Minha garota.

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Aviso de conteúdo sensível.

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— Alguns avisos a fazer. — Valentina disse vestida no mesmo macacão da noite passada.

— Calma, quando você larga esse turno? — Aurora questionou preocupada, a médica estava em absolutamente todos os lugares e se desdobrando em inúmeras para conseguir tudo.

Mandava mensagem para a morena cobrando que ela comesse na hora certa, estava checando Heloísa quando dava, resolvia a papelada com o outro hospital e ainda havia o caso do paciente que tinha aceitado, ela estava acompanhando os quadros dele também.

— Valentina, você deve estar exausta. — A morena agora parecia mais ela mesma, preocupada com os outros. A noite de sono tinha sido um pouco confusa, acordava toda hora procurando a filha, mas descobrir que a menina estava reagindo bem e querendo acordar lhe deu uma calmaria melhor, conseguiu comer melhor, tomar um banho com calma e acalmar a noiva também, que ainda chorava. — Você tá comendo? Conseguiu tirar pelo menos um cochilo? — Questionou.

— Passei a noite lendo relatórios dos quadros dela, seus exames do início ao fim, fiquei sentada ao lado de Helô quase a noite toda. Mas não se preocupe comigo, é o meu trabalho, já já eu largo. — A médica se explicou.

— E ai você vai dormir, não é? — Carolina questionou.

— Quando der. — Respondeu simples e logo mudou de assunto para que elas não insistissem, visto que havia muita burocracia pra resolver ainda, não iria dormir tão cedo. — Então... Nada de estar expondo Heloísa a grandes emoções, por favor falem em uma voz suave, nada de vídeo, fotos ou lanternas no rosto dela. Ela ainda está com a região da cabeça e face inchados, foi uma cirurgia muito delicada então não se assustem com os hematomas, são normais. Nada de abraçá-la ou cutucá-la ou fazê-la se mover, rir demais e coisas assim, Helô precisa ficar quieta, falem o básico, conversem sobre o básico. Higienizem bem as mãos antes de tocarem nela, o raciocínio dela ainda está devagar por causa dos medicamentos então a fala vai estar lenta, a língua vai embolar, é perfeitamente normal. — Abriu a porta da sala onde a menina estava e os sons das máquinas que avisavam os batimentos cardíacos já ficaram audiveis. — Aproveitem que ela tá acordada, a doutora Úrsula tá aí avaliando-a agora. — Colocou álcool em gel nas mãos das mulheres. — Agora é permitido que as duas fiquem no quarto porque está em horário de visita, porém já vão se decidindo, ela vai precisar de um acompanhante e vocês vão precisar ir revezando... Duda, Juliana e Mônica também se colocaram dispostas a ajudar vocês para que a carga não fique pesada demais, sabemos que é bastante cansativo toda essa rotina. — Explicou. — Digam a ela que a tia Valentina mandou um beijo. — Pediu permitindo a entrada das mulheres.

— Bom dia. — A voz da doutora Úrsula apareceu. — Como estão? Bem? — Questionou puxando assunto, estava de bom humor.

— Apreensivas ainda. — Carol respondeu baixinho. — Por causa dela, a ansiedade de vê-la é muito grande. — Explicou.

— Imagino. — A mulher assentiu com a cabeça. — Já estou terminando aqui e deixo vocês se aproximarem. — Explicou.

Estavam sendo separadas, a maca de Heloísa estava atrás de uma cortina justamente para não deixá-la exposta para quem entrava, seu estado era delicado demais e tudo o que não precisava era de olhares penosos ou assustados. O hospital estava dando a privacidade devida a menina.

— Vamos as atualizações. — Úrsula avisou. — Coordenação motora está ótima, respondendo a todos os estímulos, sente dor, cócegas, gelado e quente... É um ótimo começo, certo? — Perguntou imergindo as mulheres no que ela falava.

— Certo. — Aurora respondeu.

— Em relação a dores é normal que sinta um pouco, nada de esforços demais, Heloísa não irá precisar se levantar para nada. Os sinais vitais seguem estáveis e ela tem evoluído muito bem. — Justificou. — Agora vamos aos testes, vou fazer perguntas e gostaria que vocês duas confirmassem caso ela acerte... Visto que estamos em um processo mais difícil agora e ela não pode ficar forçando muito a mente, normalmente nos questionários a gente pergunta o nome dos pais, idade, contas simples de adição e subtração, mas como o caso de Heloísa é diferente por ser analfabeta, não ser apegada aos próprios documentos e estar passando pelo processo de adoção agora, é um pouco mais confuso para que ela responda as minhas perguntas.

Bilhetes para Aurora - Lésbico. (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora