Quem nós dois.

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Aviso de conteúdo sensível: Violência física e psicológica.

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Eu e você

Não é assim tão complicado

Não é difícil perceber

Quem de nós dois

Vai dizer que é impossível

O amor acontecer...

— Tá tudo bem, Aurora? — As sobrancelhas franziram ao observar os pequenos indícios em seu rosto, olhos inchados e avermelhados, expressão abatida, olhar desanimado e voz baixa.

— Tá sim. — Se limitou concordando com a cabeça.

— Tu sabe que não engana nem cachorro com essa cara, né? — Perguntou fazendo a moça abrir um sorriso. — Olha só, teu rosto fica bem mais bonito com ele. — Elogiou genuinamente. — Tem certeza que não quer dividir comigo? Não é por nada não, mas eu sou uma ótima ouvinte, visse? — Imitou o sotaque da morena exatamente do mesmo jeito.

— É que tem muita coisa sobre minha pessoa que você não sabe ainda. — Fungou desviando o olhar justamente para fugir.

— É uma ótima oportunidade agora... — Deu uma piscadela.

— Me tire daqui, me leve pra longe, pra um lugar onde só tenha nós duas e eu te conto sobre tudo. — Pediu aguniada com o barulho.

Havia um carro de som que já tocava música alta pela manhã, as crianças já corriam na areia e todos os turistas estavam nessa animação. Porém Aurora não e por isso queria sair dali o mais rápido possível, estava incomodada, pois sua cabeça doía.

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Se eu disser

Que já nem sinto nada

Que a estrada sem você

É mais segura

Eu sei você vai rir

Da minha cara

Eu já conheço o teu sorriso

Leio o teu olhar

Teu sorriso é só disfarce

E eu já nem preciso, é...

— No seu tempo. — Carol encorajou a mulher que tentava instintivamente limpar suas lágrimas.

Agora sentadas em uma rocha frente a frente, num ponto alto no meio da mata onde não havia ninguém, o silêncio reinava.

— É... — Ela olhou pra cima tentando parar suas lágrimas, pelo menos para que pudesse começar a falar. — Eu sonhei com o meu filho. — Depois da frase dita ela desmontou em um choro com soluços.

— Você tem um filho? — Questionou o óbvio, porque Aurora nunca havia citado a existência de uma criança e quando alguém é demasiadamente importante tendemos a falar muito dessa pessoa... A menos que ela tenha se transformado em um machucado ou talvez uma cicatriz.

— Ele não chegou a nascer, de fato. — A mão trêmula foi até a boca abafando seus soluços. — Eu perdi o meu bebê, sofri um aborto espontâneo... Meu maior sonho da vida é ser mãe. — Confessou abaixando a cabeça.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora