Eu me sinto casa.

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— Abre o bocão. — Pediu ofecerendo o morango coberto com chocolate para a morena que aceitou de pronto, rindo. Faziam tudo de forma tão preguiçosa, estavam cansadas.

Ela mordeu um pedaço considerável se deliciando com o gosto, eram seus favoritos desde que Carolina havia lhe apresentado... Sempre comiam juntas, dando uma na boca da outra.
Deu alguns selinhos nos lábios rosados e tornou a se deitar com ela.

— Estava maravilhosa essa caixa, uma pena que esse foi o último. — Carol lamentou, eram seus vícios e agora se sentia feliz por compartilhar ele com alguém.

Alguma coisa nos seus olhos,faz com que eu queira me perder

Faz com que eu queira me perder em seus braços

Tem alguma coisa na sua voz

que faz meu coração disparar

Espero que este sentimento dure pelo resto da minha vida...

— A gente nunca chegou a conversar de como seria a nossa vida futuramente. — Comentou em um suspiro. — Sabe, sem tudo disso acontecendo. O que iríamos fazer? Uma hora meu dinheiro iria acabar e eu ia ter que sair daqui, minha casa segue por lá... Como faríamos com o nosso relacionamento? Manteriamos a distância ou você ia para lá? Ou eu ficaria aqui de verdade? Morariamos juntas? E como fariamos com a nossa filha? Essa droga toda de agora não nos deixa dar entrada nos papéis da adoção. Não somos casadas e ela não tem moradia fixa, além de eu estar envolvida em confusão, com processo se movendo de pouco a pouco na justiça dificultaria de conseguirmos adotá-la.

— Eu não sei, mas eu gostaria de combinar quando você saísse da cirurgia. — Carolina falou. — Você vai ser bem cuidada, depois dos resultados dos exames tudo vai acontecer e o hospital público daqui é bom, depois do processo de entrada é tudo bem mais fácil.

— E se eu não sair dessa, Carol? — Estava com medo, muito medo de ter que ir embora. — Em minha conversa com Sirena, falamos sobre Melinda e agora sinto a mesma sensação, na verdade acredito que em todas as vidas... A sensação de esperar algo acontecer por toda a minha vida, por todos os anos e quando começa, quando tenho aquilo que quero, ai então é hora de dizer adeus. Esse medo me persegue, não quero andar em círculos e passar por caminhos que já sabemos como terminam. — Foi totalmente sincera. — Imaginar a nossa vida futura acalma o peito quando me sinto muito assustada.

— É? E como você veria nossa vida futura? — Carolina perguntou olhando a mulher que estava deitada com a cabeça em seu peito e quase dormia, seus olhos estavam fechados e ela tinha uma expressão serena, recebia um cafuné em seus cabelos castanhos.

Se você soubesse como minha vida tem sido solitária

E há quanto tempo estou tão sozinha

Se você soubesse o quanto eu queria que alguém viesse

e mudasse minha vida do jeito que você fez...

A resposta demorou, mas ela veio, totalmente arrastada e sonolenta.

— Eu vejo a gente com uma casa em um lugar assim, onde dê pra você dar as suas aulas de dança, surfar, fazer as suas aventuras... Onde Heloísa também seja livre, ela já enfrentou demais os perigos de uma cidade. — Os dedos morenos passaram a acariciar a costela da moça abaixo de si. O sorriso de Carolina nasceu em seu rosto, a moça sempre pensava nela e no bem estar dela. — Você é tão apegada a natureza e eu gostei tanto de estar por aqui. Eu também abriria meu restaurante, a gente ia ser feliz. — Seus olhos seguiam fechados. — Acredito que a escola daqui seja de boa qualidade, temos médicos, temos o que precisamos.

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