranho entre as mulheres Potts. Elas retornaram para Birmingham no domingo à tarde, quase sem trocar qualquer palavra desde então. No período que se decorreu, as gêmeas falavam com Tony quase que a todo momento, chegava a ser irritante para a mais velha, que vivia em sua própria bolha, fingindo que nada estava acontecendo.

Ela sabia que o exame havia sido feito no dia anterior, seu ex tinha ótimos contatos e conseguira uma limar em tempo recorde, como o pedido foi de urgência, o resultado deveria chegar a qualquer instante. Por isso ficava feliz em se ocupar com o trabalho, assumindo mais responsabilidades do que deveria. Até poderia ser uma atitude infantil, mas quem de fato poderia julgá-la?

— Meninas, eu não quero que vocês andem com esse sujeito. -Lembrou-se de ter dito a elas. Era noite de sábado, o último dia dele na cidade, e como não teria show, achou que seria legal sair com suas possíveis filhas.

— Acontece que esse sujeito, mamãe, pode ser o nosso pai. -Violet respondeu. Estava parada com a irmã ao seu lado e ambas já se encontravam prontas.

Pepper suspirou. — Por acaso eu falhei com vocês em alguma coisa? Meu deus, porque essa obsessão em saber quem é o pai de vocês? Eu achei que fossemos felizes...

— Mãe, nós somos. -Olivia se aproximou dela e sentou-se na beirada da cama. — Mas quando o biso Thomie era vivo, era como se nós tivéssemos um pai. Sentíamos falta do nosso verdadeiro pai, mas tinha o biso. Agora que ele se foi... -Ela não conseguiu completar. Os olhos estavam marejados e Virginia a entendia completamente, a falta de Thomas doía nela também.

— Acreditem, eu tenho os meus motivos para não querer esse homem perto de mim e de vocês.

— Motivos, mamãe? Quais?

— Eles não interessam agora, só confiem em mim.

— Então confia na gente também, por favor... -Era notório o quanto elas estavam entregues à aquela história, à aquele homem, e a mais velha sabia que o final poderia não ser bonito.

Era isso que ela estava tentando evitar, que as meninas saíssem magoadas.

Entendia a necessidade delas por uma figura paterna presente, mas conhecia Anthony há tempo o bastante para saber que não deveria ser ele. Que elas não encontrariam esse papel nele.

As meninas eram doces, amáveis, meigas e de certa forma, inocentes. Haviam construído toda uma fantasia em busca da identidade do pai, e quando essa fosse revelada, a ruiva não sabia como lidariam com a verdade.

Ela teria que fazer o papel da vilã. Caberia a ela olhar nos olhos das suas anjinhas, daquelas que amava mais do que a sua própria vida, e explicar que aquele homem sempre soubera da existência delas. Que mesmo após o fim conturbado, ela fez questão de lhe escrever dezenas de cartas contando sobre sua gravidez. Que ela lhe informará de tudo, mas que como resposta, recebia as suas cartas de volta, abertas e sem qualquer palavra dele.

Caberia a ela ferir os sentimentos das filhas. Quebrar toda ilusão que havia sido criada, e o pior, ela não conseguia entender o porquê dele estar fazendo tudo aquilo. Porque naquele memento...

Até pensou em ser por conta da herança, mas não tinha como o moreno saber disso. Era um processo sigiloso e por mais que não tivesse tanta certeza sobre o que as filhas seriam capazes ultimamente, ela as conhecia bem o bastante para saber que certos limites nunca seriam quebrados.

Então, qual seria a razão? Peso na consciência? Queria lhe atormentar depois de anos? Talvez achasse que tivesse direito sobre as filhas dela?

A ruiva certamente não sabia o que pensar.

— Ei, acorda! -De repente, seus pensamentos foram atraídos por uma mão que chaqualhava bem em frente ao seu rosto.

— Droga, Nat. Que susto. -Pepper resmungou, ajeitando sua postura contra a cadeira. — Eu estava...

— No mundo da lua. -A amiga interrompeu-a. — Só por curiosidade, estava pensando no Tony? -Natasha provocou, e viu a mesma revirar os olhos. Claro que não precisa de uma resposta afirmativa dela, sabia que conclusão deveria ter apenas olhando em seus olhos.

— Eu sinto muito por interromper a conversa de vocês, mas no momento tem algo mais importante a ser resolvido. -Rosie foi falando assim que passou pelas portas do ateliê que Virginia mantinha em casa. — Tem visita lá na sala e pelo jeito que entrou, é melhor se resolverem antes das meninas chegarem da aula de francês.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora