16.1 - Quão maravilhosa seria a vida dele com vocês nela

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Pepper se levantou e caminhou até seu closet, retornando instantes depois com uma caixa de tamanho médio em cores branca e rosa na mão.

— Essas foram as cartas que escrevi para ele e foram todas devolvidas. -Explicou ao sentar-se na cama e retirar os vários envelopes do espaço oco. A ruiva sabia que as filhas tinham ciência das cartas, mas se não as tinham lido, achava justo que fizessem naquele momento.

— Quem sabe ele não recebeu?

— Ele tinha o meu endereço, sabia onde eu morava, sabia onde me encontrar. Se ele realmente quisesse, poderia ter me escrito também.

— Eu achei que ele fosse ficar contente de nos encontrar, que ia gostar da gente... Por um tempo, eu realmente achei que ele nos queria como filhas. -Olivia murmurou e a forma como fungou, com a ponta do narizinho mexendo, dava indícios de que novas lágrimas viriam à tona.

Ah, meus amores... Eu sinto muito. -Falou puxando as duas para um abraço, mantendo-as agarradas a seu corpo. — Vocês têm a mim e eu amo vocês duas por dois. -Sorriu para elas.

— Eu sinto muito, mamãe. A gente não deveria ter desenterrado essa história, não deveríamos ter agido por suas costas.

— Está tudo bem, Vi. Eu sei que vocês não fizeram por maldade. Vocês só queriam respostas e era um direito de vocês conseguirem.

— É, mas deveríamos ter te escutado. Se esse assunto sempre foi tão delicado, deveríamos ter entendido que havia algo mais e ter respeitado seu silêncio.

— Nesse caso, se eu tivesse sido mais clara, não teríamos acabado aqui. -Sorriu fraco.

— Com nós três chorando agarradas em uma cama como se fossemos bebês? -Liv brincou.

— É... Tipo isso. -O riso foi inevitável enquanto acariciava as costas das meninas.

— Mamãe, eu sinto muito. Eu nunca quis que você sofresse. Te fazer reviver essa história deve estar te fazendo se sentir péssima e é tudo culpa nossa.

— Eu não me importo com isso, Vi. Toda vez que penso nesse assunto, eu só consigo pensar no quão sortuda eu sou por ter vocês na minha vida. Eu não faria nada de diferente.

— Mas você está sofrendo, você nunca foi boa em mentir para a gente.

— E não posso dizer que não me machuca reviver essas memórias, mas eu tive tempo o bastante para aprender a lidar com isso. Eu prefiro manter em mente apenas as partes boas, como vocês, e ignorar todo o resto.

— O Tony foi uma dessas partes boas?

— Eu o amei, amei tanto que chegava a doer, e por mais que as coisas entre nós não tenham terminado bem, ele foi... Por um tempo, ele foi sim.

— Você se arrepende?

— Do que?

— De nós.

— Nem por instante. -Olhou para as duas de forma séria. — Eu amo vocês mais do que a minha própria vida, nunca esqueçam disso, está bem? Eu teria revivido essa história mil vezes se fosse preciso só para ter vocês do meu lado.

— Isso só faz com que eu me sinta pior por ter insistido nessa história ridícula de tentar descobrir quem era nosso pai. Só agora eu percebo que a gente nunca precisou de um de fato.

— O que seria da nossa vida sem os erros e arrependimentos? -Pepper brincou. — Mas querem saber? Devíamos deixar essa história no passado. Não vai ficar nos fazendo bem pensar no que poderia ter sido se não podemos mudar o que já aconteceu. Vamos só seguir em frente, tudo bem?

— Combinado. -As gêmeas responderam em uníssono.

— E claro, vocês vão precisar conversar sobre isso com a psicóloga na terapia. Não quero que envelheçam achando que nada disso é culpa de vocês, porque não é.

— Tudo bem...

— E só para vocês saberem, quem está perdendo é o Anthony. Ele não faz ideia do quão maravilhosa seria a vida dele com vocês nela.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora