1.0 - O dia não poderia estar sendo melhor

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17 anos atrás

É assim: nos filmes românticos, sempre tem o encontro fofo. É o momento em que o casal se encontra pela primeira vez, e é surpreendente, irônico, encantador ou qualquer coisa dessas. É aquela cena em que a protagonista feminina sarcástica e intimidadora acha que o novo advogado bonitão trabalha na limpeza. Ou quando a secretária bonitinha bate na traseira de uma BMW só para descobrir que é do seu novo chefe. Então, é claro, o amor verdadeiro nasce, e todo mundo esquece que a coisa toda foi deliberadamente arquitetada.

Mas há algo que você não aprende nas aulas de introdução ao cinema: na vida real, o encontro fofo não é nem um pouco fofo. É muito mais constrangedor. Às vezes é do tipo "quero morrer" e leva muito mais tempo do que esse breve momento para saber que a outra pessoa não passa de um gigantesco pé no saco.

Basicamente, o encontro fofo é uma grande ilusão criada pela terra da fantasia que é Hollywood. Só que às vezes... às vezes ele é real.

Virginia Potts, por exemplo, andava apressada ao mesmo tempo em que se lembrava de como sua mãe sempre lhe dizia que ninguém sabe quem realmente é até fazer trinta. No entanto, ela estava convencida de que isso era uma besteira. Aos 20 anos a ruiva já sabia várias coisas sobre si mesma. O cheiro de rosas a deixava enjoada, ficava pálida ao usar roupas amarela, não sabia bater papo-furado e era louca por filmes antigos.

Ah, e odiava chegar atrasada.

Mas devia haver alguma lei cósmica para que no primeiro dia de aula ela não escutasse o despertador, não encontrasse a mochila e o metrô demorasse muito para passar. Não que precisasse se preocupar em chegar atrasada para a aula de roteiros de filmes clássicos, porque era só uma optativa. Mas, como ela sempre reforçava, odiava se atrasar.

O lado bom era que fazia dois anos que estudava na Universidade de Nova York, então sabia se virar no campus. Pelo menos não se perdia enquanto estava meio correndo, meio andando rápido. A ruiva estava revirando sua mochila preta velha em busca de uma barrinha de cereal para substituir o café da manhã quando bateu em um muro de... bem, pura gostosura, por falta de uma expressão melhor.

Ela nunca tinha virado a esquina e dado de cara com alguém, mas sempre pensou que acontecesse meio que em câmera lenta. E novamente, não foi bem assim. Foi mais como um lampejo de surpresa, enquanto batia os dentes de um jeito desconfortável, seguido de uma grande humilhação.

Naquele momento, não sabia dizer o que era pior: as suas coisas estarem todas espalhadas pelo chão ou o fato de que estava boquiaberta diante do cara com quem acabara de trombar.

Ele era ridiculamente bonito, com cabelo curto, de um jeito meio rebelde. Cabelo castanho-escuro, queixo quadrado, olhos cor de chocolate e ombros deliciosos...

Em vez de se desculpar, o cara soltou um suspiro baixo, como se aquilo estivesse sendo inconveniente para ele, que não era nem o dono dos absorventes e cadernos espalhados pelo chão.

— Ótimo. -Virginia murmurou, se inclinando para recolher a bagunça.

Ele se abaixou no mesmo momento, e ela conseguiu afastar a cabeça, evitando que se chocasse com a dele, como se fosse uma cena de filme B.

Infelizmente, isso praticamente jogou seus peitos na cara dele. Os dois recuaram antes que seu nariz mergulhasse bem ali no meio. Ou seja, ela trocou um momento levemente desconfortável por outro ainda mais constrangedor. O dia não poderia estar sendo melhor...

Come Back... Be HereOnde histórias criam vida. Descubra agora