Come Back... Be Here

14.1 - Minha composição favorita

Já passava das 23h da noite e Tony e Pepper estavam sentados ao chão da sala, as costas apoiadas contra o sofá, as comidas sobre a mesinha de centro, juntamente com suas taças, duas garrafas de vinho, e a TV ligada em um filme qualquer que passava na Halmark naquele horário.

Em determinado momento, a ruiva havia tirado seu ukulele do "esconderijo" e passou à tocar para o parceiro de trabalho. Ela sabia algumas poucas músicas,  mas todas as vezes, ele fazia questão de que ela tocasse La Vie En Rose. Havia algo na voz doce dela cantando em francês que atiçava todos os sentidos do moreno.

Ao final da canção, o sorriso bobo tomava conta do rosto dele. 

Foi pensando no quanto ela estava se esforçando para quebrar as barreiras que haviam  a sua volta que Tony decidiu compartilhar algo a mais.

Pegou o instrumento das mãos da ruiva e passou a dedilhar notas lentas e suaves. Nunca tivera dificuldade em cantar para ela antes, mas nunca havia cantado algo que fizera justamente para ela.

— Essa música é nova? -Pepper perguntou ao não reconhecer a melodia.

— Concluí há alguns dias, mas ainda não mostrei para ninguém. Queria saber a sua opinião antes.

— Minha opinião? -Perguntou confusa. Embora amasse música, não entendia sobre o assunto como ele.  

— Só me diz se gostou ou não. -Ele pediu e ela assentiu.

A voz de Tony soava insegura no começo, mas aos poucos ela foi ganhando confiança e o silêncio que vinha de Pepper parecia estar carregado de sentimentos. 

And high up above or down below
When you're too in love to let it go
But if you never try, you'll never know
Just what you're worth

— Tony... -Na metade da música, os olhos da mulher já estavam marejados. Ela disse o nome dele em um sussurro, mas sua garganta estava tão seca que teve dúvidas se havia de fato pronunciando ou se foi apenas em sua mente.

Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you

Ao final da canção, o moreno percebeu que lágrimas molhavam as bochechas de Pepper, embora um leve sorriso estivesse esboçado em seu rosto.

— Eu sei que não sou o melhor cantor do mundo, mas nunca achei que fosse tão ruim a ponto de fazer alguém chorar. -Tony brincou.

— Isso foi... -A mulher não conseguia definir.

— Você sabe o que eu penso, que muitas das vezes as músicas falam pela gente. Que exprimem uma linguagem que a razão não compreende. Que definem nossos sentimentos quando nós próprios não conseguimos. Foi isso que tentei fazer.

— Bom, você conseguiu. Essa música é... Uau... Incrível, mesmo. 

— Que bom que você gostou. -Sorriu. —  Porque eu escrevi ela para você.

— O quê?

— Ela é sua. Desde que te conheci, você tem estado na minha mente. Eu tenho tentado desde então compor algo, mas nada me parecia bom o bastante. Então, algumas noites atrás, depois de te deixar em casa ao final do ensaio da banda, eu simplesmente compus essa. Não sei explicar, as coisas só aconteceram.

— Eu nem sei o que dizer...

— Se isso te tranquiliza, eu não espero que você diga nada. 

— A música é perfeita. Tudo nela é perfeita. 

— Eu fico feliz, porque já é a minha composição favorita. -Inclinando a cabeça para observá-la, percebeu que ela o observava atentamente. 

Seus corpos estavam mais próximos do que haviam notado e existia algo no clima que não estava presente antes.

Não haviam se dado conta de cada gesto que faziam...

E então, suas bocas estavam conectadas.

Ao princípio, foi quase como se ele não quisesse beijá-la: os seus lábios estavam fechados nos dela, mas, a seguir, os seus lábios entreabriram-se. Pepper sentiu o coração dele bater mais depressa e saboreou o gosto de álcool da sua boca.

Tony sentiu o frenesi. As mãos que estavam ao lado do corpo se enlaçaram à cintura dela, trazendo-a para mais perto. A ruiva envolveu o pescoço dele, seus dedos se agarrando fortemente aos cabelos macios do homem.

O moreno se afastou e por um segundo, encarou Pepper no momento em que os olhos dela se abriam, então a beijou de novo. Dessa vez foi diferente, mais profundo, cheio de desejo.