17.2 - Você está me afastando

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17 anos atrás

Pepper gostaria de dizer que não sabia o que estava sentindo. Que não sabia porque havia feito o que fez. Que não sabia porque simplesmente fugira após um momento tão incrível como o que tivera com Tony instantes antes... Mas ela não podia.

Não podia fingir que não sabia porque estava agindo daquela forma.

Não podia fingir que não sabia o que estava acontecendo... Porque ela sabia.

Ela tinha plena consciência de tudo.

E foi exatamente por isso que fugiu.

"Vamos fazer o que tínhamos planejado desde o início. Seguimos nossos caminhos separados. Sem olhar para trás."

As palavras ainda martelavam em sua mente.

Estava arrependida, mas o que poderia fazer? Não daria o braço a torcer.

Se vestiu em tempo recorde e correu para seu quarto. Trancou a porta e foi direto para o banheiro. Ligou o chuveiro e deixou que a água quente molhasse todo seu corpo, se permitiu chorar até seu corpo cansar e somente quando já não aguentava mais lidar com a exaustão é que deixou o espaço.

Não fizera questão de expulsar Tony do apartamento, mas sua atitude havia sido clara o suficiente, não o queria ali. Ele deveria ir embora. Deveria partir.

Então por que diabos ele continuava sentado no mesmo lugar de antes?

Pelo menos ele está vestido. -Pensou.

— Será que agora nós podemos conversar? -O moreno perguntou assim que a viu. Precisou de um esforço enorme para se manter focado no que realmente importava e não pensar no quanto queria remover cada peça de roupa que cobria o corpo dela naquele momento.

— Achei que tivesse sido clara, quero você fora daqui agora!

— Eu não vou a lugar nenhum antes de conversarmos. -Ignorou seu pedido e a seguiu até a cozinha. — O que você quis dizer com aquele papo de mais cedo?

Pepper bufou e revirou os olhos. — É bem simples, na verdade. Você, como Pigmalião, é forçado a se dar conta de que aquilo com que acha que se importa é fruto da sua própria criação, algo irreal. E eu, como objeto, sou forçada a me dar conta de que era bom demais para ser verdade. Que alguém como você não ia se apaixonar por alguém tão problemática como eu.

Ele cruzou os braços e deixou sua cintura apoiada contra o balcão da ilha. — Parece uma baboseira melodramática pra mim.

— Dê um tempo. Você vai ver que estou certa.

Tony franziu a testa, então sua expressão entediada ficou mais intensa.

— Então é isso?

— Algumas coisas simplesmente não são para ser. -Disse esperando que ele não notasse que sua voz vacilava.

O moreno quase fez uma careta diante da frase pronta, mas para ela era mais fácil recorrer a um clichê do que dizer o que queria. Que estava magoada. Que estava com medo. Que estava apaixonada.

— Pep, vamos falar sobre isso. Sei que este dia está sendo difícil, mas talvez possamos chegar a um meio-termo.

— Meio-termo? Quer chegar a um meio-termo? -Bufou. — Não pertenço a sua vida! Como acha que isso vai funcionar?

— A gente estuda na mesma faculdade, sabia?

— Uma faculdade com outros trinta mil alunos, Anthony. Não fazemos as mesmas aulas, não temos os mesmos amigos. Ficamos em cantos opostos do campus...

Enquanto ela falava rapidamente, ele foi se aproximando, entendeu a mão a procura da dela, em uma tentativa de acalmá-la, mas a ruiva a puxou de volta, segurando a dor em seus olhos

— Você está me afastando. -A voz dele saiu sem emoção.

Estava? Talvez.

Mas ficar não era uma opção. Se ela ficasse, sabia o que iria acontecer.

E, se o tempo que passou com Tony nos últimos meses lhe ensinou alguma coisa, é que estava cansada de deixar outras pessoas lhe moldarem.

Não sabia muito bem o que queria. Mas precisava descobrir.

E não podia fazer isso como um fantoche do seu parceiro de trabalho.

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora