7.2 - Dignidade intacta

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— Eles precisam ter um momento romântico descolado da farsa. Que não tenha a ver com convencer os outros de que estão apaixonados. Precisa ser real e íntimo.

O moreno lhe lançou um olhar vazio. — Romântico. Tipo flores?

— É, Anthony. É exatamente disso que estou falando. Por favor, me dê flores.

Ele levantou as sobrancelhas na hora. — Quem está falando de nós dois? Achei que fosse sobre Oliver e Violetta.

Opa.

— Bom, é igualmente ridículo com eles. -Pepper disse, esperando que não notasse a vermelhidão que sentia subir pelo seu pescoço. — Precisamos deixar claro que eles ultrapassaram algum tipo de limite.

— Então com 'romântico' você quer dizer 'sexual'. -Tony falou, com os olhos castanhos brilhando.

— Hum, é, acho que sim.

Ele balançou a cabeça em negativa. — Não vai funcionar. Ninguém vai acreditar que existe uma atração real entre esses dois.

O calor que subia pelo pescoço passou para o rosto, só que não era mais de constrangimento. Era de raiva. E talvez certa mágoa. De alguma maneira ela sabia que Tony não estava falando de Oliver e Violetta naquele momento. Estava falando deles. Estava lhe dizendo que não poderia haver atração nenhuma ali.

De repente, Pepper sentiu como se não pudesse mais ficar naquela cafeteria.

Precisava ir embora.

— Então tá, Stark. Descobre aí o que daria certo nessa história e me avisa depois. -Enfiou o caderno na mochila e já estava indo para a porta antes mesmo de terminar de fechar o zíper.

Antes que pudesse dar qualquer passo além, sentiu seus dedos envolverem seu braço segundos antes de ser virada e empurrada para seu lugar. Sua mochila caiu no chão quando ele prendeu suas mãos atrás de si.

Sua boca foi até a dela em um beijo bruto, mas ao mesmo tempo delicado e quente. Naquele beijo, o desejo não era nem um pouco fingido.

A ruiva sentia sua boca se mover insistentemente contra a dela, sua língua passando pelo seu lábio inferior uma, duas vezes, até que se abriu para ele. O beijo se aprofundou e ela tentou soltar suas mãos para poder tocá-lo.

Eles estavam levemente conscientes de que, embora não houvesse movimento na cafeteria, se tratava de um espaço público, de modo que alguém poderia entrar a qualquer momento.

Mas não se importavam.

O silêncio foi absoluto, a não ser pelos leves ruídos molhados produzidos pelo atrito entre suas bocas. Queriam muito, muito mesmo, que estivessem em casa. Ou pelo menos a portas fechadas. Porque não queria parar por ali.

Virginia logo abriu os olhos com a constatação. Então lutou com ele, tentando freneticamente soltar as mãos. Tony pareceu notar seu pânico e se afastou imediatamente, embora segurasse seus cotovelos para tentar lhe acalmar.

Estavam os dois respirando pesado, e ela se pergunto se parecia tão atordoada quanto ele com o que aconteceu. Provavelmente sim.

Balançou a cabeça de leve e empurro seu peito. — O que foi isso?

O moreno não disse nada, só passou a mão na nuca. Pepper sabia que Tony só fazia isso quando se sentia desconfortável. O fato de que estava tão sem chão quanto ela deveria fazer com que se sentisse melhor, mas, em vez disso, lhe irritava.

Como ele se atreveu a beijá-la se nem saber o que estava fazendo?

Tony abaixou para pegar sua mochila e a entregou para ela. Parecia que ele diria algo a qualquer momento, já que seus lábios começaram a se movimentar. Mas a ruiva rapidamente disse para si mesma que deveria ir embora com a dignidade intacta, então não ficou para saber o que ele tinha a dizer.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora