Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)

Novos progeessos.

Aviso de conteúdo sensível.

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A recuperação de Heloísa foi extremamente complicada, o pós operatório era delicado demais como todos falavam,mas ela foi uma menina obediente.

Recebeu alta do hospital três dias após a cirurgia, dormia em uma cama especial inclinada, Valentina a acompanhava para trocar os curativos do grande corte em sua cabeça, assim como para fazê-la andar um pouco e seguir em sua fisioterapia, apertar bolinhas, mexer os braços para que seus músculos não começassem a atrofiar.

Ela não podia levantar toda hora, muito menos sozinha, tinha a ajuda das mães que precisavam apoiar a cabeça dela sempre, também utilizava fraldas geriátricas, o que foi um processo de adaptação terrível porque ela chorava dizendo que não queria usá-las, afinal é difícil se tornar depende de outras pessoas assim de uma hora para a outra a ponto de não poder ir ao banheiro sem ajuda... Era alimentada na boca e por causa da sua mãe cozinheira estava sempre satisfeita, tinha a hora de tomar sol, hora de tomar banho, andava de cadeira de rodas quando estava melhor para não ficar o tempo inteiro no quarto, até as visitas do menino Cauã foram permitidas, brincavam de massinha e bonecos, mesmo sem se comunicar verbalmente, se entendiam.

As sessões de quimioterapia começaram, os pequenos cabelos de Heloísa consequentemente caíram, suas sobrancelhas que já eram ralas também, isso fazia com que ela não se olhasse mais no espelho porque tinha medo da cicatriz em sua cabeça, inclusive foi terrível na primeira vez em que se viu dessa forma, se desesperou e entrou em uma crise tão grande que para fazê-la parar de chorar foi difícil. Ela também só emagrecia, perdeu todo o peso que havia ganhado, não tinha mais apetite, estava sempre cansada, não tinha forças para levantar da cama, era carregada no colo e sempre estava dormindo ou vomitando... O remédio era extremamente danoso, todo mundo sabia disso e aguentava esse tipo de tratamento quem era realmente muito forte, Heloísa estava se mostrando assim e a cada dia que passava era uma grande vitória.

As instabilidades de humor só cresciam, havia ficado tão sensível que precisava de atenção o tempo inteiro, estava sendo uma rotina pesada para Carol e Aurora... Realmente um casal que não quer mais ficar junto não aguentaria passar por isso, se desdobravam em milhões, a morena sem emprego, a ruiva com o estresse de um dia cheio, estava sendo complicado.

Mônica esperou um dia bom para falar com a nora, acompanhava o estado de Heloísa todos os dias e ao ver que a menina estava feliz, decidiu então chamar Aurora para conversar sobre um assunto determinado.

— Eu sei que sua vida está corrida durante esse tempo, Aurora. — Sentou-se à mesa com o notebook entre as mãos. — Mas é que eu preciso conversar com você sobre isso logo e deixar tudo resolvido. — Informou colocando os óculos.

— Eu meio que fiquei com medo agora. — A moça franziu o cenho observando o rosto sério da sogra que logo se transformou em um sorriso. — Pode dizer...

— Eu estava te observando... — Mônica iniciou.

— Valha-me Deus. — A morena colocou a mão no peito fazendo a mais velha gargalhar.

— Cozinhando, relaxe... Ou tá com rabo preso? Tá fazendo coisa errada, dona Aurora? — Ela brincou com a nora que riu.

— Eu juro que o achocolatado que tá acabando mais rápido é pra fazer o leite quente da Heloísa... Não porque eu tô comendo de madrugada. — Se entregou entrando na brincadeira enquanto gargalhava com a sogra.

— Brincadeiras a parte. — Mônica falou. — O que eu estava querendo dizer é que me encantei por você, Aurora. — Foi sincera. — Todas as vezes que a ouvi falar sobre a sua profissão, antes mesmo de conhecê-la por completo, lá naquele avião você me contou sua situação, fiquei fascinada... Quando a vi exercê-la isso só piorou. — Justificou abertamente fazendo a moça sorrir. — A forma em que você sabe que é ótima no que faz e mostra ser, corta as coisas enquanto conversa, dá ordem, explica sobre os processos, se preocupa com quem está comendo, fica aberta a novas opiniões, gosto disso... Gosto da sua segurança extrema. — Cruzou as pernas. — Gosto da sua vibe enquanto trabalha, você tem cuidado com os seus ingredientes, você mostra que aquilo é legal, mostra que é divertido. Então, diante disso eu quero lhe fazer uma proposta. — Avisou e a morena já se colocou atenta. — Quero te contratar como chefe do meu novo restaurante. — Disse simples e direta.