— Existe algo que eu posso fazer por você? — Aurora questionou por telefone.
Já estava no hotel, sozinha dessa vez, havia revezado com Carolina e sua noiva tinha insistido para que ela fosse descansar, visto que a morena não estava bem de saúde e precisava ser cuidada, se alimentar direito, ter boas horas de sono, pois constantemente apresentava tonturas e fraqueza justamente pela falta de nutrientes e a anemia forte que ainda estava em si. Aceitou, com dificuldade, mas aceitou.
— Não, tá tudo certo... Não se preocupe. — Mentiu coçando a cabeça e pausando a cada palavra, a morena logo identificou. — Vou me deitar e dormir, só tô cansada.
— Tô indo ai. — Avisou terminando de secar os cabelos e pegando a chave do quarto.
— Não venha não, a Duda tá aqui, tá dormindo. — Valentina tentou fazer ela ficar por meio de uma mentira.
— Meteu essa mesmo? — Aurora perguntou ouvindo a gargalhada da melhor amiga. — Eu sei que você não tá bem e que a Duda não tá ai. — Repreendeu. — Eu tô indo, trate de abrir a porta... Isso é uma ordem.
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— Aurora, sério, vai pro quarto... Vai dormir. — Valentina disse cansada, sentando na cama. — Você tá passando por tanta coisa agora, eu não vou te encher com os meus problemas.
— Seria algo terrível se você jogasse suas responsabilidades sobre a minha pessoa, mas você não o faz, eu sei que só quer desabafar e eu estou aqui. — Aurora sentou-se na poltrona e cruzou as pernas, dando o aviso que não sairia dali tão cedo e que estava pronta.
— Eu tô cansada, esse dia foi de mal a pior e ainda por cima briguei com a Eduarda. — Havia acabado de sair do banho, então ainda tinha a toalha entre as mãos mesmo já estando vestida. — Liguei para o hospital e passei horas conversando com o chefe, só de começar a falar nisso me sobre uma raiva tão grande, sinto ela percorrendo pelo meu corpo. — Suspirou. — Era só uma sessão de terapia agora, só precisava bater um lero com a minha psicóloga. — Confessou. — Porque o ódio que eu tô sentindo não cabe em mim.
— O que foi? — A morena deu brecha para que ela se expressasse do jeito que bem entendesse.
— Eles são um bando de filhos da puta. — Vomitou aquelas palavras de forma dolorosa. — Eu sinto tanto nojo que meu estômago tá revirando.
— Certo, pra eu entender, preciso que me explique desde o início. — Pediu calmamente.
— Eu contei, contei tudo o que aconteceu... Sou tola demais em achar que as pessoas vão agir de forma responsável mesmo que isso envolva dinheiro e nome. — Esfregou o rosto com as duas mãos. — Contei desde o início, da demora dos seus exames até a cirurgia de emergência de Heloísa, não tive medo nenhum em dizer que você vai processa-los, com razão, obviamente. — Gesticulava explicando da melhor forma que conseguia. — Sabe o que eles me pediram, Aurora? — Seu olhar encontrou o da melhor amiga. — Para que eu tentasse te convencer de desistir disso, porque já passou e agora Heloísa está se recuperando da cirurgia, que não é necessário um processo, que era pra eu fazer a sua cabeça, e o pior de tudo, para que eu sumisse com as provas de que isso realmente aconteceu já que eu quem estou com os documentos, eles me aumentariam o meu salário. — Mordeu o lábio inferior pensativa. — Eu respondi que o certo era pelo certo e que eu iria depor ao seu favor, afinal são fatos, tudo o que eu relatei aconteceu, nós temos uma paciente que foi submetida a uma cirurgia de emergência por causa do atraso e confusão de exames... Foi o que aconteceu e ponto final. — Massageou a têmpora. — A resposta que eu ouvi foi "Ouse apoiá-la nisso, deponha a favor dela e você fica sem emprego e sem uma carreira". Eles vão me demitir, Aurora.
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Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)
Romance• Livro 3 da saga "Para Nos Eternizar". • Aurora é uma cozinheira nata que anda enfrentando uma fase de estresse extremo, pois o seu querido restaurante está quase declarando falência. Devido a uma sugestão da sua ex-mulher, ela decide tirar um temp...